Deputado federal Altineu Côrtes falou com OSG sobre anistia, escândalo do INSS e julgamento de Bolsonaro; “injustiça muito grande”
Vice-presidente da Câmara Federal garantiu permanência de Bolsonaro no PL e reiterou promessa de pautar anistia

O deputado federal Altineu Côrtes (PL) garantiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seguirá no Partido Liberal e vai escolher o candidato da legenda para as próximas eleições presidenciais em 2026. O vice-presidente da Câmara dos Deputados recebeu a equipe de O SÃO GONÇALO para uma conversa sobre os planos do partido para 2026, onde manteve a promessa de pautar a anistia aos envolvidos no ato de 8 de janeiro de 2023, dentre outros temas do cenário político do país.
Nascido em Niterói e criado em São Gonçalo, Altineu iniciou sua trajetória na vida pública na cena política gonçalense. Foi deputado estadual por três mandatos e cumpre, atualmente, seu terceiro mandato como deputado federal. Mas, também foi candidato à Prefeitura de São Gonçalo e Itaboraí pelo PT. Depois deu uma 'guinada' e se filiou ao PL em meados da década passada, sendo atualmente o presidente do diretório fluminense da sigla.
Confira a entrevista completa:
OSG - Toda a sua trajetória política é intimamente ligada à Região Metropolitana. Além de representar São Gonçalo no seu primeiro mandato como deputado estadual, o senhor participou da disputa eleitoral pelas prefeituras de São Gonçalo e Itaboraí. O que essa sua participação na política local no passado representa para seu atual momento político?
Altineu - Realmente, a minha história de vida começa em São Gonçalo, quando meus avós, há mais de 50 anos, foram para Santa Izabel. Foi ali que eu fui criado, comecei a trabalhar com meu avô e resolvi entrar na política. Tive o meu primeiro mandato de deputado estadual em 2002, conquistado na cidade. Fui o deputado mais votado de São Gonçalo naquele momento. E daí começou uma história: três mandatos de deputado estadual e já três mandatos de deputado federal. Tudo com uma ligação muito forte com São Gonçalo e com toda a Região [Metropolitana].
OSG - O senhor esteve entre os articuladores políticos das vitórias eleitorais do PL em São Gonçalo e Itaboraí nas duas últimas eleições municipais. Como foi esse processo e qual sua expectativa para as cidades nos próximos anos?

Altineu - Eu sempre sonhei na política em estabelecer parcerias com prefeitos, porque sozinha a coisa não anda. As coisas só funcionam quando se tem um time político jogando. Eu sempre acreditei nisso. Fui candidato a prefeito de São Gonçalo, tive 20% dos votos. Fui candidato a prefeito de Itaboraí e perdi a eleição por 1% dos votos - uma eleição em que houve ali, na minha opinião, uma armação política. Enfim, Deus não quis que eu fosse prefeito.
Mas eu participei da história política dessas duas cidades nesses últimos mandatos e consegui construir aquilo que eu sempre sonhei: um time político. Quando o Marcelo Delaroli ganhou a eleição em Itaboraí, ele transformou a cidade. Foi o prefeito mais votado do Brasil; teve 95% dos votos válidos. E o prefeito Capitão Nelson é um fenômeno. Foi uma eleição muito apertada quando ele ganhou a primeira [em 2020] e, hoje, se tornou o prefeito mais votado do Brasil nas cidades acima de 500 mil habitantes.
Fui candidato a prefeito de São Gonçalo, tive 20% dos votos. Fui candidato a prefeito de Itaboraí e perdi a eleição por 1% dos votos - uma eleição em que houve ali, na minha opinião, uma armação política Altineu Cortes Deputado Federal
É um feito histórico o que nosso time político está fazendo. Estamos construindo uma história política nova nessas duas cidades, que estão indo muito bem, com muitas entregas em todas as áreas. Há uma organização, uma valorização das pessoas que trabalham nessas duas prefeituras. E o resultado está aí, a população reconhece. O meu trabalho como deputado tem resultado porque os prefeitos fazem a parte deles. E é um sucesso, graças a Deus.
OSG - O ex-presidente Jair Bolsonaro e outros colegas de partido do senhor estão sendo julgados pelo STF. O senhor acredita que Bolsonaro vai ser condenado? Como avalia as acusações contra ele e os outros réus?
Altineu - Eu fui líder do Partido Liberal na Câmara no último ano de governo do presidente Bolsonaro e nos dois primeiros anos do presidente Lula. A partir de 1º de fevereiro deste ano, eu assumi a primeira vice-presidência da Câmara. Acredito que sou um político que tem um equilíbrio para fazer essa avaliação. Na minha opinião, esse processo que o presidente Bolsonaro está sofrendo é uma injustiça muito grande.
Eu conheço bem o Bolsonaro e acompanhei bem o que aconteceu. Eu fui para Brasília no dia 8 de janeiro [de 2023] e, em hipótese alguma, houve uma tentativa de golpe. O presidente Bolsonaro estava nos Estados Unidos. Ele passou o comando das Forças Armadas no mês de dezembro, nomeou os comandantes que o presidente Lula pediu. Se alguém pensa em fazer um golpe, como ele vai entregar o comando das Forças Armadas para o governo que ganhou as eleições? Isso não tem sentido.
É uma injustiça muito grande com Bolsonaro. As pessoas precisam separar as paixões políticas da realidade dos fatos Altineu Cortes Deputado Federal
É uma injustiça muito grande com Bolsonaro. As pessoas precisam separar as paixões políticas da realidade dos fatos. Tanto aqueles que são apaixonados pela esquerda, pelo PT, como os que são apaixonados pela direita, precisam deixar as paixões de lado e fazer uma avaliação dos fatos. Nunca na história deste planeta alguém que planejou dar um golpe passaria o comando das Forças Armadas para o presidente que ganhou as eleições.
Se o Bolsonaro quisesse dar um golpe, ele teria que ter nos comandos os comandantes dele. Por que ele iria viajar se ele quisesse dar um golpe? Ele iria ficar para assumir o poder.
Só esses dois fatos desmontam essa história. Mas me parece que este governo do PT alimenta isso porque quer viver disso. Porque tudo que o presidente Lula prometeu, ele não cumpriu. Cadê a picanha? Cadê a cerveja? Cadê o preço mais barato no supermercado? Onde o Bolsa Família é maior, o Lula ganha a eleição. Onde o Bolsa Família é menor, o Lula perde a eleição. O Brasil está cansado disso.
OSG - O senhor mencionou o episódio de 8 de Janeiro de 2023 em Brasília e, aproveitando, vamos falar sobre anistia. Recentemente, o senhor disse que pretende pautar o projeto de lei que anistia os condenados por participação assim que tiver uma oportunidade de ocupar a presidência da Câmara. O senhor ainda pretende fazer isso? Acredita que o projeto seja pautado caso o senhor não tenha essa oportunidade?
Altineu - Eu mantenho a minha palavra. Disse que, se o presidente Hugo Motta não pautar a anistia, assim que eu exercer a presidência plenamente - quando ele deixar o país - vou pautar no mesmo dia a anistia. A única forma de pacificar o país é pautar a anistia. Nós já tivemos anistia no Brasil para sequestradores, assassinos, bandidos. E quem está preso lá hoje por aquelas invasões? Quais as armas que foram encontradas nas mãos dessas pessoas? Que arma que tinha nesse suposto golpe? Que absurdo é esse que a gente está vivendo?
Nós vamos pacificar o país, vamos pautar a anistia. Essa é uma prerrogativa do Congresso Nacional. E se Deus quiser, pautando a anistia, nós vamos aprovar na Câmara. Aí tem que ser trabalhado para aprovar no Senado.
OSG - Queria voltar um pouco na questão do presidente Bolsonaro e sua família. Recentemente, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro disse que ele e outros familiares filiados ao Partido Liberal cogitam deixar a sigla por conta de uma suposta tendência ao "apagamento" da família Bolsonaro no cenário político. Como o senhor, enquanto uma das lideranças do PL e uma das pessoas que visitou Jair Bolsonaro recentemente, recebeu essas declarações?
Altineu - Eu visitei o presidente Bolsonaro no último dia 25 de agosto. Fiquei mais de uma hora com o presidente Bolsonaro. Obviamente, fiquei muito triste de vê-lo naquela situação: preso em casa, com uma tornozeleira. É uma humilhação; Bolsonaro não é desonesto, não é bandido para estar passando por uma situação dessa.
Mas, sobre a questão do partido, o Bolsonaro está super firme com o PL, porque o Bolsonaro sabe que quem vai escolher o candidato a presidente da República pelo PL é ele. Nunca houve dúvida disso. A gente espera que, revertendo toda essa situação, Bolsonaro seja o candidato. Se, por acaso, isso não acontecer, ele escolherá o candidato.
O Eduardo está defendendo o pai dele. É uma pressão enorme, ele como filho, ver o pai passar por toda essa situação. É uma situação também muito triste e angustiante para o Eduardo. Altineu Cortes Deputado Federal
Eu tenho uma ótima relação com o Eduardo Bolsonaro, mas ele colocou uma posição pessoal dele. Ele disse que deseja ser candidato à presidência da República e que, se o Tarcísio vier para o PL, ele sairá do partido. Isso é um posicionamento pessoal do Eduardo. Eu acho que tem muita coisa para conversar aí. O Eduardo está defendendo o pai dele. É uma pressão enorme, ele como filho, ver o pai passar por toda essa situação. É uma situação também muito triste e angustiante para o Eduardo.
Mas o Bolsonaro, eu tenho certeza absoluta, não deixará o PL. E a gente vai dialogar com o Eduardo para que ele também não deixe o PL.




OSG - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS está acontecendo lá no Senado. Nas últimas semanas, o senhor a definiu como uma das CPMIs mais importantes da história do país. Quais são suas expectativas com essa comissão? Como avalia as investigações nesses primeiros dias de inquérito?
Altineu: - Pra mim, é a CPMI do roubo dos aposentados. Os caras afundaram o pé para roubar os aposentados no Brasil e o Governo não queria a investigação. Por que o PT não assinou a CPMI? Por que os aliados do presidente Lula não assinaram o pedido? Eles só assinaram quando já tinha maioria.
Pra mim, é a CPMI do roubo dos aposentados. Os caras afundaram o pé para roubar os aposentados no Brasil e o Governo não queria a investigação. Por que o PT não assinou a CPMI? Altineu Cortes Deputado Federal
Eu não tenho dúvidas de que quem roubou vai pagar essa conta. E tem muita gente que vai aparecer nisso aí. Por que o careca do INSS [Antônio Carlos Camilo Antunes] está solto? Já foi comprovado que ele fazia todo aquele meio campo. Cadê os caras dos sindicatos que estão soltos? Isso é uma vergonha, um mau exemplo para o país como um todo.
Como esses caras que roubaram bilhões dos aposentados não estão presos? Estão com medo de botar eles na cadeia? Estão com medo que eles façam alguma delação, que entregue alguém importante desse governo? E se, por acaso, tiver alguém lá do governo anterior, tem que entregar também. Todo mundo que participou disso tem que ser preso.
Bilhões e bilhões desviados das pessoas mais carentes deram sua vida com a contribuição e ninguém foi preso. Espero que essa CPMI bote essa gente na cadeia.
OSG - Estamos na véspera de um ano eleitoral. Enquanto presidente do diretório fluminense do PL, quais são os planos do partido para a disputa eleitoral pelo Governo do Estado no ano que vem? Há um nome de consenso para candidato a Governador?
!["Olha, eu fico muito honrado de ter a missão de presidir o PL aqui [no Rio], porque é o maior partido do Estado"](https://cdn.osaogoncalo.com.br/img/inline/150000/0x484/Deputado-federal-Altineu-Cortes-falou-com-OSG-sobr0015884901202509052310.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.osaogoncalo.com.br%2Fimg%2Finline%2F150000%2FDeputado-federal-Altineu-Cortes-falou-com-OSG-sobr0015884901202509052310.jpg%3Fxid%3D696071&xid=696071)
Altineu - Olha, eu fico muito honrado de ter a missão de presidir o PL aqui [no Rio], porque é o maior partido do Estado. É o maior partido do Brasil. Aqui no Rio, nós fizemos 22 prefeitos; hoje já somos 25. Fizemos a maior quantidade de vice-prefeitos, fizemos a maior quantidade de vereadores. Temos a maior bancada de deputados federais e estaduais.
Temos aqui também todos os senadores do Rio. Os três senadores são do PL - se bem que o senador Romário declarou que está apoiando o governo. Isso nos deixou muito tristes. Mas, enfim, temos o governador do Estado. Então, a nossa missão é continuar com o PL grande aqui. Não vai sair diferente nessa próxima eleição.
Nosso foco é eleger dois senadores do PL aqui no Estado. Se a gente não conseguir uma aliança para lançar um candidato de centro-direita [para o Governo], o PL lançará um candidato. Mas a gente pode construir essa aliança com outros partidos para apoiar um governador e talvez um vice-governador de outro partido. Mas o nosso foco é eleger os dois senadores e eleger a maior bancada de deputados federais e de deputados estaduais.
OSG - Com o seu terceiro mandato consecutivo na Câmara entrando em reta final, quais são suas projeções para o ano que vem? Será candidato novamente?
Altineu - Eu pretendo vir candidato a deputado federal nas próximas eleições para continuar esse trabalho que estamos fazendo em Brasília, que está dando muito certo. Nós estamos ajudando muitos prefeitos, sobretudo, os nossos prefeitos Capitão Nelson e Marcelo Dellaroli.
Nosso objetivo é que o partido saia grande. Eu às vezes abro mão de um apoio aqui, outro ali, para lançar candidatos, para fazer com que a gente fique mais forte. Nós vamos ganhar as eleições aqui do Estado, se Deus quiser, e vamos ganhar e recuperar a presidência da República para que o Brasil possa ter esperança de crescer de novo e saia dessas promessas que nunca aconteceram desse presidente que está aí.