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Terreno do Palacete do Mimi, histórica mansão de São Gonçalo, é tomado pelo lixo

Local já recebeu importantes nomes da arte moderna

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 08 de setembro de 2020 - 16:04
Local histórico na cidade virou lixão a céu aberto
Local histórico na cidade virou lixão a céu aberto -

O Palacete do Mimi, um Casarão histórico localizado no bairro Estrela do Norte, em São Gonçalo, é mais um exemplo da falta de comprometimento da prefeitura com os patrimônios históricos da cidade. O palacete, construído há mais de 100 anos, entre os anos 1913 e 1920, tornou-se hoje um lixão a céu aberto.

Moradores do bairro questionam o poder público sobre a limpeza do local que acumula lixo e tem ultimamente servido de acomodação para usuários de drogas. "O que vem acontecendo no terreno, além do descaso da prefeitura e da falta de educação de algumas pessoas sem juízo que sujam o local é o um enorme risco para a saúde", contou um deles, que completou informando que o terreno se transformou em um matagal abandonado. Umas das únicas estruturas que sobrou do luxuoso palacete é a guarita que, segundo ele, estão abrigando usuários de drogas.

De acordo com os moradores, os usuários também costumam roubar fiação dos postes próximo ao local e queimam os fios dentro de onde era o palacete para que possam vender o cobre posteriormente. O problema é que, além do roubo, a fumaça da queima dos fios acaba entrando na casa dos vizinhos ao terreno.

Localizadas na Estrada Boqueirão Pequeno, as ruínas do palacete dão lugar ao lixo que já quase ocupa a rua. Além da guarita, uma das únicas estruturas 'sobreviventes' do imponente casarão é a piscina oval feita azulejos portugueses e mármores vindos direto da Grécia,  além de instalações hidráulicas vindas da Alemanha e da Inglaterra. A luxuosa piscina, no entanto, hoje serve apenas para acumular água parada, tornando-se um foco do mosquito da dengue. 

Questionada, a Prefeitura respondeu que "uma operação conjunta entre as subsecretarias de Fiscalização de Posturas e de Limpeza Urbana será realizada para apurar as denúncias e tomar as providências necessárias."

História do Palacete do Mimi

O Palacete do Mimi foi construído na encosta da atual Estrada Boqueirão Pequeno, entre os anos 1913 e 1920. O casarão, idealizado pelo proprietário de terras Floriano Rocha Lima e financiado pelo italiano Ernesto Primo, dono de uma indústria de calçados, logo se tornou um dos maiores atrativos de São Gonçalo. Foi debaixo do nome do famoso empresário Emir Porto, no entanto, que a casa passou a ser mais conhecida na região, o que a fez ser chamada de Palacete do Mimi.

A casa composta por onze quartos, três salas e banheiros equipados com porcelana e chuveiros dourados foi comprada em 1951 pelo empresário que usou a estrutura da luxuosa mansão para inaugurar um cassino e abrigar grandes festas da alta sociedade fluminense. O local já foi visitado pelos escritores Oswald de Andrade, Mário de Andrade, além de artistas modernistas como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. Também foi visitada pelo jornalista Irineu Marinho, fundador da Globo. 

Com a proibição dos cassinos, Emir teve dificuldades para administrar o luxuoso espaço e foi onde começou o declínio do Palacete até o estado atual. Historiadores acreditam que o 'golpe final' aconteceu em 1961 com o incêndio do Gran Circo Americano, em Niterói, onde mais de 500 pessoas morreram. Por não ter onde enterrar os mortos, a Prefeitura de São Gonçalo desapropriou as terras do Palacete dando lugar ao Cemitério São Miguel. O fim do Palacete do Mimi foi decretado em 2002, quando suas ruínas foram totalmente demolidas.

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