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Comissões da Alerj farão vistoria nas bases da Petrobras

Petroleiros denunciam, em audiência pública, omissão da empresa durante pandemia

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 11 de agosto de 2020 - 22:00
Imagem ilustrativa da imagem Comissões da Alerj farão vistoria nas bases da Petrobras

A Comissão de Trabalho da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) vai realizar vistorias e diligências nas bases da Petrobras e pedir que a companhia cumpra medidas de biosegurança com os seus funcionários. A medida foi anunciada nesta terça-feira (11), durante reunião do colegiado em que sindicatos dos petroleiros afirmam que a empresa estaria omitindo dados sobre número de contaminados pela covid-19. Representantes da categoria também afirmam que a testagem é feita de forma incorreta e que funcionários contaminados continuam trabalhando. A companhia não enviou representante à audiência.

A presidente da Comissão de Trabalho Mônica Francisco reforçou a necessidade do Parlamento Fluminense conhecer a situação desses trabalhadores. “Já enviei requerimentos de informação a Petrobras para saber o número de contaminados e de óbitos na empresa. Também enviei à Secretaria de Estado de Saúde para saber sobre a atuação da empresa neste momento de pandemia”, disse. A parlamentar lamentou a ausência de algum responsável da Petrobras na reunião de hoje. “Foram convidados, mas não compareceram”.

A deputada Enfermeira Rejane (PCdoB), que preside a Comissão da Alerj de Defesa dos Diretos da Mulher, também vai participar das vistorias e constatar as condições sanitárias das mulheres que trabalham na companhia. “A Petrobras tem um apreço muito forte pelos acionistas, pelo lucro, mas não pode colocar isso na frente da vida dos seus funcionários”, destacou.

De acordo com a diretora do Sindicato dos Petroleiros do Ri de Janeiro (Sindipetro-RJ), Natália Russo, a Petrobras está subnotificando os números de contaminados e descumprindo os protocolos de saúde emitidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Estamos tendo que entrar com ação na Justiça para ter acesso aos dados sobre a saúde do trabalhador. Conseguimos uma vitória na Justiça, mas a forma como a empresa manda os dados ainda é deficiente. Seguem não nos dizendo o que acontece e onde acontece”, reclamou.

Natália reiterou que só na área do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, no Comperj, no período de dez dias, cinco pessoas morreram. “Hoje, tem quatro mil trabalhadores dos mais diversos municípios que entram em um ônibus e vão a um local que é uma aglomeração natural. Refeitórios, ferramentas, vestiários e banheiro são compartilhados. O número de pessoas trabalhando precisa ser reduzido. Não é serviço essencial, é uma obra que poderia ser parada. É muito grave que a Petrobras esteja negligenciando a vida dessas pessoas. Contaminados estão voltando a trabalhar depois de passarem apenas sete dias isolados”, disse.

O diretor do Sindpetro Caxias, Alexandre Leite, relatou que a busca pelo número de contaminados e mortos está sendo feita diretamente com os trabalhadores. “Já são quatro perdas por conta da covid-19 e mais de 240 contaminados e a empresa esconde. A empresa está fazendo o jogo do vale tudo para cumprir as metas em detrimento das vidas. O teste PCR que deveria ser utilizado não está sendo”, reclamou.

Coordenador Geral do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, Tezeu Bezerra, disse que a Petrobras vai no mesmo caminho do Governo Federal e não faz testagem em massa. Ele criticou ainda a mudança nas escalas de trabalho. “Trabalhadores tiveram suas escalas alteradas de forma impositiva. Os embarcados que passavam 14 dias agora passam 21 na embarcação. Isso é muito prejudicial e exaustivo. Queremos que volte o regime 14 por 14 para os trabalhadores e que eles tenham todo o cuidado que merecem”, reforçou. Segundo Bezerra, a situação é extrema.

O assessor de saúde do Sindpetro, Ricardo Garcia, afirmou que os números são preocupantes. “Hoje temos a interiorização da doença e a reincidência de alguns casos. A equipe se recusa a colocar as informações necessárias sob a desculpa de se manter a privacidade das pessoas. Temos hoje gestores que não se comunicam e protocolos que não são seguidos. Os problemas de saúde mental já estão aparecendo”, concluiu.

A pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Liliane Reis Teixeira, reforçou a fala de Garcia. “O aumento da jornada de trabalho do pessoal embarcado e em terra, além do cansaço e fadiga, ainda abala a saúde mental desses trabalhadores. A saúde mental será o grande problema da população pós-covid. Isso pode trazer acidentes de trabalho e ambientais”, pontuou. Liliane defendeu ainda ações voltadas para os profissionais terceirizados da Petrobras. “Eles estão a mercê de regras de empresas e muitos as acatam para manter seus empregos”.

O Representante da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado do Rio de Janeiro /SRT-Rj, Eduardo Medeiros disse que tem trabalhado em cima das reclamações que estão chegando. O contato para quem quer denunciar é pelo whatsapp (21) 969284771 ou pelo e-mail: trabalho.rj@mte.gov.br

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