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Igreja Universal de Cabo Frio recebeu mais de R$72 milhões em 'doações' de suspeito de 'pirâmide' financeira

Empresário foi preso na última quarta-feira (25)

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 30 de agosto de 2021 - 17:45
Igreja antecipou provas para evitar possíveis conflitos
Igreja antecipou provas para evitar possíveis conflitos -

A Igreja Universal do Reino de Deus de Cabo Frio apresentou uma ação judicial de produção antecipada de provas após a prisão do empresário Gladson Acácio dos Santos, dono da GAS Consultoria Bitcoin, preso na última quarta-feira (25). De acordo com o documento, nos últimos 14 meses, o milionário teria 'doado' mais de R$72 milhões à congregação. As informações são do jornal O Dia.

Glaidson era membro da igreja situada em Cabo Frio, na Região dos Lagos, conforme a ação. Assim como todos os demais fieis, ele também contribuia com a instituição. De acordo com a Universal, a partir de maio de 2020, houve um "expressivo aumento no volume de doações recebidas no templo de Cabo Frio, materializadas por meio de transferências bancárias realizadas por Glaidson e, também, pela empresa por ele controlada", a GAS Consultoria.

"Em razão do exorbitante valor, que foge totalmente ao padrão de doações dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, o bispo Jadson Santos, líder da Igreja Universal do Reino de Deus no estado do Rio de Janeiro, procurou Glaidson, cobrando informações, na tentativa de entender a real motivação de tal modo de proceder", afirma uma parte da ação. 

O documento também mostra que as transações efetuadas nos últimos 14 meses somam mais de R$72 milhões e diz que, nos últimos meses, sem apresentar explicações, o empresário se desligou da igreja e deixou de frequentar os cultos. A partir deste momento, a Universal disse que passou a buscar informações sobre a GAS e descobriu que a sede da empresa é no mesmo endereço da NS Psicologia, controlada pelo ex-pastor Nei Carlos dos Santos, que é investigado em um inquérito policial que tramita pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil de Brasília.

Em um trecho da ação, a Universal afirma que "embora tenha recebido referidas doações de absoluta boa-fé, com a devida contabilização da entrada dos recursos financeiros", teme acabar sendo envolvida "em crimes que não praticou, pelo simples fato de ter recebido as doações".

As doações do empresário à igreja podem ser consideradas pelas autoridades indícios de prática de crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, tendo em vista o caráter atípico dos negócios. Além disso, as doações foram de altas quantias, mediante transferência bancária ou cartão de crédito, de forma fragmentada, sem comunicação prévia, incompatível com o padrão de doações realizadas à instituição religiosa e às atividades desenvolvidas pelos doadores.

Na ação, a igreja também afirmou não ter conhecimento sobre a origem dos valores doados por Glaidson e pela GAS e que não possui informações exatas sobre a legalidade das atividades exercidas pelo empresário.

"Sem os documentos e informações que se encontram em posse dos Réus, restará a Universal impossibilitada de prestar esses esclarecimentos, podendo ser investigada e até sancionada, a partir da injusta vinculação a práticas duvidosas, com as quais não tem nenhuma relação, envolvimento, ou sequer conhecimento", diz o documento, que pede, em tutela de urgência, para que Glaidson apresente os comprovantes das transferências e depósitos realizados entre maio de 2020 e julho de 2021, demonstrando a origem lícita dos valores doados.

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