Mulher diz que marido morreu após negligência da UPA do Pacheco, em SG
João Batista chegou à unidade com falta de ar e demorou a ser atendido

Uma família gonçalense denuncia a morte de um ente querido por suposta negligência dos médicos da Unidade Municipal de Pronto Atendimento (UMPA) do Pacheco, município de São Gonçalo. João Batista Macena de Carvalho, de 52 anos, morador do bairro Sacramento, deu entrada na unidade na última terça (25), às 10h40, com muita falta de ar. Após aguardar por atendimento na área de triagem e ser levado somente quando perdeu a consciência, ele veio a falecer às 11h50.
No prontuário, a causa de sua morte está registrada como broncoaspiração, mas sua esposa Cristiane dos Santos, de 41 anos, alega que perdeu o seu companheiro por negligência da unidade. Desolada e querendo justiça, Cris responsabiliza a unidade por não ter feito os primeiros socorros em João Batista.
“Eu cheguei na unidade com ele de cadeira de rodas, gritando e implorando por atendimento. Ninguém fez nada, até o momento que viram ele todo torto, aí o levaram para dentro. Mas antes disso, eles só ficavam andando com a cadeira de rodas dele de um lado para o outro para fazer as etapas da triagem”, relata Cristiane.
Ela conta que o que ele precisava, com urgência, era de um balão de oxigênio para ele respirar. “Ele tentava pedir ar mas os funcionários da UPA só queriam saber de fazer triagem para só depois atendê-lo. Ele precisava ter sido socorrido imediatamente”, se revolta ela.
Ainda segundo a esposa, ela estava muito fragilizada no momento que viu seu marido perder os sentidos. Cristiane relata ainda que os funcionários da UPA falaram que ela estaria fazendo escândalo.
Eu não estava fazendo escândalo, eu estava querendo ajuda. Queria que socorressem meu marido Cristiane dos Santos, esposa da vítima
Para a esposa de João Batista, ele foi morto por causa da UPA. “Eles mataram o meu marido, não atenderam como deveria atender. Ele entrou na UPA falando e andando e saiu de lá morto”, lamenta ela. “Meu marido pode até ter sido morto por causa de broncoaspiração, mas se tivesse o socorro ele teria chances de resistir”, concluiu a esposa de João.
Eles mataram o meu marido, não atenderam como deveria atender Cristiane dos Santos, esposa da vítima
Conhecido por todos
De acordo com a esposa de João Batista, ele era uma pessoa muito querida no bairro e recebia o apelido de ‘João do Banjo’. Seu marido era responsável por puxar blocos de Carnaval na região e era reconhecido pela sua alegria e talento ao tocar cavaquinho.
João passou por uma cirurgia de câncer de próstata recentemente, mas já estava curado da doença. Dias antes do seu falecimento, ele chegou a enviar alguns vídeos para os amigos mais próximos cantando a música ‘A amizade', do grupo Fundo de Quintal’. Na letra cantada por João, ele declara: “A amizade, nem mesmo a força do tempo irá destruir. Somos verdade, nem mesmo este samba de amor pode nos resumir, quero chorar o teu choro, quero sorrir teu sorriso, valeu por você existir, amigo”.
A prefeitura de São Gonçalo foi contactada para explicar a situação e respondeu que "os administradores da Upa informam que o paciente que tinha cormobidades, foi acolhido imediatamente pela equipe hospitalar e atendido prontamente. A direção da unidade vai abrir uma sindicância para apurar o caso junto aos profissionais envolvidos no atendimento."
*Estagiária sob supervisão de Thiago Soares