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'Série Profissões': Eles acreditam que profissões antigas ainda sobrevivem

O sapateiro Régis é tradição no Alcântara

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 16 de março de 2020 - 15:34
'Seu Régis' trabalha há 40 anos como sapateiro e com o seu talento conquistou muitos clientes
'Seu Régis' trabalha há 40 anos como sapateiro e com o seu talento conquistou muitos clientes -

Por Thalita Queiroz*

Com a corrida contra o tempo e a urgência de precisar se moldar às inovações tecnológicas, muitas profissões acabaram sendo facilmente substituídas por máquinas. Mas há ainda quem resista e insista em profissões que por muitos ainda são vistas como insubstituíveis. Durante esta semana O SÃO GONÇALO vai iniciar uma série de cinco episódios, contando histórias de verdadeiros sobreviventes em algumas áreas do comércio.

No primeiro episódio, vamos conhecer a história de uma das figuras mais importantes e emblemáticas do Alcântara. O “seu Régis”, como é conhecido por muitos, é o responsável por manter uma tradição importante na cidade, ao moldar com as próprias mãos sapatos e por ter uma mão sábia ao consertar algum defeito dos mesmos. Trabalhando como sapateiro há 40 anos, Reginaldo Fonseca, de 74 anos, veio diretamente de Copacabana, bairro nobre do Rio de Janeiro, para tentar a sorte em outro lugar.

Arriscando o tudo o que tinha e não tinha, Régis encontrou em Alcântara o seu lugar e iniciou sua carreira como sapateiro. Trazendo consigo uma lista de clientes de peso, como o cantor Jorge Ben Jor e o apresentador de TV Ibrahim Sued, Régis foi um dos primeiros a abrir o seu negócio na conhecida Galeria das Flores, um centro comercial de Alcântara.

“Eu lembro do meu primeiro dia aqui, eu coloquei em cima do balcão um sapato bonito e brilhante que chamou a atenção das pessoas. Foi um sucesso desde o começo, muita gente começou a me procurar e em pouco tempo me tornei referência por aqui”, conta ele orgulhoso.

Atualmente morando no Vila Três, em São Gonçalo, Régis enxerga que o seu trabalho é fundamental para a sociedade e que durante esses 40 anos, nunca lhe faltou clientes.

“O tempo todo vem gente aqui, seja de mais idade, seja gente nova, não importa, eles sempre chegam e pedem um conserto, um modelo de sapato novo, é por isso que eu vejo que não tem como isso um dia acabar. O que eu faço aqui à mão, máquina nenhuma consegue chegar”, disse ele, que ainda acrescentou: “Enquanto existir pé, vai existir sapateiro”.

E mesmo já sendo de idade, ele busca se atualizar na área de sapataria. Com outros dois fiéis escudeiros ao seu lado, o ‘Seu Régis’ que é “tradição do Alcântara”, como diz o seu lema, já pensa no futuro do seu negócio e ensina seus dois netos a serem sapateiros de confiança para os clientes. Iury Oliveira tem 22 anos e desde os 11 ajuda o avô na loja. Formado em Direito, o jovem conseguiu pagar os primeiros anos de estudo com o dinheiro que ganhava no empreendimento da família. Aprendendo todos os dias com Régis, Iury se orgulha de continuar trabalhando na área.

Iury fala ainda de outras vertentes que esse trabalho pode proporcionar aos clientes.

“As pessoas chegam aqui precisando fazer um sapato com medidas especiais para pessoas com deficiência, isso é ótimo porque ao mesmo tempo que você faz o seu trabalho você consegue mudar o bem estar de outra pessoa”, diz ele, que afirmou a vontade de continuar ajudando o avô na loja e investir nos estudos.

O outro pupilo de Régis é Bruno Gomes, de 29 anos. Trabalhando há 13 na sapataria, o rapaz apareceu na vida do sapateiro precisando de ajuda. “Faltava três meses para a minha filha nascer e eu precisava arranjar um emprego. Eu cheguei aqui sem saber nada e hoje tudo o que eu sei é graças a ele, e pretendo levar a profissão por muitos e muitos anos”, revela Bruno que, com a proximidade dele com Régis, a relação se tornou de avô e neto.

“Tem gente que vem de Saquarema para cá, só para ser atendida pela gente, é gratificante”, conta ele. Diante dos olhares de Régis, a dupla se desenvolve bem e mostra que o futuro do empreendimento está sendo confiado nas pessoas certas e que, se depender deles, o sapateiro resistirá por muito tempo.

No próximo episódio, o jornal O SÃO GONÇALO vai contar a história do fotógrafo que precisou se reinventar e se aventurar no tradicional pastel de feira.

Estagiária sub supervisão de Cyntia Fonseca*

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