'Golpe de Estado' facilitou retomada do 'CV' no Complexo da Alma, em SG

A suposta retomada das comunidades que compõem os Complexos da Alma e do Jóquei, entre os bairros Almerinda, Coelho e do Jóquei, em São Gonçalo', por parte de traficantes do Comando Vermelho (CV) completou dez dias nessa quinta-feira (25). Os setores de inteligência da polícia do Estado do Rio, além de realizarem investigações para identificar e prender os criminosos envolvidos na disputa dessa facção com o Terceiro Comando Puro (TCP), monitoram novos movimentos das quadrilhas e até uma suposta expansão do que aconteceu em SG para comunidades da Zona Norte de Niterói.  

Desde o fim de novembro, o Comando Vermelho estava tentando expulsar os rivais do Terceiro Comando Puro das comunidades da Vila Candoza, no jóquei, da Dita, Tronco e 590, no Coelho, e na Alma, no bairro Almerinda. A disputa, que já teria deixado um saldo de pelo menos 10 criminosos mortos, foi interrompida nos dois primeiros meses do ano, a partir de operações da Polícia Militar, mas acabou sendo retomada na semana passada.

Dessa vez, o que teria facilitado a entrada do CV foi o 'pulo' coletivo de quatro apoiadores dos traficantes André Luiz dos Santos Affonso, o Pai, seu 'braço-direito, Douglas Vieira da Silva, o Pochete, e 'Chapolin', para dar apoio ao grupo do CV.  Esse grupo, liderado por um traficante identificado como LO, ligado à facção Amigo dos Amigos (ADA),  teria recebido ordens de lideranças mais antigas, encarceradas em presídios, para se juntar aos 'vermelhos' e dar apoio à manutenção nas 'bocas-de-fumo' nessas comunidades em SG. 

Os grandes mentores da ocupação dos Complexos da Alma e do Jóquei, e o consequente monopólio do tráfico em SG são grupos de traficantes liderados por Antônio Ilário Ferreira, o Rabicó, apontado como o 'chefão' do Complexo do Salgueiro, da Trindade e do Jardim Catarina, com apoio de grupos do Anaia, Rio do Ouro, e até de outros estados do Nordeste,  através do Bonde do Lampião.     

Com o 'racha', Pai, Pochete e Chapolin, sem 'soldados suficientes para tentar a retomada, teriam se refugiado em comunidades do Complexo da Maré, no Rio, sob proteção do Thiago Folly, o TH, que seria atualmente, a maior liderança do TCP no Estado, com domínio em doze comunidades daquela região na capital. Foi TH, segundo a polícia, quem deu guarita a Thomas Jayson Vieira Gomes, o 3N, logo após ele deixar o comando do Complexo do Salgueiro, em abril de 2019, junto com principais colaboradores e trocar o CV pelo TCP.  

Thomas Jayson acabou morto sete meses depois,  em novembro daquele ano, junto com cinco comparsas, durante uma operação conjunta das polícias civil e militar no bairro do Cabuçu, em Itaboraí. A meta do CV, segundo informações da polícia, seria agora consolidar a ocupação no Complexo da Alma, e também se estruturar para estender à ocupação às comunidades do Santo Cristo, no Fonseca, e da Palmeira e do Pimba, na Riodades, na mesma região da Zona Norte de Niterói, onde há atuação de traficantes do TCP.