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Conheça a mumbuca, moeda social de Maricá, que Dimas Gadelha quer trazer para São Gonçalo

A moeda digital foi criada por Washington Quaquá, em 2013

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 21 de novembro de 2020 - 17:16
Moeda é aceita em diferentes estabelecimentos da cidade
Moeda é aceita em diferentes estabelecimentos da cidade -

Usar a 'receita' que os municípios vizinhos estão adotando com sucesso para dividir o 'bolo' com a população. Essa é uma das promessas do candidato a prefeito de São Gonçalo, Dimas Gadelha (PT), que venceu a disputa no primeiro turno com 32% dos votos, com apoio dos prefeitos de Maricá, Fabiano Horta (PT) e Rodrigo Neves (PDT). O SÃO GONÇALO mostra hoje como a moeda social 'mumbuca', uma das propostas de campanha de Dimas, revolucionou a economia de Maricá, cidade com cerca de 160 mil habitantes, que faz divisa com São Gonçalo. 

A mumbuca é uma moeda digital criada pelo então prefeito Washington Quaquá (PT), em 2013, que administrou Maricá por dois mandatos consecutivos e foi sucedido por Fabiano Horta (PT) por mais dois mandatos. A 'mumbuca' é usada somente no comércio local, não podendo ser convertida em real. A 'mumbuca' faz parte do programa Renda Básica da Cidadania (RBC), e injeta, atualmente, R$ 12,7 milhões por mês na economia de Maricá.   

"Sou médico e por formação meu compromisso sempre será com o povo. A implantação da moeda social Tamoio em São Gonçalo, inspirada na 'mumbuca', de Maricá, vai revolucionar a economia da cidade e dar mais dignidade aos gonçalenses. Através dela, vamos movimentar a economia local e garantir dias melhores, com geração de mais empregos e renda, que serão revertidos em melhorias nos serviços públicos prestados", afirmou Dimas.

Mas afinal, como funciona a 'mumbuca' em Maricá?

De acordo com pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), o RBC de Maricá se diferencia de outras experiências em escala mundial, por alcançar toda a cidade e por fazer parte de uma política de governo consolidada, com recursos definidos no orçamento anual.

“O programa de Maricá se diferencia por ser uma política que alcança toda a cidade”, informa o site Vox (EUA), comparando a iniciativa da cidade com ações implementadas na Finlândia (com 2 mil pessoas), em Stockton (Califórnia, EUA, para 125 pessoas em um piloto), e no Quênia (com 26 mil pessoas). Já o site especializado em economia Business Insider destaca que a 'mumbuca' não tem um prazo limitado, “como os 18 meses da experiência de Stockton ou os dois anos de um programa semelhante implantado em Barcelona, na Espanha, que atende 1.000 famílias".

De acordo com o Jain Family Institute, de Nova York, a 'mumbuca' superou todas essas experiências, além de outras realizadas na Alemanha, Suíça e Holanda. A experiência finlandesa, aliás, acabou sem melhorar o nível de empregos dos atendidos, o que não ocorreu em Maricá, que foi  a 58ª cidade no país em geração de empregos formais em 2019 e a única do estado com mais de 150 mil habitantes a registrar crescimento real de empregos nos primeiros seis meses de 2020, o que abrange o período da pandemia de Covid-19.

Na cidade, o comentário entre moradores é de que com a pandemia de coronavírus, se não houvesse a moeda social 'mumbuca', muitos comércios estariam falidos e muitas pessoas estariam morando nas ruas. "No início houve uma resistência por parte de empresários locais em aceitar a 'mumbuca', mas hoje o projeto é um sucesso. As lojas fazem questão de anunciar em cartazes e nas vitrines que aceitam a 'mumbuca' como forma de pagamento. Mercados e comércios dos mais diversos tipos anunciam em letras grandes que aceitam a moeda. Dimas acerta em cheio ao adotar a moeda social em São Gonçalo", avalia Quaquá.  

"Viver com dignidade, para a Prefeitura de Maricá, não é figura de retórica. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida que assegure a si e à família saúde e bem-estar, o que inclui alimentação, cuidados médicos, habitação e serviços indispensáveis, entre outros. Num mundo onde a fome é real, o município fez do Renda Básica de Cidadania (RBC) de Maricá, o famoso “Cartão Mumbuca”, a resposta de humanidade. Quando a pandemia expôs os efeitos e as dificuldades de se combater os efeitos econômicos da paralisação, quem deu a mão às pessoas foi o RBC", explica o prefeito Fabiano Horta, reeleito com mais de 80% dos votos.

Lançado em 2013, o RBC beneficia atualmente 42 mil moradores (quase um terço da população) com 300 Mumbucas (1 Mumbuca = 1 Real) por mês, um valor ampliado até dezembro por conta do novo coronavírus. Com a pandemia, foi também a solução de curto prazo, tanto pela antecipação do abono salarial anual, quanto pela ampliação temporária do benefício mensal, que era de 130 Mumbucas. Cerca de 90% do que é gasto vai para alimentos e remédios. 

O RBC injeta, mensalmente, R$ 12,7 milhões na economia de Maricá em recursos de royalties, e por conta disso, a cidade tem hoje mais de 6 mil máquinas de débito para operações com a 'mumbuca', enquanto apenas três mil aceitam somente cartões comuns. Os benefícios, sem contar a democratização da riqueza do petróleo entre a população diretamente afetada pela sua exploração, são evidentes: estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) revela que para cada R$1 injetado na economia nesse tipo de economia solidária, geram-se outros R$3. 

O programa começou em 2013 transferindo 85 'mumbucas' para 14.000 famílias e foi evoluindo até o final de 2019, quando passou a pagar 130 'mumbucas' a cada indivíduo de uma família, alcançando 42.000 maricaenses. Hoje, por conta da pandemia, paga 300 'mumbucas' até dezembro, podendo ter esse valor estendido para os primeiros meses de 2021.

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