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Fundador do 'Primeira Chance' faz protesto a favor de funcionários do HEAT: Eles salvaram minha vida e hoje estão sem salário"

Ele é grato ao atendimento recebido na unidade

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 15 de setembro de 2020 - 11:43
Douglas de Oliveira, fundador do Projeto Primeira Chance, resolveu "acampar" na porta do hospital
Douglas de Oliveira, fundador do Projeto Primeira Chance, resolveu "acampar" na porta do hospital -

Renata Sena 

"Eles salvaram minha vida e hoje estão sem salário". Com um cartaz em uma das mãos e uma sombrinha - para se proteger da chuva fina que de forma surpreendente resolveu cair na manhã  desta terça-feira (15) - na outra mão, Douglas de Oliveira, fundador do Projeto Primeira Chance, resolveu "acampar" na porta do Hospital Estadual Alberto Torres (HEAT), no Colubandê, em São Gonçalo, como forma de solidariedade aos funcionários que o ajudaram a se recuperar da Covid-19 e estão há três meses sem receber salários e benefícios. 

Douglas foi contaminado pelo novo coronavírus logo no início da pandemia e precisou de atendimento médico hospitalar. "Eu cheguei de cadeiras de rodas e saí andando, respirando normalmente. Fui muito bem atendido, cuidado. Agora estou aqui para retribuir, já que eles não podem falar a gente que não tem nenhum vínculo com o hospital vai falar por eles", afirmou. 

Apesar de estarem com três meses seguidos sem salário, as dificuldades existem há mais de cinco meses, quando os salários começaram a atrasar e juntar um mês no outro. "A gente recebeu um, aí juntou dois, aí recebemos outro e agora já estamos três meses sem receber. Nem passagem estamos recebendo e quem não vem trabalhar recebe falta e, em alguns setores, chegam a receber advertência", contou uma funcionária do hospital, que não será identificada para evitar retaliações, já que, segundo os funcionários, quem quebra o silêncio e cobra seus direitos acaba sendo demitido. 

Douglas foi contaminado pelo novo coronavírus logo no início da pandemia
Douglas foi contaminado pelo novo coronavírus logo no início da pandemia |  Foto: Filipe Aguiar
 

"A gente tá passando por tudo aqui. Tem gente vindo em dias que não é do seu plantão para poder almoçar. É um absurdo, uma humilhação pai e mãe de família trabalhar, se expor ao perigo de várias doenças e não ter o que comer dentro de casa", desabafou um outro funcionário.  

Para Douglas a questão agora vai além do que ele podia fazer sozinho. "Com as doações do Primeira Chance a gente conseguiu distribuir algumas cestas básicas. Em três momentos diferentes a gente já fez essas doações, mas precisamos ir além. Eu só vou sair daqui quando tiver uma posição, uma resposta de quando esses salários vão sair", garantiu. 

A postura do Douglas tem gerado comoção entre os funcionários e pacientes do hospital. Como agradecimento, ele tem recebido o carinho de todos. "Trouxeram frutas, água.  Eles estão fazendo o que podem", informou. "É um absurdo o pessoal atender a gente e não receber. Você entra no hospital e vê todos os funcionários com um carinho enorme, mas com cara de sofridos, tristes. Que arrimo de família que não poder levar comida para casa? É  um descaso com nossos heróis ", desabafou uma acompanhante que estava na saída do hospital. 

Gratidão 

"O sentimento que eu tenho é de gratidão. Muita gratidão. Mas eu pedi para o Douglas ir para casa. Ele teve Covid, não pode ficar aqui pegando chuva. Ele não pode ter uma recaída com uma gripe. Eu não ia me perdoar se soubesse que ele ficou doente por ter ficado aqui lutando por nós", finalizou uma enfermeira, que recebeu do Douglas a seguinte resposta: "Eu só vou sair daqui quando existir uma resposta para essa solução". 

Ajuda

Quem quiser ajudar aos funcionários do HEAT pode fazer contato com o Douglas, através do Projeto Primeira Chance, no telefone 99308-8539, ou no Instagram @projeto_primeira_chance.

A postura do Douglas tem gerado comoção entre os funcionários e pacientes do hospital
A postura do Douglas tem gerado comoção entre os funcionários e pacientes do hospital |  Foto: Filipe Aguiar
 

Respostas 

Em nota, a administradora do hospital informou que "O Instituto Lagos Rio aguarda repasse do Governo do Estado para quitar os salários.

O empenho informado no Portal da Transparência na data de 28/08/2020, ainda não foi creditado na conta do Instituto". 

Já a Secretaria de Saúde do Estado disse, também em nota que: "A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que o último repasse ao Hospital Estadual Alberto Torres (HEAT) foi feito em 04/08, referente ao mês de julho. O repasse referente a agosto está sendo feito hoje e ainda nesta semana estará na conta da Organização Social. O pagamento da folha salarial dos funcionários é de responsabilidade da organização social". 

Segundo as notas os atrasos são referentes aos meses de julho e agosto, já que o mês de setembro ainda não venceu.

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