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O ‘batidão’ une jovens em São Gonçalo

Grupo forma movimento cultural e social em torno do funk e colhe bons resultados

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 03 de agosto de 2015 - 09:51

Grupo acaba de ganhar uma sede em escola desativada pelo Governo do Estado no Boassu

Foto: Alex Ramos

Por Marcela Freitas

“Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci e poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem seu lugar”... A estrofe da música “Rap da Felicidade” dos Mcs Cidinho e Doca transmite toda a emoção de 15 jovens gonçalenses, que conquistaram recentemente o direito de utilizar o funk como ferramenta de inclusão social e transformação pessoal e artística.

Desde 2001, o movimento cultural Rede Funk Social, criado por Renato, o MC Patrão; Cristiano Tavares, o Cristiano DJ; Reginaldo Andrade; o R MC e Júlio César, o Mr Brother, luta para conquistar um espaço no qual os jovens possam se capacitar e debater os problemas das comunidades em que vivem se utilizando da promoção musical e artística.

A batalha que durou mais de uma década deu lugar à vitória recente com a concessão do governador Luiz Fernando Pezão, que deu aos jovens o direito de utilizar as dependências da escola estadual desativada José Augusto Domingues, no Boassu, como sede do projeto. As instalações darão lugar assim, em breve, ao Centro Cultural Casa do Funk.

Segundo o produtor cultural Renato Souza, de 33 anos, o centro cultural será um espaço de articulação e desenvolvimento cultural para promoção da cultura funk, com intuito de potencializar o ritmo e dar voz aos jovens.

“Este espaço contribuirá social e culturalmente com cada jovem. Nossa ideia e que sejam oferecidos cursos de capacitação artística e cultural. Queremos montar um estúdio profissional e oferecer aulas de canto, produção, percussão e fotografia. Além disso, queremos capacitar os jovens para o mercado de trabalho, com aulas de marcenaria e elétrica para que eles aprendam a construir uma caixa de som, por exemplo”, revelou MC Patrão.

Mas para que a Casa do Funk se torne realidade, o grupo ainda busca parcerias.

“O governador Pezão pediu que os secretários de Cultura e Educação acompanhassem nosso processo de perto. Ele pediu que passássemos todo o andamento do processo para ele. Já entramos em contato também com a Secretaria de Cultura de São Gonçalo e estamos buscando parcerias de instituições privadas. Passamos três meses limpando as dependências da escola, que foi bastante depredada. Nossa ideia é que as primeiras atividades sejam oferecidas em setembro”, contou o produtor cultural.

Segundo Reginaldo Andrade, (R MC), 38, a intenção é que o novo espaço possa ajudar a reduzir o preconceito em relação ao funk.

“Há 14 anos, estamos lutando para combater a discriminação contra o funk, apesar de muita coisa já ter mudado desde que o movimento ganhou força no Brasil. Eu mesmo mudei a minha maneira de ver o ritmo com o passar dos anos”, disse Reginaldo.

Apoios institucionais - A Secretaria Municipal de Turismo e Cultura informou, em nota, que “já foram realizadas três reuniões com o grupo e nos disponibilizamos a buscar parceiros que auxiliem na aquisição de equipamentos para o espaço”. O setor jurídico da pasta, disse ainda o órgão, também está auxiliando o grupo no que for preciso.

A Secretaria Estadual de Cultural também revelou, em nota, que está “apoiando o movimento cultural na empreitada de transformar o espaço conquistado em um polo da cultura funk em São Gonçalo”.

Iniciativa existe há 14 anos

O movimento cultural Rede Funk Social surgiu em 2001. No inicio, os jovens promoviam dois bailes anuais com o intuito de arrecadar alimentos e doá-los para famílias carentes das comunidades onde viviam. Com o passar dos anos, os jovens perceberam que poderiam fazer mais, e assim foi feito. Em 2004, eles chegaram a ocupar as dependências de uma escola onde eram realizadas reuniões e debates sobre o ritmo. Lá também eram oferecidas oficinas de músicas e artes.

Algum tempo depois, os jovens deixaram a escola e passaram a trabalhar de maneira itinerante nas comunidades, com reuniões nas casas dos envolvidos nos projetos e também dos alunos. Em 14 anos, mais de 2 mil jovens participaram dos projetos, sendo 300 deles diretamente. Em março deste ano, após reunião com o governador Luiz Fernando Pezão, durante o programa itinerante “Fale com a gente” realizado em São Gonçalo, os jovens conseguiram que o governador cedesse o espaço para a realização do projeto cultural.

Premiação – Em abril do ano passado, a Secretaria Estadual de Cultura premiou através, do Festival “Lorenzo Zanetti”, as relíquias do funk, criadas pelo Movimento Cultural Rede Funk Social. Os jovens receberam prêmios no valor de R$20 mil.

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