Comissão de Transportes cobra explicações para mudanças nas linhas das barcas

O presidente da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Dionísio Lins (Progressista), encaminhou requerimento de informações ao secretário de Estado de Transportes, Delmo Manoel Pinho e ao presidente da Agetransp, Murilo Leal, para saber os motivos que levaram a CCR Barcas a alterar rotas e horários das linhas de barcas estaduais. Nesta quarta-feira (8), o parlamentar ainda recebeu moradores da Ilha de Paquetá, que relataram os problemas que as modificações causariam para a população.

"Hoje também comuniquei o problema ao governador e fui recebido pelo chefe da casa civil, André Moura. Ficou definido que o povo não pagará esta conta. Acho que se a empresa não voltar atrás, temos que intervir através do governo. Também podemos criar uma comissão especial para abrir a caixa preta e verificar onde está o erro para analisar se o problema é operacional, administrativo ou de qualquer outra espécie. O parlamento está de prontidão para ouvir a população e vamos tentar agir com o Poder Executivo, caso necessário acionando também o Poder Judiciário", afirmou Dionísio.

Mudança adiada

A CCR Barcas anunciou em dezembro mudanças nos intervalos entre as viagens e no itinerário da linha entra a Praça XV e Paquetá. Com as alterações apresentadas pela empresa, sete viagens da linha passariam de 50 minutos para 1 hora e 50 minutos, com parada obrigatória em Cocotá, na Ilha do Governador, nos horários de pico. Atualmente são feitas 33 viagens diárias nos dois sentidos, sem parada. A mudança também prevê redução de 11 viagens nos fins de semana, de 23 para 12, e de cinco em dias úteis. Na linha entre Rio e Niterói, os intervalos passariam de 10 para 15 minutos entre as embarcações. A alteração estava prevista para entrar em vigor nesta quinta-feira (9), mas foi adiada para o próximo dia 15.

O advogado e morador de Paquetá, José Carlos Alves, reclamou da falta de transparência da empresa. "Foi uma decisão unilateral por parte da CCR, baseada em um processo judicial sem decisão conclusiva. A população ficou sabendo das mudanças através da imprensa ou do site da companhia. Mas os cidadãos não foram ouvidos. Por conta da mobilização e da repercussão na imprensa, a CCR adiou as alterações para o dia 15 de janeiro, mas a justiça ainda precisa se pronunciar", explicou o advogado de 53 anos.

Também morador de Paquetá, Julio César Di Paola é engenheiro e trabalha em Niterói, ou seja, necessita de duas linhas de barcas para chegar ao seu trabalho todo dia. "O aumento da duração da viagem é nos horários de pico da manhã e da tarde/noite, o que vai impactar tanto trabalhadores como estudantes. Os alunos de colégios e universidades, por exemplo, só conseguiriam chegar na Praça XV às 6h50, sendo que muitos estudam em outros bairros da capital e o horário das aulas normalmente começa às 7h", protestou. Segundo ele, a mudança pode afetar o fluxo de turistas que visitam a ilha. "Aos finais de semana, depois do almoço, a empresa só disponibilizaria três horários - 14h30, 18h30 e 23h30. Os espaços entre essas viagens é muito grande, sendo que lotaria a barca de 18h30 pois nenhum turista chegaria na Praça XV depois de meia noite, quando quase não há mais transporte para se locomover na cidade", afirmou.