Filho adotivo de Flordelis afirma que deputada pediu para ele assumir autoria do crime

O filho adotivo da deputada federal Flordelis (PSD), Lucas Cézar dos Santos de Souza, contou ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, durante depoimento realizado nesta segunda-feira (17), que a mãe ordenou que ele assumisse a autoria do assassinato do pastor Anderson do Carmo, morto em 2019 na porta de casa. 

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) acusa Flordelis de ser a mandante do crime. Ela também responde a um processo no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar por conta do envolvimento na morte do marido. No entanto, ela nega todas as acusações.

Lucas prestou o depoimento por vídeoconferência. Atualmente ele está preso acusado de ter comprado a arma do crime, encontrada na casa da deputada. À Comissão de Ética, ele afirmou também que não tinha como a pastora não ter conhecimento do crime.

“Eu cheguei no presídio um dia depois do Flávio. Ele falou para mim, na cadeia onde a gente estava na mesma cela, que tinha um cara dentro da cadeia que a mulher conhecia minha mãe e que ia ajudar a gente lá dentro. Ela mandava carta com frequência para mim. Em uma delas, ela mandou eu assumir a autoria do crime”, declarou Lucas

O filho adotivo da pastora disse que quem repassou a ele o dinheiro para a compra da arma do crime foi Flávio dos Santos, outro filho da deputada. A arma utilizada no crime teria custado R$ 8,5 mil.

“Ele [Flávio] falou que estavam ameaçando ele, queria comprar para poder se defender”, disse Lucas. Flávio, no entanto, não tinha condições financeiras, segundo Lucas, e o dinheiro possivelmente seria de Flordelis.

Questionado pelos deputados na comissão sobre a responsabilidade do crime, Lucas disse que recebeu uma carta de Flordelis onde ela pediu que ele dissesse às autoridades que era o responsável pela morte de Anderson.

De acordo com ele, as cartas teriam sido repassadas por Marcos Siqueira, um outro detento, cuja esposa, Andrea Santos Maia, seria uma conhecida pessoal da deputada. Andrea atualmente está presa e é acusada de fraudar a carta em que Lucas confessou a morte do pastor.

“Uma dessas cartas ela mandou pedindo para eu assumir a autoria do crime, senão podia atrapalhar ela, falou que iam prender ela, que ela não ia me abandonar, ia me dar toda a assistência”, disse.