Niteroiense que venceu a Covid-19 após ficar entre a vida e morte diz: 'Tem que acreditar'

Por Thalita Queiroz*

Em meio a tantas perdas de entes queridos por causa do coronavírus, há ainda símbolos de vitória que conseguem sair da solidão dos quartos de CTIs para dar esperança àqueles que continuam na luta. O niteroiense Marcelo Braga Fernandes, de 45 anos, testou positivo para o coronavírus no final de abril e em meio às incertezas se conseguiria retornar para sua família, venceu o vírus que já matou mais de 13 mil pessoas no Brasil.

Ele, que trabalha na área da construção civil, sempre foi um homem ativo, mesmo apresentando comorbidades. Quando foi internado, ele pesava 184 kg. “Comecei a sentir muita dor na garganta e ficou assim por umas duas semanas. Foi aí que resolvi procurar ajuda médica”, conta ele, que não sabe onde foi infectado com o vírus, já que trabalha rodeado de muitas pessoas.

Marcelo relata que se internou no Hospital e Clínica São Gonçalo (HCSG) e lá se viu entre a vida e a morte logo depois de ser diagnosticado com a Covid-19. Seu estado de saúde piorou e ele já não conseguia respirar muito bem.

No dia 2 de maio, ele precisou ser levado para o CTI pois estava com 50% do pulmão comprometido e, com o passar dos dias, seu estado de saúde só piorava. Para Marcelo, os dias entubado foram dos piores da vida dele. “Onde eu ficava era muito pequeno, é pavoroso, quem nunca passou por isso não consegue ter ideia. Eu não sabia quando era dia e quando era noite. Eu precisava tomar morfina quase todos os dias, pois eu sentia muita dor”, relembra.

Com esposa e filha de 11 anos o esperando em casa, o mestre em obras conta que foi um momento muito complicado ficar longe da família e que não sabia ao certo o que poderia acontecer. Marcelo relata também que o que fez ele voltar a ter ânimo e apresentar melhora no seu quadro clínico, foi um tratamento com plasma que veio do Hemorio. “O plasma era de uma pessoa que se recuperou da Covid-19 e que tiveram uma boa resposta”, diz ele, que está tendo seu caso como objeto de estudo para possíveis alternativas ao combate do coronavírus.

No último domingo (10), Marcelo pode enfim reencontrar sua família e celebrar a vida. “É um alívio e felicidade muito grande. Eu não sou uma pessoa muito religiosa mas eu agradeci muito a Deus. A primeira lição que eu tiro disso tudo é que eu preciso emagrecer”, conta ele, rindo, mas sabendo que é o certo a fazer. “A gente acaba vivendo uma vida desregrada, com vícios, mas a vida vale muito mais que isso. Eu tenho uma boa esposa, uma boa filha e eu preciso valorizar isso”, conta ele.

Já de volta à sua rotina de trabalho e se sentindo disposto, Marcelo usa da sua experiência para incentivar outras milhares de pessoas que estão sofrendo diante da pandemia. “Tem que acreditar, papai do céu sabe o que faz e tem que se agarrar no que acredita. O tempo todo foquei em Deus, a gente tem que enfrentar o que vier e tem que se apoiar em alguma coisa”, completou ele, que afirma confiar muito também na ciência para que a cura seja descoberta logo.

*Estagiária sob supervisão de Cyntia Fonseca