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A lição da natureza

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 29 de julho de 2017 - 20:14

Se olharmos com atenção para a natureza e observarmos como ela se comporta,com certeza aprenderemos muito. Ela está repleta de lições que, se buscarmos nelas inspiração para a nossa vida diária, teremos um enorme ganho de crescimento e de sabedoria.

Observe que tudo nela é ondulado. Os rios serpenteiam, as montanhas se elevam arredondadas, inclusive nos seus picos mais proeminentes.

Diante das dificuldades há sempre a busca de uma saída inteligente para a sua preservação.

Dentre tantos exemplos, podemos lembrar o dos pequenos peixes que buscam a água rasa e locais estreitos para sobreviver aos ataques de seus predadores maiores, locais onde eles não entram.

Conforme crescem, mudam para águas mais profundas. Isto nos ensina que o crescimento exige tempo de maturação, que não é dominar algo de imediato e, sim, progredir, lenta, mas ativamente. Afinal, é sempre da natureza a última palavra.

Abrir trilhas na mata é bem mais difícil do que percorrer um caminho já pronto. É também mais original já que, quando se abrem trilhas novas, o que surge é o desconhecido, e com isto, um novo conhecimento.

Mas o comum é temer e desconfiar do que nunca se viu, escutou, leu ou experimentou.

As escolhas, então, quase sempre recaem sobre o que já é íntimo, o que já se pode dominar.

Cada pequeno passo que se dá na vida provém da natureza: a energia, a matéria, o molho de tomate, os bolos de aniversário, as portas da casa, as valsas de Strauss, o líquido que mata a sede e toda a imensidão de coisas que, se fôssemos listar, não chegaríamos ao fim.

O psicanalista, educador e escritor Rubem Alves, observando a natureza, criou uma história que é uma verdadeira “pérola” de aprendizado para quem tem ouvidos de ouvir. Conta ele que havia no fundo do mar, muitas ostras felizes e uma, muito triste, pelo fato de um grão de areia estar lhe causando muita dor.

Para livrar-se de tamanha aflição, a ostra entendeu que bastava envolver o grão numa substância lisa e redonda. E conta que Assim, enquanto cantava seu canto triste, o seu corpo fazia o trabalho – por causa da dor que o grão de areia lhe causava.

E enquanto cantava sua tristeza, ia criando a sua proteção. Um dia, passou por ali um pescador com o seu barco. Lançou a rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada.

Numa noite, enquanto ele e a mulher saboreavam aquela iguaria no jantar, o pescador mordeu algo duro. Ao olhar o que era, se viu diante de uma pérola. O livro que tem esta história e outras mais se intitula - “Ostra feliz não faz pérola”-, e merece ser lido, não só pela linguagem poética de seu autor, como pela riqueza de princípios que ele contém.

Ela nos ensina, metaforicamente, que são as frustrações que temos na vida que nos ajudam a produzir as nossas pérolas internas, a nossa beleza, a nossa riqueza como pessoa. E o que é a pérola, afinal? A pérola é a defesa do organismo que prende o invasor que o faz sofrer.

O resultado? Crescemos por dentro e por fora. Ficamos mais seguros, mais iluminados, mais confiantes. É nas adversidades que temos a oportunidade de buscar o nosso aperfeiçoamento e gerar a nossa pérola.

E o que dizer das borboletas que, para brotarem de seu casulo, passam por longas e silenciosas metamorfoses. São mudanças sobre mudanças assim como acontece com nossa vida. É ainda Rubem Alves quem diz que A vida tem a sua própria sabedoria.

Quem tenta ajudar uma borboleta a sair do casulo a mata. Quem tenta ajudar o broto a sair da semente o destrói. Há certas coisas que têm que acontecer de dentro para fora.

É o que acontece quando tiramos da criança o seu tempo de criançar e ficamos oferecendo aprendizados que não estão ainda no seu domínio, apenas para ter o orgulho cego de dizer “que ela sabe”.

O escritor Victor Hugo já dizia lá pelo século XIX: “É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve”. Portanto, não só observar como seguir muitos de seus princípios é uma forma sábia de viver e viver bem.

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