FHC afirma que sente "mal estar" por não ter votado contra Bolsonaro em 2018
Ex-presidente diz que votou nulo por não acreditar que o PT faria um bom governo
min de leitura | Escrito por Redação | 06 de março de 2021 - 10:30
Em entrevista à revista Época, o ex-presidente e sociólogo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) analisou sua decisão de votar nulo no segundo das últimas eleições presidenciais, em 2018, quando a disputa ficou entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro.
"A pior coisa é você ser obrigado a não ter escolha. Ao não ter escolha, permite o que aconteceu: a eleição do Bolsonaro. Teria sido melhor algum outro? Provavelmente, sim. Pergunta se eu me arrependo? Olhando para o que aconteceu com o Bolsonaro, me dá um certo mal-estar não ter votado em alguém contra ele", disse FHC.
O ex-presidente deixou claro que aquele foi sua anulação de voto na vida e o motivo foi por não acreditar que o PT pudesse fazer um governo satisfatório.
"Embora eu reconheça que o outro lado tinha mais sensibilidade social do que o Bolsonaro. Mas tinha medo que houvesse uma crise muito grande financeira e econômica e rachasse ainda mais o país", afirmou o tucano.
Depois disso, FHC foi questionado sobre como votará no ano que vem, caso o segundo turno se repita entre um candidato petista e Bolsonaro. Ele admitiu que votaria no PT,
"Depende de quem do PT seria capaz de levar o país. Espero que não se repita esse dilema. Pouco provável que se repita", comentou o ex-presidente, que alegou que o partido petista perdeu muita presença no cenário político do país. "O Lula tinha uma imantação, que era do Lula, e não do PT", disse.
"Não sei quem vai ser o candidato do PT. Mas eu prefiro que seja um candidato saído do PSDB, do centro, não necessariamente do PSDB", afirmou o sociólogo.
FHC ainda comentou sobre uma possível candidatura de Luciano Huck pelo PSDB e abriu as portas do partido. O ex-presidente negou que o nome de João Doria esteja confirmado e também citou Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.
"Acho que o Doria já tem um partido. É suficiente? Não. Há o governador do Rio Grande do Sul, o Eduardo Leite. Ele pode querer ser [candidato a presidente]. Não sei. Acho que seria melhor uma composição entre eles", disse. "Ele (Hulk) vai ter de calcular isso. Se vale a pena para ele. Para o PSDB é um candidato a mais. Mas o Huck vai ter de pensar em outra coisa. Qual é o partido que convém a ele? Será que é o PSDB ? Do meu ponto de vista, é. Mas o que vai prevalecer não é o meu, mas o ponto de vista dele. Nunca conversei com ele sobre isso", acrescentou.