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'Até quando?', lamenta tia de frentista morto por bala perdida em Tribobó

Sepultamento do corpo do jovem será nesta segunda (1º) no Parque Nictheroy

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 01 de março de 2021 - 12:18
Imagem ilustrativa da imagem 'Até quando?', lamenta tia de frentista morto por bala perdida em Tribobó

"Acho que levei um tiro. Levei um tiro!". Essa foram as últimas palavras do frentista Arilson Santiago Pinto, de 21 anos, que morreu na manhã deste domingo (28), após ser baleado durante um confronto entre PMs e traficantes, em Tribobó, São Gonçalo. O jovem, que deixou a esposa grávida, de cinco meses, será sepultado na tarde desta segunda-feira (01), no Cemitério Parque Nictheroy, no Laranjal, em São Gonçalo. 

Arilson estava saindo para trabalhar, de carona no carro do patrão, quando foi atingido por um tiro, que acertou na região do glúteo e parou na virilha. Ele chegou a ser socorrido e entrou em cirurgia, no Hospital Estadual Alberto Torres (Heat),  no Colubandê,  mas não resistiu ao procedimento e morreu na unidade de saúde. 

Um vídeo do momento do confronto foi apreendido pela polícia e será anexado à investigação. Porém, segundo moradores do local, não há dúvida quanto à origem do disparo. 

"A polícia chegou, como sempre atirando, e atingiu mais uma vez um inocente. Até quando vamos enterrar pessoas queridas, vítimas de problemas que não são delas?", questionou uma moradora que, por medo, preferiu não se identificar. 

Já os familiares de Arilson preferiram superar o medo e estão lutando por justiça. 

"Nada que for feito vai trazer meu sobrinho de volta. Um trabalhador. A polícia que é para trazer segurança só traz dor. Até quando vamos ser obrigados a conviver com isso?", pergunta, de forma retórica,  a doméstica Ana Cristina, de 47 anos, tia de Arilson. 

O jovem estava construindo sua primeira casa com a esposa e, juntos, esperavam o primeiro filho. Ele trabalhava no posto de combustíveis há pouco mais de dois meses e ia sempre de carona com o patrão.  

A prima da vítima, a cozinheira Andriele da Silva, de 30 anos, também fez um questionamento às autoridades públicas. 

"Será que não é por isso que os meninos novos entram para o tráfico? Estão errados, eu sei. Mas a polícia chega e faz isso. O exemplo que eles têm é esse. Ver o inocente tentar sair para trabalhar e ser executado. Ele é mais um. Já foram vários. Chega! Tem gente perdendo a vida. Famílias chorando e ninguém faz nada. Até quando essa história vai se repetir?", disse emocionada, segurando o uniforme de trabalho do primo, no Instituto Médico Legal (IML), de Tribobó,  em São Gonçalo, enquanto aguarda o corpo do jovem ser liberado para sepultamento. 

Investigação: Agentes da Divisão de Homicídios de Niterói,  Itaboraí e São Gonçalo assumiram a investigação do caso. Na manhã de hoje policiais militares envolvidos no confronto entregaram suas armas para que a perícia seja realizada. 

Conforme a Polícia Civil, ainda é cedo para afirmar de onde partiu o disparo, e somente após a perícia a questão poderá ser solucionada. 

Manifestação, desespero e tapa na cara

Horas após a morte do jovem, familiares realizaram uma manifestação na RJ-104.  

Segundo a família, apesar da dor da perda, precisaram enfrentar também a fúria da polícia, com  spray de pimenta e até agressão. 

"Minha prima foi falar com um deles e levou um tapa na cara. Um tapa na cara de uma mulher que só estava reclamando a morte do primo. Ela caiu sentava com o tapa. Eu duvido que se a imprensa tivesse lá eles tinham feito isso", desabafou a prima de Arilson. 

Além do tapa, elas contaram que a polícia usou spray de pimenta e efetuou alguns disparos de arma de fogo. 

A manifestação fechou a rodovia e gerou transtorno no trânsito durante a tarde de domingo.

O SÃO GONÇALO aguarda posicionamento da PM sobre o caso.

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