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Baixas por Covid-19 têm sido constantes na obra do Gaslub (ex-Comperj), denunciam trabalhadores

Segundo fontes, em junho 100% da equipe das empresas terceirizadas já teria retomado os trabalhos

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 30 de junho de 2020 - 19:13
Imagem ilustrativa da imagem Baixas por Covid-19 têm sido constantes na obra do Gaslub (ex-Comperj), denunciam trabalhadores

Representantes de sindicatos e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) das obras do Gaslub (ex-Comperj), em Itaboraí, denunciam a alta contaminação de covid-19 entre os empregados das empresas contratadas pela Petrobras. As informações foram divulgadas por O DIA.

Segundo eles, a testagem rápida e a medição de temperatura não têm sido suficientes para conter a disseminação do vírus e com isso, as baixas têm sido constantes.

Contratados por empreiteiras para a obra acusam a petroleira de deixar na mão das empresas terceirizadas o controle da disseminação do vírus, determinando apenas diretrizes de combate à pandemia, e quando atua faz testes rápidos quinzenais para detectar a doença.

Ainda segundo os trabalhadores, os testes rápidos não estão dando resultado para conter o vírus, pois apenas os empregados que apresentam anticorpos IGM positivos estão sendo postos em quarentena, deixando no local de trabalho os que possuem IGG positivo, o que também contraria as orientações científicas.

Na obra trabalhavam cerca de seis mil pessoas antes da pandemia. Em março, houve redução para 35% desse total. Em maio, as empresas contratadas elevaram o efetivo para 75% e em junho, segundo os trabalhadores, 100% da equipe teria retomado os trabalhos. A Petrobras nega esses números e informa que atualmente 35% dos funcionários continuam fora da obra, ou seja 2.100 pessoas.

Segundo as fontes, mais de 300 trabalhadores já testaram positivo na obra, e a cada testagem um número maior de pessoas se revela com o vírus. Já seriam seis os óbitos por covid-19 no Gaslub, segundo os sindicalistas e representantes da Cipa ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A Petrobras também não confirma tal informação e não quis comentar o assunto. As empreiteiras que trabalham no Gaslub também não emitiram resposta.

Em resposta ao caso, a Petrobras limitou-se a dizer que "tem compromisso com o cuidado e a proteção dos colaboradores, incluindo seus familiares e pessoas próximas. Por isso a companhia não vai informar quando algum colaborador tiver confirmação ou complicações decorrentes da covid-19. A companhia entende que, em linha com nosso valor de respeito às pessoas, a garantia da privacidade e do sigilo se sobrepõe nessas situações".

A estatal afirmou tanbém que desde o início da pandemia de covid-19 tem adotado medidas de proteção a todos os empregados e terceirizados para reduzir a propagação do vírus. A empresa disse que já realizou quatro mil testes rápidos no Gaslub e que continuará testando os empregados para garantir o retorno gradual ao trabalho na obra.

Gaslub, ex-Comperj

O Gaslub substituiu o Comperj, que seria um grande complexo petroquímico ligado à produção de gás natural do pré-sal. O projeto, administrado pelo ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, afundou junto com a Operação Lava Jato, que investigava a corrupção dentro da Petrobras. Agora, sob o nome de Gaslub, o local vai abrigar o gasoduto conhecido como Rota 3, para escoamento do gás do pré-sal, e uma unidade de processamento desse gás (UPGN), com capacidade para 21 milhões de metros cúbicos diários.

"A Petrobras reforça que as medidas preventivas adotadas em suas unidades - entre elas monitoramento da saúde antes do embarque ou início do turno; canais de comunicação e orientação para colaboradores; testagem de colaboradores com suspeita ou para triagem - são extensivas aos colaboradores de empresas prestadoras de serviços com a finalidade de reduzir a propagação do vírus nas unidades", informou.

No canteiro de obras, a Petrobras acrescentou que outros cuidados foram tomados, como rotas de transporte pré-estabelecidas para o local evitando contato, mudança nos turnos de horários de alimentação para evitar aglomeração, reforço em medidas de higienização nos locais, uso obrigatório de máscara, disponibilização de álcool em gel e instalação de pias para higienização das mãos dos colaboradores.

Apesar dos cuidados, a Petrobras lidera, em número de empregados contaminados, a lista de empresas ligadas ao Ministério de Minas e Energia (MME). Segundo o ministério, dos 46.416 empregados próprios da empresa, 1.547 foram contaminados pela covid-19, sendo que 1.333 já estão recuperados. O Ministério Público do Trabalho tem acompanhado a evolução dos casos, mas diante de divergências nos dados informados, vem estudando como proceder junto à estatal.

"A Petrobras parou de informar o histórico de contaminação e passou a informar apenas os casos ativos da doença. Então fica difícil saber exatamente quantos casos de covid temos", explicou a procuradora Flávia Bauler ao Broadcast, informando que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e outra procuradora do MPT estão analisando medidas cabíveis para obter os números corretos.

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