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Fluminenses que moram no exterior contam como estão lidando com o coronavírus

Leia relatos de pessoas que agora moram em Portugal, EUA, Irlanda e Austrália

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 24 de março de 2020 - 15:09
Mercados estão desabastecidos na capital dos Estados Unidos
Mercados estão desabastecidos na capital dos Estados Unidos -

Por Daniel Magalhães*

Em todo o mundo, aproximadamente 336 mil pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus (Covid-19). A doença, que se espalhou por 173 países, já deixou mais de 17 mil mortos mundialmente. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, há 1.967 casos confirmados e 34 mortes causadas pela Covid-19. Com a estimativa de que cada infectado contamine outras três pessoas e, levando em conta que uma pessoa pode apresentar os sintomas somente 14 dias após ser contaminada, o número pode ser maior, o que torna importante o distanciamento social. Em muitos países, o domingo ensolarado com inúmeras famílias na praia ou no parque, foi substituído por ruas e orlas vazias com policiamento a fim de impedir aglomerações. Embora no Brasil o distanciamento tenha começado na última semana, outros países já o adotaram há algum tempo. Gonçalenses e niteroienses que moram no exterior relataram ao jornal O São Gonçalo como a rotina deles mudou com o novo coronavírus.

Restaurantes fechados, mercados sem produtos básicos de alimentação e higiene e transportes públicos circulando com limitação são algumas das coisas que os fluminenses estão tendo que encarar mundo afora em razão da pandemia.

Bethânia Barry, gonçalense que mora em Dublin, na Irlanda, conta que o número de casos confirmados cresceu assustadoramente rápido e alerta para que os brasileiros acatem a recomendação de ficar em casa para evitar a proliferação da Covid-19.

“Saltou de 34 casos no dia 10 de março para quase 600 em 10 dias e estima-se que chegará a 15 mil ao fim deste mês, tamanha a rapidez com que se dá o contágio. O pai da minha vizinha foi diagnosticado com coronavírus e encontra-se internado em estado grave.  Ele só saiu de casa uma vez para ir ao mercado e não faz ideia de como contraiu a doença, provavelmente de alguém jovem e sem sintomas. Por isso o isolamento do maior número possível de pessoas neste momento é essencial. É preciso estar muito consciente e não subestimar esta doença. Sair de casa somente em casos de necessidade extrema é uma maneira não somente de preservar a sua vida como também a vida de milhões de outras pessoas.”, disse Bethânia.

Os Estados Unidos estão com 48.720 casos de coronavírus e 588 mortes confirmadas em decorrência do vírus. O estado com mais casos é Nova Iorque, que concentra mais de 25 mil casos e 183 mortes. Roberta Lima, de 47 anos, mora na cidade e relata que pontos turísticos, que normalmente estão abarrotados de turistas, estão vazios e a ‘cidade que 'nunca dorme' está em um sono forçado.

“Aqui está praticamente todo mundo de quarentena, comércio praticamente todos fechados, funcionando apenas para delivery (entrega), o que está aberto são os mercados e farmácias, alguns mercados faltam alguns mantimentos, nas ruas quase não se vê pessoas, somente as que realmente precisam sair para trabalhar, metrôs e cidade vazias, os pontos turísticos, como museus, teatros, cinemas também fechados.”, disse ela.

Também moradora dos Estados Unidos, Michelle Ribeiro, está com sua família de cinco pessoas em isolamento social há mais de um mês na capital do país, Washington-DC, o terceiro estado mais afetado pela doença, com 2.221 casos e 110 mortes. Assim como os moradores de Nova Iorque, Michelle está tendo que enfrentar falta de alimentos nos mercados e também a falta de água mineral, já que em algumas partes do país é necessário comprar água por conta dos produtos que são adicionados na água encanada para impedir que esta congele durante o rigoroso inverno.

Atualmente morando na Austrália, Douglas Moraes e Juliana Alves contam como a rotina do intercâmbio deles mudou com a chegada do coronavírus no país. Os moradores da Engenhoca, na zona norte de Niterói, contam que escolas e faculdades voltadas para alunos internacionais estão com aulas online para evitar a propagação do vírus. A correria para estocar alimentos também está acontecendo no país que registra hoje 2.144 casos e 8 mortes. Mas, para evitar que idosos e outras pessoas com limitações fiquem sem produtos básicos em casa, o governo tomou uma medida.

“Nos mercados estão faltando itens básicos, mas agora estão fazendo um horário apenas para idosos e deficientes terem acesso a todos os itens e nós temos que ir em vários outros até achar tudo que precisamos.”, disse Douglas.

“Ontem (23) saiu a nota do governo que ginásios, academias e igrejas foram fechados, assim como cinemas, cassinos clubes noturnos e locais para entretenimento. Está proibido ir a restaurantes para comer e beber, mas esses locais continuam abertos. Bares só podiam servir bebida alcoólica até o meio-dia do dia 23. Agora, só está liberado escolas paras crianças que os pais queiram enviar para escola, não é obrigatório. Os filhos de pessoas da área da saúde e serviços essenciais, dentre outras, decidem o que fazer com as crianças. As escolas e faculdade para alunos internacionais como nós estão fazendo aulas online para não pararem por completo.”, finalizou.

Portugal, o 15º país com o maior número de casos, adotou rapidamente a recomendação de isolamento social e atualmente registra 2.362 casos e 30 mortes causadas pelo coronavírus. Luísa Moura, de 27 anos e moradora de Icaraí, está atualmente cursando Mestrado em Lisboa e conta que o clima de solidariedade rapidamente se espalhou no país sobretudo visando os idosos que residem no país.

“Foi muito bonito ver a mobilização das pessoas, principalmente em prol dos idosos, aqui, pois o distanciamento social se deu rapidamente e vejo que freou o avanço da doença. É estranho ver as ruas vazias, ter número máximo de pessoas no supermercado, na farmácia, na padaria e outros ambientes que frequentamos no dia-a-dia sem pensar.”, disse Luísa.

A niteroiense fez também um apelo para que os brasileiros acatem as recomendações e fiquem em casa durante a pandemia.

“Faço daqui, com muita preocupação, um apelo para todos do Brasil, para que se você tem essa oportunidade, fique em casa, pois é o jeito mais eficaz de conter a situação e proteger a todos”, finalizou.

Com 1.967 casos de coronavírus atualmente, o Brasil começou a adotar medidas de restrição desde a semana passada, fechando o acesso à praias, restaurantes e estabelecimentos comerciais não essenciais. Também, transportes públicos, como metrô e ônibus passaram a ser monitorados e a frota diminuída para evitar aglomerações. Aulas em escolas e universidades, que foram suspensas por 15 dias, agora não têm previsão de retorno e empresas estão fazendo com que os seus funcionários trabalhem de casa.

*Estagiário sob supervisão de Thiago Soares

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