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Após ataque a jornalista, porta-voz da PM do Rio é exonerada do cargo

Decisão foi tomada pelo governador Cláudio Castro

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 09 de dezembro de 2020 - 18:23
Imagem ilustrativa da imagem Após ataque a jornalista, porta-voz da PM do Rio é exonerada do cargo

O governo do Rio confirmou na tarde desta quarta-feira, 9, que a Porta-Voz da Polícia Militar do Rio, a Tenente-Coronel Gabryela Dantas, foi exonerada do cargo após publicação de um vídeo onde ela atacou e chama de “mentirosas” as reportagens do jornalista Rafael Soares, dos jornais Extra e O Globo.

O vídeo publicado foi uma resposta à matéria produzida pelo jornalista, que usava dados oficiais da própria corporação, onde mostrava o aumento do consumo de munição por policiais no batalhão investigado pelas mortes das primas Emilly, de 4 anos, e Rebeca, de 7, vítimas de bala perdida enquanto estavam no portão da casa da avó em Gramacho, em Duque de Caxias. O caso aconteceu no último sábado e ganhou repercussão nacional. 

No vídeo, Gabryela Dantas diz que o jornalista escreveu a matéria é "mentirosa", que “se aproveita de uma comoção nacional para colocar a população contra a Polícia Militar” e que "a corporação foi surpreendida “com uma matéria mentirosa”, que, “de forma maldosa, dá a entender que houve aumento de consumo de munição por um batalhão da PM”. O vídeo foi publicado no twitter da Secretaria de Polícia Militar. Mesmo com a exoneração, Gabryela seguirá como oficial da PM.

Após a repercussão das falas da Porta-Voz, onde ela pedia compartilhamentos, na manhã de terça-feira, 8, entidades que representam veículos de comunicação, como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e os jornais O Globo e Extra, repudiaram os ataques feitos ao jornalista. 

"Faz parte da prática jornalística diária lidar com críticas, contestações e pedidos de reparação de alguma informação. No entanto, a Editora Globo repudia os ataques feitos pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, que, por meio de um vídeo oficial, classificou o repórter como inimigo da corporação e incentivou a população a divulgar vídeo. Não é papel de uma instituição de Estado atacar pessoalmente um profissional nem incitar a população contra ele", afirma um trecho do comunicado.

Ao tomar conhecimento dos fatos, o governador em exercício, Claudio Castro, pediu a exoneração da Porta-Voz e afirmou que "com liberdade de imprensa não se brinca". Todas as reportagens produzidas pelo jornalista tiveram como base os dados fornecidos pela própria Polícia Militar. Segundo a nota de O Globo e Extra, "a reportagem, amparada em tais documentos, obtidos pelo jornalista, ouviu e registrou a versão da Polícia Militar sobre os dados”.

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