'Alerta Vermelho': Tiroteio na Engenhoca indica início do plano do 'CV' para monopolizar tráfico em Niterói (vídeo)
Após expulsar 'TCP' do Complexo da Alma, em SG, alto escalão de facção 'mira' em expansão para Zona Norte de cidade vizinha. Conselho da facção teria autorizado formação de 'consórcio' para invasões

O 'alerta vermelho' está ligado. A polícia investiga a existência de um suposto plano do Comando Vermelho (CV) para expandir o domínio da facção em seis comunidades controladas pelo Terceiro Comando Puro (TCP) na Zona Norte de Niterói. 'De olho no faturamento' os traficantes de comunidades ligadas ao CV na região teriam recebido autorização dos membros do 'conselho' da facção, composto pelos mais antigos, que estão encarcerados em presídios.
O plano de expansão, segundo investigações realizadas pela polícia, começou a partir da tentativa de invasão a Travessa 4, na Engenhoca, na última segunda-feira (26). Essa comunidade é vizinha à Favela Nova Brasília, considerado um dos principais redutos do CV na Zona Norte, e estão compreendida em uma região que tem outros redutos controlados pelo TCP: a Coronel Leôncio, Coréia (Engenhoca), Santo Cristo e Pimba (Fonseca) e Palmeirinha (Riodades).
Os criminosos do Comando Vermelho, com apoio de homens de outras comunidades da região, como o Morro do Castro, em Tenente Jardim - na divisa entre Niterói e SG - do Complexo do Caramujo, do Bumba, no Cubango, e Vila Ipiranga, no Fonseca, e Santa Rosa, já estariam se organizando para invadir todos os redutos do TCP na Zona Norte da cidade, cumprindo o mesmo roteiro que foi organizado em SG, quando um grupo de traficantes liderados por Antônio Ilário Ferreira, o Rabicó, do Complexo do Salgueiro, no final de novembro.
Os traficantes de SG, iniciaram o plano de retomada do Complexo da Alma e do Jóquei, compreendidos entre as favelas situadas entre os bairros da Amendoeira, Coelho, Colubandê e o Jóquei, e conseguiram, no mês passado, expulsar dos locais os grupos comandados pelos traficantes André Luís dos Santos Affonso, o Pai, e seu colaborador, Douglas Vieira da Silva, o Pochete, do Terceiro Comando Puro.
Para conseguir a ocupação das comunidades do Complexo da Alma e do Jóquei, o 'alto escalão' do CV enviou ao local traficantes do Salgueiro e Jardim Catarina, redutos de Rabicó, que receberam apoio do criminosos do Anaia, Tribobó e Rio do Ouro. A ocupação teve apoio de antigas lideranças da região ocupada, da facção Amigos dos Amigos (ADA) que estão no sistema penitenciário e deram 'ordens' para que os aliados deixassem o TCP e se unissem ao CV na nova empreitada.
O 'consórcio', segundo informações da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) da Polícia Civil do Rio e da Polícia Federal, envolve até o envio de drogas do Nordeste para SG, por parte da ala do Comando Vermelho daquela região que se autodenomina como Bonde do Lampião. Alguns homens dessa região se instalaram no Salgueiro para ajudar no plano de monopolizar o tráfico em SG.
Consolidado a expulsão do TCP em SG, a meta seria agora fazer o mesmo em comunidades de Niterói, principalmente por causa do prejuízo provocado pelo plano de ocupação permanente deflagrado pela Polícia Militar no ano passado, nas comunidades de Santa Rosa Largo da Batalha e São Francisco. O traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o 'Marcinho VP, apontado pela polícia como a maior liderança do Comando Vermelho, teria apoiado o plano de expansão, para evitar, também, a ameaça de milícias que atuam na capital tentarem se expandir para o interior.
Luiz Cláudio Gomes, o Pão com Ovo, da comunidade Nova Brasília, mesmo encarcerado, seria um dos pivôs do plano de ocupação, que teria também objetivo de 'blindar' a comunidade da Vila Ipiranga, no Fonseca, e situada entre as outras comunidades da Engenhoca e das regiões vizinhas que estão sob o comando do Terceiro Comando Puro.
A invasão à Travessa 4, na Engenhoca, durou apenas alguns minutos e não se consumou. Não houve entrada de baleados em hospitais da região. Policiais da 78ª (Fonseca) e do 12ºBPM (Niterói), monitoram a situação, já que outros conflitos entre o CV e o TCP têm se intensificado, principalmente na região da capital do Estado, o Rio de Janeiro. Para tentar dar uma 'demonstração de força', os traficantes do CV tem utilizado as redes sociais para difundir a ideologia do monopólio de territórios, por parte da facção, no território fluminense.