Sérgio Côrtes afirma que seus sucessores na secretaria de Saúde também receberam propina
Ele também afirmou que houve fraude nas licitações do Corpo de Bombeiros
Sérgio Côrtes, ex-secretário estadual de Saúde do estado do Rio de Janeiro, durante a gestão do governador Sérgio Cabral, confirmou que recebeu propina de empresas e que os seus sucessores no cargo fizeram o mesmo. O intuito, segundo Côrtes, era juntar dinheiro para lançar campanha a deputado federal, o que acabou não acontecendo.
"Os secretários que me sucederam fizeram a mesma coisa que eu: recolhiam um caixa de campanha, que nada mais era do que propina", disse. Côrtes prestou depoimento à Justiça Federal nesta quarta-feira (22) sobre investigação da operação Lava Jato que apura desvios na Saúde de R$ 300 milhões, entre 2006 e 2017. A ação é um desdobramento da Operação Fatura Exposta. Questionado pelo juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal, sobre os nomes dos sucessores que cometeram o crime, Côrtes afirmou: "Felipe Peixoto e Luiz Antônio de Souza Teixeira Júnior".
No depoimento, Sérgio Côrtes também afirmou que licitações do Corpo de Bombeiros foram fraudadas enquanto ele exercia o cargo na Saúde do Estado. O acerto teria ocorrido entre o empresário Miguel Iskin e o ex-governador Sérgio Cabral por meio de subcomandantes do Corpo de Bombeiros.
"Existiam subcomandantes que eram responsáveis pelas licitações do Corpo de Bombeiros. Isso (propina) foi acertado quando o então governador decidiu juntar Corpo de Bombeiros, que era ligado à pasta de Defesa Civil, para a Saúde. Ele (Cabral) me perguntou se o Miguel (Iskin) conhecia empresas que representavam equipamentos e isso ficou acertado em uma reunião entre o Miguel e o Sérgio (Cabral). Ele representaria multinacionais nessas licitações", afirmou.
A audiência desta quarta é sobre lavagem de dinheiro. No processo, o ex-secretário e a esposa Verônica Vianna são acusados de gastar US$ 1,4 milhão em propina com a compra de joias e gastos no exterior. Os desvios teriam começado quando Sérgio Côrtes foi diretor do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) e continuou no comando da secretaria Saúde.
O esquema, segundo o Ministério Público Federal (MPF), envolvia superfaturamento com cobrança de propina de 10% dos contratos nacionais e internacionais. Na operação, também foram presos Miguel Iskin e Gustavo Estellita, sócios da empresa Oscar Iskin, uma das maiores fornecedoras de próteses do Rio. A Justiça também deverá ouvir os dois na audiência desta quarta.
A partir dessas porcentagens e do valor das importações do Into e da secretaria de Saúde, o MPF estimou em R$ 300 milhões os prejuízo aos cofres públicos. Eles foram denunciados por corrupção passiva, ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.