Instagram Facebook Twitter Whatsapp
Dólar R$ 5,2089 | Euro R$ 5,5496
Search

Gonçalense é destaque em campeonato de balé nos EUA

O prêmio foi recebido no último dia 1º, em Orlando

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 10 de dezembro de 2019 - 12:25
O prêmio foi recebido no último dia 1º, em Orlando
O prêmio foi recebido no último dia 1º, em Orlando -


Por Pâmela Dias*

Garra, determinação e persistência. É dessa forma que amigos e parentes descrevem a bailarina e professora de dança Laine Faria Martins Caiado, de 31 anos. Após 18 anos de dança, a gonçalense, moradora do bairro da Trindade, em São Gonçalo, recebeu no último dia 1º o troféu de segunda colocada no campeonato All Dance World, a maior organização de dança do mundo, com presença em cinco continentes e mais de 100 países, em Orlando, nos Estados Unidos.

A história com o torneio internacional começou em novembro do ano passado, quando o projeto que Laine faz parte inscreveu três coreografias de cinco alunas da instituição. O Movimento Preservar é um projeto gratuito que oferece aulas de dança para crianças e jovens de baixa renda, no Arsenal. Para felicidade das meninas, o resultado foi divulgado em fevereiro deste ano com a informação de que todas as coreografias foram selecionadas.

Como o torneio acontece nos Estados Unidos, as bailarinas, junto ao coordenador do projeto, Nélio Pereira, começaram a promover almoços beneficentes, rifas e a arrecadar doações para realizar seus sonhos. No entanto, por falta de verba, as alunas Sara Cristina (17), Kesla Galvosa (20), Hayana Diniz (18) e Laura Carolina (17), todas moradoras do Arsenal, em São Gonçalo, não conseguiram competir.

Desde os três anos de idade Laine sonhava em ser bailarina. Sendo a única que conseguiu embarcar para o torneio estadunidense, apresentou o sua dança solo ao som de “May it be”, música tema da saga “O Senhor dos Anéis”. Além disso, devido aos altos custos das roupas usadas nas apresentações, a bailarina confeccionou seu próprio acessório, que, para ela, traduz tudo aquilo que queria transmitir: leveza e simplicidade.

“Minha roupa conversa muito com a música e comigo. Eu sou leve, danço de forma mais lenta, até por conta do meu físico e idade. Tem meninas que dançam mais forte e rápido. Mas eu escolhi essa música por conta disso, ela traduz quem eu sou, e a roupa branca completou tudo”, contou a bailarina.

Para os vizinhos de Laine, ela é o orgulho de São Gonçalo. Ela que hoje dá aulas de dança para crianças e jovens de 3 a 22 anos e cursa biomedicina na Universidade Salgado de Oliveira - Universo é muito querida pelo porteiro da instituição de São Gonçalo, Wilson de Sousa, de 49 anos, que a vê como uma filha.

“Essa foto que o fotógrafo tirou dela aqui na universidade eu vou mandar fazer um quadro e dar de presente para ela. Essa menina merece todo o sucesso e felicidade do mundo pela sua determinação e garra”, contou ele emocionado.

Laine dedica a vitória à sua mãe, que faleceu recentemente e sempre foi sua fã e a acompanhou em todos as suas apresentações de dança. Mesmo sem condições financeiras, Ligia Faria dos Santos acreditou no talento da filha e foi sua maior incentivadora.

“Hoje sou muito grata à minha mãe por ela ter acreditado em mim. Dando aulas eu vejo que tem mães que fazem um esforço imenso para pagar as aulas para as filhas e outras não. Esse troféu é dela, por todas as vezes que ela me incentivou, acompanhou e me ajudou a ser o que sou hoje”, disse emocionada.

O conselho que a gonçalense deixa para as meninas que, assim como ela, são de baixa renda e sonham em ser bailarina é simples: “Nunca desistam, tenham disciplina, corram atrás que dá certo, independentemente do que disserem e do tempo que levar. O balé leva bastante tempo. Na minha idade o balé já teria acabado para mim, então está sendo ainda mais gratificante. Acho que as coisas levam tempo, mas nunca desistam porque tudo tem seu tempo”.

O próximo campeonato do All Dance World vai acontecer na Itália, de 21 a 26 de abril de 2020. Para participar, as alunas do Movimento Preservar vão realizar novas arrecadações para custear a ida ao torneio e, quem sabe, trazer novas premiações para solos gonçalenses.

*Estagiária sob supervisão de Marcela Freitas 

Matérias Relacionadas