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Maior parte das travestis é presa por furto aos clientes em programas

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 14 de setembro de 2015 - 23:13

Bruna e Lorena foram presas com outras três travestis na Lapa

Foto: Leonardo Ferraz

Por Renata Sena

Confirmando a informação da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Seap), de que a maioria das travestis é presa por furto, as jovens Lorena Marine, de 20 anos, e Bruna Raialla, 24, contaram suas histórias e encerram a série de OSG. Batizadas por Henrique Miranda de Souza (Lorena) e Maxuel Araújo Cardoso (Bruna), a dupla, presa e condenada pelo mesmo crime – latrocínio tentado – divide o dia na cela do Evaristo de Moraes.

Usando o corpo para se sustentar como garotas de programa, as jovens contam como faziam os furtos. “Quando íamos para um quarto com o cliente, muitas vezes ele não sabia que éramos travestis. Quando eles descobriam, alguns não queriam mais. Aí, aproveitávamos para pegar o que dava”, contou Bruna.

Mais discreta, Lorena confirmou algumas táticas. “Muitas vezes, os clientes pagavam mais que o combinado. A gente exigia e, como eles não queriam escândalos, acabavam cedendo”, explicou.

Mas, mesmo sabendo que o que faziam era errado, a dupla tenta justificar. “Às vezes, depois que eles descobriam que éramos travestis, queriam nos agredir. Por isso, pegamos o dinheiro deles”, se defendeu.

Para a psicóloga Ana Paula Uziel, professora e pesquisadora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), a tentativa de justificar o crime não é exclusividade do gênero. “Isso é comum. Em sua grande maioria, quem comete um crime, tenta explicar. No caso delas, especificamente, que usam a rua para o trabalho, essa tentativa de justificativa é maior”, explicou Ana Paula.

Crime – Bruna e Lorena foram presas, com outras três travestis, acusadas de pertencerem a uma quadrilha que furtava homens na Lapa. No caso que foram condenadas por, aproximadamente sete anos, são acusadas de terem cortado um homem durante um furto. Apesar de negarem os furtos na Lapa, as duas afirmam que andavam com objetos cortantes para garantir a segurança.

A defensiva, para Ana Paula, faz parte do gênero. “Feminina sim, virar mulher não! Na maioria dos casos, o pênis não é um problema, é um meio de prazer. Por essa dicotomia, as travestis usam o exagero dos dois lados. O fato de tentar se proteger, pode ser o lado masculino, tanto como o lado feminino em exagero”, explicou.

Apesar de discordarem em diversos pontos sobre o que ainda querem conquistar, em uma coisa elas, são unânimes. Ninguém deseja um presídio, ou uma ala, específica para o gênero. (Renata Sena)

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