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Vereador bolsonarista de Maricá é proibido de entrar na Câmara após optar por não se vacinar

Decreto municipal proíbe pessoas não vacinadas de permanecerem em espaços públicos

relogio min de leitura | Escrito por Claudionei Abreu | 22 de setembro de 2021 - 14:30
Vereador montou gabinete improvisado, em frente à Câmara, para acompanhar a sessão
Vereador montou gabinete improvisado, em frente à Câmara, para acompanhar a sessão -

O vereador de Maricá, Ricardinho Netuno (Republicanos), apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), está proibido de entrar nas dependências da Câmara Municipal, desde a última sexta-feira (17), por conta do decreto nº 739, publicado pelo prefeito Fabiano Horta (PT), que torna obrigatória a apresentação de comprovante de vacinação para permanência em locais públicos e privados. O parlamentar afirma que não se vacinou porque “não viu necessidade”. 

De acordo com a prefeitura de Maricá, o passaporte de vacinação é exigido em locais de uso coletivo, com 15 ou mais pessoas simultaneamente, sejam eles privados ou públicos. Só poderá frequentar esses espaços quem comprovar estar em dia com o calendário de vacinação estabelecido pela Secretaria Municipal de Saúde. 

Segundo o decreto, o controle da entrada do público é de responsabilidade dos estabelecimentos, que precisam exigir o cumprimento das regras de distanciamento e de higiene e garantir que não haja tumulto ou aglomeração em seus acessos. Quem descumprir as determinações estará sujeito a sanções e multas estabelecidas que podem variar de R$ 50 a R$ 500.

O SÃO GONÇALO, o vereador criticou a medida da prefeitura e disse que acionará a Justiça para garantir sua participação nas sessões da Câmara. “O direito de ir e vir do cidadão precisa ser preservado e não podemos ser obrigados a fazer uso de nenhum medicamento”, afirma. 

Com a proibição de sua entrada, o parlamentar montou um gabinete improvisado em frente à Casa Legislativa, na última segunda-feira (20), de onde acompanhou a sessão de forma remota. “Não sou contra a vacina, apenas eu e o meu médico não vemos necessidade de fazer uso de uma vacina ainda experimental para melhorar minha imunidade, sendo que ela já está boa. Essa é uma decisão particular, um direito individual”, comentou Ricardinho. 

O parlamentar também afirmou não acreditar que as vacinas têm ajudado a reduzir o impacto da pandemia no município. “A vacina não combate a circulação do vírus, apenas evita sintomas da doença que possam levar a hospitalização”, disse.

Discurso alinhado ao do presidente

O vereador segue o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que tem criticado, desde o início da pandemia, medidas adotadas por governadores e prefeitos no combate à pandemia. Bolsonaro, além de dizer que não se vacinou, também já fez diversos ataques às vacinas contra a Covid-19. Em seu discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (21), o presidente voltou a defender o tratamento precoce, medida comprovada ineficiente cientificamente, e a não obrigatoriedade das vacinas. 

O presidente e sua comitiva também foram proibidos de entrar em restaurantes e locais fechados de Nova York, onde acontece a Assembleia Geral da ONU. A cidade adotou o passaporte da vacina e só permite a entrada em estabelecimentos comerciais de pessoas vacinas. O próprio prefeito da cidade, Bil de Blasio, fez críticas a Bolsonaro e disse que "se você não quer se vacinar, nem precisa vir". A delegação brasileira na ONU já registrou dois casos de Covid-19, entre eles o próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. 

Vacinas têm reduzido casos e mortes de Covid-19

O mês de setembro registrou a maior queda no número de óbitos e casos de Covid-19 no país desde o início do ano, segundo o último boletim do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na última sexta-feira (17). O relatório indica que a taxa de ocupação de leitos de UTI de covid-19 para adultos se encontra no melhor cenário desde que foi iniciado o monitoramento do indicador. 

Ao todo, foram registradas 12 semanas consecutivas de diminuição do número de mortes, com redução de 3,8% ao dia na última Semana Epidemiológica (SE 36). O total de casos também apresenta tendência de redução, apesar de algumas oscilações ao longo das últimas 12 semanas. 

No Rio de Janeiro, de acordo com a última edição do Mapa de Risco da Covid-19, divulgada na última sexta-feira (17) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), o estado teve redução de 27% nas internações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e de 13% no número de óbitos provocados pela doença. As taxas de ocupação de leitos no estado do Rio de Janeiro também tiveram redução. A de UTI está em 65% e a de enfermaria em 43%.

“Nós creditamos este resultado positivo a, principalmente, dois fatores. O primeiro é o avanço da vacinação. O estado do Rio de Janeiro tem mais de 80% de toda população com a primeira dose aplicada e 40% com o esquema vacinal completo”, afirmou o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe.

Já em Maricá, de acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura, a cidade registra uma taxa de ocupação de leitos de Covid-19 de 28,27%, sendo 24,21% pacientes de outros municípios. Na semana anterior, a taxa era de 28,80%, sendo 13,68% de pacientes de outros municípios. 

Até segunda-feira (20), de acordo com a prefeitura, Maricá vacinou 114.898 mil pessoas com ao menos uma dose, o que representa 88% da população adulta estimada. Com o esquema vacinal completo, somando a segunda dose com a dose única, já são quase 73.595 mil pessoas, 56.5% dos adultos.

A secretária municipal de Saúde, Solange Oliveira, reforça a importância da vacinação e da segunda dose. “Podemos ver que a vacinação está surtindo efeito. Temos uma taxa de ocupação de leitos fixos de Covid em queda. Nesse momento está em cerca de 60%, com tendência de queda. Mas temos que lembrar: é fundamental que todos tomem a segunda dose para garantir a maior eficácia do imunizante e a população ficar mais protegida”, concluiu.

*Sob supervisão de Cyntia Fonseca

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