Eduardo Bolsonaro queria anistia para o pai e não para envolvidos no 8 de janeiro, aponta PF
Deputado disse ao pai que era preciso escolher entre 'anistia light' ou seguir pressionando o STF

Mensagens obtidas pela Polícia Federal revelam que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sugeriu ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que era preciso escolher entre defender uma “anistia light” para os condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro ou concentrar esforços em “brecar o STF”. A troca de mensagens ocorreu em 7 de julho, via WhatsApp.
De acordo com a PF, o objetivo de Eduardo não era garantir a liberdade dos manifestantes, mas sim assegurar a impunidade do ex-presidente nos processos relacionados à tentativa de golpe de Estado. A corporação concluiu que a anistia acabou deixada de lado em nome do alinhamento com autoridades norte-americanas.
“Se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump. Eles não irão mais ajudar. […] Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto”, escreveu Eduardo ao pai.
Nesta quarta-feira (20), a PF denunciou Eduardo e Jair Bolsonaro pelos crimes de coação e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O pastor Silas Malafaia, aliado da família, foi alvo de mandado de busca e apreensão e prestou depoimento.
Segundo a investigação, Eduardo atuou de forma “consciente e voluntária” junto a representantes dos Estados Unidos para pressionar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), responsáveis por julgar os processos contra o ex-presidente.
A troca de mensagens ocorreu no mesmo dia em que o então presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou um tarifaço que elevou taxas de importação a partir de 1º de agosto, com impacto de 50% para o Brasil – embora com quase 700 exceções. Dias depois, em 30 de julho, o ministro do STF Alexandre de Moraes foi alvo de sanção norte-americana pela Lei Magnitsky.
Eduardo Bolsonaro já havia informado que se licenciaria da Câmara dos Deputados em fevereiro para articular ações junto ao governo dos EUA.