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Deputada federal Talíria Petrone pede ajuda à ONU pelas ameaças de morte que vem recebendo

A deputada encaminhou um documento para relatoras da organização

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 30 de setembro de 2020 - 11:37
A deputada contou um pouco sobre o constante terror que vem sofrendo
A deputada contou um pouco sobre o constante terror que vem sofrendo -

Por Ana Carolina Moraes*

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) enviou um documento recorrendo à Organização das Nações Unidas (ONU) para pedir proteção pelas ameaças de morte que vem sofrendo. A deputada, que defende os direitos humanos e luta contra o racismo e a misoginia, está de resguardo após dar a luz a sua filha e, mesmo assim, continua sofrendo com ameaças de morte. Com o documento enviado à ONU, Talíria pretende conseguir a ajuda da instituição para cobrar explicações do governo brasileiro na falta de apoio ao seu caso e de outras militantes políticas que também sofrem ameaças de morte constantemente.

"Mais uma vez, tenho meu papel de deputada eleita restringido por conta de ameaças à minha vida, mesmo afastada e de licença-maternidade. Nossa democracia já tem um papel muito frágil e, com certeza, nesse momento, ela retrocede ainda mais", contou Talíria para o jornal O SÃO GONÇALO.

Talíria, que tem 35 anos, foi eleita deputada federal em 2018. Antes, ela já ocupava cargos na Câmara Municipal de Niterói, onde já recebia ameaças de morte, segundo a mesma. Em 2019, inclusive, foi descoberto um plano contra a vida da parlamentar. Depois disso, Talíria passou a ser acompanhada em todos os ambientes que frequentava em Brasília. No entanto, isso não foi o suficiente. Já que, ainda este ano, ela recebeu mais ameaças por telefone e, inclusive, já houve ligações de ameaças para a deputada na sede do PSOL. Além disso, a parlamentar não sabe como estão as investigações em andamento que buscam identificar quem a ameaça e por qual razão.

"Somos o país que mais mata defensores e defensoras dos direitos humanos no mundo", disse Talíria que, em sua carta para a ONU, também pede que as relatoras exijam respostas sobre quem mandou matar Marielle Franco em 2018, crime que até hoje continua sendo investigado. Marielle e Talíria eram amigas próximas e o assassinado da amiga fez com que Talíria sentisse mais medo ainda das ameaças de morte que recebe. 

Além disso, Talíria também pede que a ONU condene ameaças contra a sua vida e pede explicações sobre o andamento das investigações policiais sobre as ameaças a seu respeito. A deputada também pede que o Estado Brasileiro apresente um plano para proteger as mulheres, em especial, as mulheres negras por sofrerem violência política. 

"Sem dúvida, a violência política é uma expressão do tamanho da fragilidade da democracia brasileira. Uma parlamentar que não pode exercer o seu mandato, que tem que sair do seu estado, que tem que restringir a sua intervenção do seu mandato. É muito grave isso que ocorre no Brasil nesse momento!", afirmou a parlamentar.

A carta de Talíria para a ONU foi submetida no dia 22 de setembro e se dirige à relatora da ONU sobre execuções sumárias, Agnes Callamard. Também receberam o documento E. Tendayi, a relatora sobre racismo da ONU, e Mary Lawlor, a relatora sobre a situação de defensores de direitos humanos da organização. Caso a denúncia de Talíria seja acatada pelas relatoras da ONU, a denúncia poderá virar uma cobrança formal direcionada ao governo do Brasil.

Até o momento, o governo brasileiro não se pronunciou sobre o tema. Ainda na próxima quinta-feira (01), ocorrerá um debate que discutirá o tema racismo e violência policial no Conselho de Direitos Humanos.

* Estagiária sob supervisão de Marcela Freitas 

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