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Voltando das férias

Escrito por Redação | 01 de fevereiro de 2016 - 08:48

O tempo em nossa sociedade se movimenta como uma roda-viva, que gira em torno do um eixo, “o ano”, que muda a cada conjunto de 360 ou 365 dias. Assim, há um período de trabalho que se vence neste tempo, retirados dele, um total de, pelo menos, trinta dias: período de férias. São dias de descanso, necessários tanto para aqueles que trabalham como para aqueles que estudam. É um tempo em que se procura estacionar, na garagem da vida, as atividades que se repetem todos os dias do ano e colocar em ação, algo novo. Assim, limpas as estradas do cansaço, fica-se em condições de recarregar as baterias para um recomeço. E vamos seguindo os passos de Sísifo.

A lenda de Sísifo conta a história de um homem condenado a rolar, diariamente, uma pedra montanha acima, até o topo. Ao chegar lá, o peso e o cansaço, promovidos pela fadiga, fariam a pedra rolar novamente até o chão e, no outro dia, ele deveria começar tudo de novo, para todo e sempre. A condenação a esta tarefa se deu pela prepotência do homem de querer se igualar aos deuses. Parece que é assim que vivemos. No filme Valente, dirigido a crianças, a mãe diz à princesa, sua filha: Lendas são lições. Elas carregam a verdade. E este mito nos dá uma lição de verdade. Todas as manhãs, cada um de nós leva a sua rocha morro acima, do princípio ao fim do dia e, ao chegar no alto da montanha, a rocha despenca e, na manhã seguinte, começamos tudo outra vez,

Diante deste desígnio, o que fazer? Creio que é tentar empurrar a rocha, cada dia, por um caminho distinto da mesma montanha, até a rodearmos toda e começarmos tudo outra vez. Assim, a cada jornada, estaremos vendo e vivendo uma paisagem diferente. Eis uma saída que devemos criar para nós mesmos a fim de transformar o peso da rocha na leveza das nuvens. É isto que fazemos com nossas férias e devemos fazer com nossas vidas. Já vivemos as férias. Agora, é tempo de volta às aulas, é tempo de volta ao trabalho, mais leves, mais cheios do novo, mais inteiros. A casa do saber, que por várias semanas teve silenciados seus corredores, amanhã vai-se encher de passos e vozes. Vai-se renovar e encher-se de vida. As luzes vão acender, os sorrisos passearão pelas salas e os olhares expectantes se encontrarão pelas esquinas da saudade.

Sim, saudade das conversas, dos horários a cumprir, das cores da diversidade que toma conta da escola e dos amigos. Albert Einstein, do alto de sua sabedoria, deixou para nós esta espécie de conselho: Tenha em mente que tudo que você aprende na escola é trabalho de muitas gerações [...] Receba esta herança, honre-a, acrescente a ela e, um dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos. Professores e alunos, amanhã, estarão preenchendo a lacuna de vida que se instalou nos bancos escolares nos justos dias de descanso. Como diz Paulo Freire, Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver. é ‘se amarrar nela’! Ora, é lógico... numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se e ser feliz.

Já que, como Sísifo, temos de fazer rolar a pedra ao alto da montanha, esperar que ela caia e começar tudo outra vez, a cada dia, é interessante fazê-lo com bom humor, alegria, compromisso, competência, buscando o bem estar nosso e de cada outro. Afinal Mahatma Gandhi tinha razão ao dizer: Aprenda como se você fosse viver para sempre. Viva como se você fosse morrer amanhã. Feliz volta às aulas com um sorriso no rosto e uma canção no coração.

A professora Marlene Salgado de Oliveira é mestre em Educação pela UFF, doutoranda em Educação pela UNED (Espanha) e membro de diversas organizações nacionais e internacionais.

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