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"A igreja é mulher"

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 12 de março de 2017 - 13:00

A história tem, como uma de suas facetas, pesquisar sobre a ação dos seres humanos no tempo que, com certeza, sofre mudanças, e muitas. Mesmo a maneira de se escrever a própria história foi se modificando através das eras. Até o final do século XIX, prevalecia, no estudo da história da humanidade, a busca de documentos sobre as grandes personalidades e sobre os grandes feitos políticos e militares. Esta forma de se estudar a História relegou à sombra a história de uma série de núcleos sociais que mereciam ser vistos mais detalhadamente, inclusive A das mulheres. Atenho-me às mulheres, para retomar a simbólica data de 08 de março, Dia Internacional da Mulher, vivido nesta última quarta-feira, com intensidade em quase todo o mundo.

No final do século XX, o viés de se pesquisar sobre a história sofreu grandes transformações, quando os olhares dos historiadores passaram a direcionar-se a grupos sociais e a determinados temas que, até aquele momento, estavam à margem dos estudos históricos: mulheres, velhos, camponeses, operários, escravos, dentre outros tantos. Sem nos deter em tempos anteriores, o olhar masculino na Grécia antiga, concebia a mulher como objeto, como criaturas irracionais, sem pensar próprio, que, por isso, deveria viver sob o domínio dos homens. É possível perceber isto no pensamento filosófico de Platão e Aristóteles que, através do discurso masculino sobre o corpo feminino, arquitetaram mitos que revelavam a  fragilidade feminina.

A recorrência de tais discursos foi de grande influência na construção de normas de conduta que abonavam o patamar de inferioridade que se destinou ao sexo feminino. Daí a desigualdade homem/mulher tornar-se universal, instalado e reinstalado numa trama de significações determinadas pelos discursos da filosofia, da religião, da educação, do direito, perpetuando-se através da história. Os papéis atribuídos à mulher de mãe e esposa contribuíram, sobremaneira, para a definição da identidade feminina, limitando-a ao espaço privado. No entanto, nada melhor do que o tempo e a determinação para fazer com que as coisas mudassem. E assim foi. 

Aqui no Brasil, até 1827 as mulheres não podiam sequer se matricular em instituições de ensino. Tiveram de esperar mais meio século para ter acesso à faculdade. Imagine que só em 1887 o país formaria sua primeira médica. As mulheres que tiveram a coragem de dar esse passo rumo à sua autonomia pessoal e profissional foram socialmente segregadas. A primeira feminista brasileira de que se tem notícia foi a potiguar Nísia Floresta (1809-1885). Ela se destacou como educadora, criando e dirigindo diversas escolas femininas no país. Considerava a educação o primeiro passo para a emancipação da mulher, por isso lutou pela educação das mulheres, criando, em 1838 uma escola para elas. Enquanto o currículo das outras escolas para mulheres continha basicamente o aprendizado de costura e boas maneiras, as de Nísia Floresta ensinava línguas, ciências naturais e sociais, matemática e artes, além de desenvolver métodos pedagógicos inovadores. Esta foi uma das mulheres que abriu os caminhos para o que somos hoje: livres e atuantes, conforme mostramos todos os dias em nossa profissão e também nas manifestações que aconteceram em quase todo o mundo. 

Celebremos as nossas conquistas e as possibilidades de decidir com autonomia nossos caminhos, atitudes que vimos alcançando ao longo dos anos. Mas que elas não nos afastem daquilo que melhor sabemos fazer: a preservação da família, célula que mantém uma sociedade saudável e de pé. Termino minhas reflexões com estas palavras do Papa Francisco:“Eu gostaria de ressaltar que a mulher tem uma sensibilidade particular pelas ‘coisas de Deus’, sobretudo para nos ajudar a compreender a misericórdia, a ternura e o amor que Deus tem por nós. Gosto de pensar também que a Igreja não é ‘o’ Igreja, mas ‘a’ Igreja. A Igreja é mulher, é mãe, e isto é bonito. Deveis pensar e aprofundar isto”.

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