Editora de São Gonçalo foca na publicação de autores da cidade

Por Rennan Rebello

De um 'think tank' (grupo que se reúne para debater temas ligados a sociedade) criado em 2003, no campus da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP-UERJ), no bairro do Patronato, em São Gonçalo, à uma editora que publica trabalhos literários e acadêmicos de autores gonçalenses e um jornal impresso semanal (intitulado como Daki) e um site ligados a este periódico.

Essa é a história da editora Apologia Brasil (AB), que teve no ano passado, um stand no 1º Festival Literário de São Gonçalo, o Flisgo. A editora é comandada pelo historiador e jornalista, Helcio Albano, 45, que abre espaço para que pessoas sigam debatendo sobre temas pertinentes ao município através das palavras.

"O custo (da publicação) é rachado com o autor assim como o resultado das venda. Isto varia muito. Mas a Apologia Brasil publica e edita. Já que hoje há uma estrutura básica onde as publicações podem ser adquiridas pelos leitores. Por exemplo, o 'Cambada - crônicas de papa-goiabas', do nosso autor Erick Bernardes é o nosso 'best seller' (sucesso de vendas) gonçalense e pode ser encontrado tanto na editora ou pelas mãos dele. Em suma, a nossa relação com o autor é sempre algo que o privilegia", explicou Helcio, em entrevista a O SÃO GONÇALO, onde também relembrou o conceito por trás da AB.

"Tudo começou na FFP-UERJ, eu e mais uma turma de estudantes criamos o 'Grupo dos Iguais' com estudantes de vários cursos como História, Geografia, Letras, entre outros e o nosso intuito era estudar a fundo a forma de relacionamento do estado com a sociedade; isto é, suas manifestações políticas, sociais, culturais, econômicas, e como isso impactava o sistema de educação brasileiro. Éramos bastante pretensiosos, mas depois fizemos um recorte espacial/territorial mais específico: São Gonçalo. A partir disso, sentimos encorajados a criar um manifesto de exaltação o papel da universidade para a cidade, em meio a eterna turbulência política que envolve a instituição. O título do manifesto era "Apologia à FFP-UERJ" e daí surgiu o nome do grupo Apologia, que durou de 2004 a 2008. Os fundadores originais são dois, eu e a Joyce Braga. Mas outros participaram da empreitada, como o Maurício Mendes e o André Correia. Cada um seguiu seu caminho e eu adaptei a ideia e fundei a Apologia Brasil, com este nome para evitar contestações futuras", relembrou.

Quem vê a militância sociopolítica de Helcio para com a cidade afim de contribuir e catalizar o pensamento intelectual genuinamente gonçalense sequer imagina que inicialmente ele chegou a ter raiva do município. 

"Eu tinha raiva de São Gonçalo. Foi isso que me motivou a viver e domá-la, vencê-la. O novo e a esperança são obrigados a coexistir com o ranço da derrota, do atraso, da desistência do existir. Superar isso em São Gonçalo é bem difícil. Inclusive, o nosso início foi complicado, chegamos a contrair um empréstimo de R$ 10 mil para a editora mas o investimento não retornou. Nossa proposta é inspirar as pessoas", finalizou o editor que também atua como assessor de comunicação e consultor político do Sindicato dos Servidores Públicos e Efetivos de São Gonçalo (Sindspef) e foi responsável pela vinda do chargista Renato Aroeira e a sua banda, Trio das Quartas (jazz, choro, bossa nova, bolero), para tocar no restaurante Sintonia Fina, no bairro Estrela do Norte, em 2015.

Para quem tiver interesse em publicar algum trabalho de pesquisa ou voltado a literatura local ou queira conhecer as publicações da Apologia Brasil. Basta entrar em contato através do Whatsapp: (21) 97124-4527 ou pelo site:  apologiabrasil.wixsite.com/editora onde também é possível conferir os livros de autores locais disponíveis para venda.