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Fórum reúne empreendedoras que atuam em negócios de impacto social

Ideia surgiu da necessidade de orientar imigrantes, em especial africanos

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 30 de julho de 2020 - 22:30

O Fórum de Desenvolvimento Permanente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) promoveu, nesta quinta-feira (30), a segunda edição da Roda Cooperativa de Mulheres Empreendedoras da Região Metropolitana do Rio de Janeiro/Impacta Mulher. O debate contou com a presença de três mulheres empreendedoras que têm negócios de impactos sociais, que falaram sobre os desafios de empreender em meio à pandemia.


Criada em 2017, a Brassau Migrações é uma organização social que regulariza documentos e oferece apoio na Defesa dos Direitos e Deveres dos Migrantes Internacionais. A ideia surgiu da necessidade de orientar migrantes, em especial vindos de países do continente africano, a se estabelecer e se adaptar no estado do Rio de Janeiro. "No início, nós nos reuníamos com mulheres imigrantes da Guiné-Bissau para dar um apoio mais no sentido familiar. Em 2017 houve a implementação da Lei Federal 13.445/17, que regulamentou a entrada e estada no país e estabeleceu princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante. Nisso, vieram demandas para ajudar essa população e eu senti a necessidade de fazer alguma coisa", contou, durante o debate, a fundadora da Brassau Migrações e consultora em Direito Migratório, Debora Gonzaga.


A falta de representatividade de pessoas LGBTQI+ em ambientes formais de trabalho levou Andréa Brazil a idealizar o projeto Capacitrans Empreendedorismo, ferramenta de inclusão social que capacita profissionalmente pessoas Trans e Travestis do Rio. "O objetivo do Capacitrans RJ é que pessoas Trans e Travestis, além da população LGB, não dependam única e exclusivamente de trabalhos informais nas ruas, nas esquinas, e fujam dos assédios sexuais. A partir daí formamos uma rede de alunos e apoiadores do projeto", destacou Andréa Brazil. 


Outro modelo de negócio social que foi apresentado durante o debate promovido pela Fórum Alerj foi a EfeMais Comunicação, representado pela sua fundadora, a comunicóloga Flávia Domingues. A Efemais Comunicação é uma assessoria que atua atendendo empresas, projetos sociais e Organizações Não-Governamentais (ONGs). "Temos em nosso cerne a preocupação com a diversidade e procuramos ter uma visão de responsabilidade congruente onde a comunicação seja um propulsor de negócios, em que cada vez mais e mais pessoas sejam beneficiadas", ressaltou Domingues. 


O encontro teve a mediação da secretária-geral do Fórum Alerj , Geiza Rocha, que destacou a importância da Lei Estadual 8.571/19, de autoria dos deputados André Ceciliano (PT), Renan Ferreirinha (PSB) e Mônica Francisco (Psol) e que prevê a criação de um Comitê Estadual e Investimentos e Negócios de Impacto Social. "A lei depende de um decreto do Poder Executivo para que esse Comitê Estadual seja criado. O que a Alerj vem fazendo é justamente manter esse diálogo ativo. Mas é importante salientar que a lei é muito importante por definir o que são negócios de impacto e assim permitir que outros projetos, leis e políticas públicas contemplem essas atividades", frisou. 


Negócios de impacto social na pandemia 

Além de falar dos negócios que criaram, também foram abordadas as estratégias que estão incorporando, em meio à pandemia, para garantir a sobrevivência dos projetos. Para a representante da Brassau Migrações, apesar da meio digital facilitar alguns trâmites de documentos e consultorias, adaptar parte do projeto para a internet foi um desafio devido à impossibilidade de se fazer encontros físicos humanizados e também pela falta de inclusão digital por parte de quem depende do projeto. "Os processos de regularização de documentos internacionais feitos no Brasil são eletrônicos, isso de certo modo facilitou nosso trabalho respeitando o isolamento social. Porém os atendimentos presenciais são fundamentais por estarmos lidando com seres humanos. Outro desafio enfrentado foi a dificuldade que muitas pessoas migrantes têm em acesso à internet, isso impediu que muitos tivessem direitos básicos negados, como o Auxílio Emergencial do Governo federal", relatou Débora Gonzaga. 


A pandemia do coronavírus também afetou diretamente o trabalho do Capacitrans, que precisou adaptar suas atividades. "Nós reinventamos nossas aulas e transferimos tudo para o ambiente online, mantendo um grupo de apoio mental e estímulo para que a galera não desistisse. Tivemos o apoio de muitas empresas e de setores sociais, tivemos acesso a cestas básicas, oferecemos o necessário para que nossos/as alunos/as pudessem confeccionar e vender máscaras de proteção a preço social. Também pudemos oferecer,para quem participa do projeto, um apoio financeiro de R$ 400,00, para dar início em algum negócio próprio", afirmou Andréa Brazil.


A baixa de orçamento no início da pandemia também afetou a EfeMais Comunicação, que tinha como atividade de destaque a cobertura de eventos. "A queda de orçamento no início da pandemia foi assustadora, mas logo vimos que as empresas precisavam de planos de comunicação de gestão de crise, e trabalhamos em cima disso. Nós prezamos por produtos digitais que dialoguem com setores da sociedade, sempre destacando a comunicação não-violenta, fundamental nos dias de hoje", defendeu Flávia Domingues. 


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