Dinheiro supostamente desviado da Fundação Leão XIII sustentaria acordo com o Abrigo Cristo Redentor por 44 anos

Por Thalita Queiroz*

O Abrigo Cristo Redentor, localizado no bairro Estrela do Norte, em São Gonçalo, foi uma das potenciais vítimas do esquema de corrupção investigado na Operação Catarata. Recentemente, a operação descobriu um suposto esquema de fraude na Fundação Leão XIII, coordenada pelo Governo do Rio de Janeiro, de R$ 17 milhões. Essa mesma fundação está devendo mais de R$ 1,8 milhões ao abrigo e, com o valor desviado, mais de 30 idosos poderiam ser custeados ao longo de 44 anos, sem causar prejuízo para nenhuma das partes.

Mas o cenário não foi esse e o resultado é uma dívida que se arrasta há três anos, prejudicando cerca de 31 idosos que contavam com o repasse da verba. De acordo com o diretor superintendente do Abrigo, Ademir Nunes Corrêa, de 64 anos, a dívida total já ultrapassa R$ 1,8 milhão. “Os idosos encaminhados pela Fundação são 31, eram 39 mas por causa dos falecimentos o número diminuiu. Por mês, cada idoso corresponde a um salário mínimo (R$ 1.045). Por mês esse valor varia entre R$ 35 mil a R$ 40 mil”, diz o diretor. 

O superintendente ressalta que esse compromisso com o Abrigo é contratual e deveria ser cumprido. “Foram eles que nos encaminharam os idosos para serem abrigados e bem tratados como são, da mesma forma que todos os outros”, diz.

Em abril deste ano, o jornal O São Gonçalo já havia denunciado as grandes dificuldades que o abrigo estava enfrentando por causa da falta de recursos, chegando a recorrer até a uma ‘vaquinha’ para conseguir suprir os gastos. Na teoria, o governador Wilson Witzel teria concedido R$ 11 milhões para instituições que cuidam de idosos, mas na prática essa verba não beneficiou o Abrigo Cristo Redentor.

O Abrigo tem atualmente outros 28 idosos de casos particulares, e 101 encaminhados pela Prefeitura de São Gonçalo, que está em dia com a instituição.

Em março deste ano, funcionários do Abrigo também fizeram um apelo público para o governador afastado Wilson Witzel, pedindo a quitação dos seus salários. “Sr. Governador, o que estamos pedindo é apenas que o Estado pague a dívida pelos serviços já prestados para que possamos preservar a vida destas pessoas. Não adianta discurso sem prática. Nosso apelo é o de muitas famílias e de toda sociedade que apoia o nosso trabalho há mais de 80 anos. O tempo é vital para enfrentar esta situação. Aguardamos, ansiosamente, uma solução. A vida destas pessoas idosas também está em suas mãos”, disse o grupo em um trecho da publicação.

Operação Catarata prende o secretário de Educação do Rio

Pedro Fernandes, que atualmente é o secretário Estadual de Educação, foi preso nesta sexta-feira (11), em um condomínio na Barra da Tijuca. Ele foi é um dos investigados na Operação Catarata que apura esquemas de corrupção no Rio ocorridos entre os anos de 2013 e 2018. Recentemente, a operação descobriu um esquema de fraude na Fundação Leão XIII. Além do dele, foram expedidos mais quatro mandados de prisão preventiva e seis mandados de busca e apreensão. O esquema teria ocorrido durante o governo Sergio Cabral e Pezão e, ao todo, foram desviados R$ 17 milhões.

*Estagiária sob supervisão de Thiago Soares