Alerj lança campanha antirracismo infantil em Niterói
Ato divulgou lei que pune estabelecimentos que discriminem pessoas e selo ‘Lojistas Antirracistas’

Ao som do grupo de percussão Olodumirim, a Comissão do Cumpra-se! da Alerj promoveu na manhã deste sábado (11/3), no Centro de Niterói, ato de caráter educativo contra quatro casos de racismo infantil ocorridos recentemente na cidade, três deles dentro de estabelecimentos comerciais. A manifestação, que contou com a participação de familiares e de crianças atingidas, movimentou o calçadão em frente ao Terminal Rodoviário de Niterói.
Durante o ato, foi lançada a campanha de conscientização dos lojistas da cidade contra o racismo, apoiada pela CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas). A entidade vai distribuir pelas lojas e shoppings de Niterói o inédito selo de “Lojistas Antirracistas”, que servirá como um atestado do compromisso dos comerciantes contra práticas de racismo.
A manifestação serviu para uma maior divulgação da Lei 8.515/2019, de autoria do deputado estadual Carlos Minc (PSB), de combate ao racismo e intolerância religiosa, que pune com autuações, multas e até interdição os estabelecimentos que praticarem atos discriminatórios. Presidente da Comissão do Cumpra-se!, Minc enfatizou, porém, o caráter antes de tudo educacional do ato de hoje:
“O nosso objetivo, para além de punir e fazer cumprir a lei, é que não haja mais racismo. Então é uma campanha educativa e preventiva. Que esses tambores cheguem nos ouvidos e nas mentes por uma sociedade mais solidária e sem discriminação. Nenhuma criança merece isso, um trauma muito forte e grave. Temos que cultivar uma semente de respeito e solidariedade.”
Cerca de cem pessoas se aglomeraram para assistir à manifestação, além de muitas outras pessoas que passavam, dando apoio à Campanha do Cumpra-se! O terminal fica do lado oposto à papelaria Tid's, onde a filha de Jaiane dos Santos, com uma coleguinha, foi perseguida por seguranças, no mês de janeiro. Os seguranças acusaram a menina de furto e a situação gerou danos emocionais na criança.
A secretária de Direitos Humanos da Prefeitura de Niterói, Nadine Borges (PSB), participou do ato, ressaltando a importância da luta das mães das crianças atingidas em busca dos seus direitos e pelo resgate da autoestima dos seus filhos, brutalmente atingidos por esses atos criminosos. Algumas crianças chegaram a chorar quando lembraram dos episódios dos quais foram vítimas.
"A gente só ia no mercado para comprar coisas para o almoço de domingo, e isso virou um caso de delegacia. O guarda colocou ele para fora, alegando que estava descalço. Mesmo com ele falando que estava vendo a mãe a menos de três metros de distância. Ele pediu ao guarda para ficar sentado dentro do shopping para me esperar porque tava muito quente. Mas mesmo assim, o guarda não acatou o pedido do meu filho de 9 anos. Quando o encontrei, ele estava do lado de uma lixeira, de baixo de um sol de 38 graus", disse Ataíse Andrade, mãe do Miguel, expulso do shopping Multicenter, em Itaipu, por apenas estar descalço.