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Os Invisíveis: Jovens ambulantes que buscam renda nos sinais de trânsito

Conheça a história de Jederson e Anderson

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 29 de novembro de 2019 - 15:56
Jederson Alexandre tem 29 anos e precisou voltar às ruas depois de perder o emprego
Jederson Alexandre tem 29 anos e precisou voltar às ruas depois de perder o emprego -


Por Thalita Queiroz*

No último episódio da série Os Invisíveis, vamos conhecer a realidade dos jovens que, por falta de oportunidade, precisaram ir aos sinais para conseguir levantar o sustento da família. Colocando no rosto a coragem e a simpatia, Jederson Alexandre, de 29 anos, e Anderson Leonardo, de 19 anos, encaram todos os dias os vidros de carros fechados e as caras feias, para conseguir uma renda no final do mês.

A rotina se repete, de segunda a sábado Jederson e Anderson vão aos sinais do Colubandê, em São Gonçalo, para oferecer doces entre os carros e essa não é uma missão fácil. Jederson, morador do Jockey, bairro de São Gonçalo, chega todos os dias às 8h e trabalha até às 17h, mas por trás dessa rotina existe um pai de família que tem um grande sonho, ter o seu próprio Lava Jato. “Eu já trabalho nas ruas há uns 5 anos vendendo água e agora comecei a vender doces. Não vou falar que é fácil, enfrentamos muita cara feia, xingamentos e na maioria das vezes é como se a gente nem estivesse ali”, conta ele.

Jederson diz que consegue tirar de lucro por dia um valor de R$ 50 a R$ 60 e que isso é uma grande ajuda para colocar o alimento dentro de casa. “Eu acredito muito em Deus e sei que preciso me manter firme, tenho 3 filhos para sustentar e posso contar com minha esposa, que também me ajuda quando pode aqui nas ruas”. Ele revela também que já sofreu preconceito quando estava trabalhando. “Uma vez eu estava entrando no Assaí, estava de boné e chinelo, uma moça me viu andando atrás dela e começou a correr achando que eu ia assaltar ela, e nessa situação eu só estava indo comprar mais água para vender na rua”, conta ele que diz jamais esquecer da cena.

Quem vê o rapaz entre os carros não imagina que ele é um dos líderes da sua igreja, onde organiza vigílias, é responsável pelos jovens de uma igreja evangélica e prega nos cultos. “Uma coisa é certa, não importa se no dia eu vendi pouco, se eu tiver compromisso na igreja eu largo tudo e vou para lá. Eu já fiquei perto de realizar o meu sonho, que é ser dono de um Lava Jato, mas eu perdi tudo. Recomeçar não é fácil, mas eu tenho muita fé dentro de mim”, diz Jederson.

Além dele, Anderson Leonardo, de apenas 19 anos, tem uma história de superação por trás do colete que usa para vender mariolas em um sinal na frente da praça do Colubande. Diferente de Jederson, Anderson é mais jovem e desde pequeno precisou tomar algumas responsabilidades para si. “Meu pai saiu de casa e me deixou com minha mãe, minha irmã e minha sobrinha, as coisas não ficaram fáceis e eu precisei vir vender alguns doces no sinal”, conta ele.

O vendedor estava exposto a várias caminhos incorretos para seguir, mas ele reconhece que estar trabalhando é uma forma de resistência diante da sociedade que finge não vê-lo. Ele conta: “Eu prefiro estar aqui, trabalhando honestamente e ainda assim receber xingamentos e ver vidros de carros sendo fechados, do que ir para o mundo e fazer coisas erradas”.

A rotina de Anderson não é muito diferente do Jederson não. Ele sai de casa todos os dias às 6h30 da manhã e volta somente às 18h. “É pouco dinheiro mas é uma forma de conseguir ajudar minha mãe dentro de casa”, diz que ele também sonha em dar vôos altos. “Eu estou estudando ainda e quero ser alguém na vida, quero ter a minha casa e quem sabe um comércio para trabalhar como eletricista”, conta ele.

*Estagiária sob supervisão de Thiago Soares

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