Escolas em São Gonçalo abrem espaço para educação inclusiva

Por Thalita Queiroz*

O processo de inclusão para pessoas com deficiência (PCD) no Brasil ainda é uma tarefa árdua, com um longo caminho a ser percorrido. Mas, para trilhar esse percurso diversas crianças e jovens PCD contam com a ajuda de professores e instituições que buscam, na prática, mostrar que a inclusão dentro das salas de aula é um processo fundamental para o crescimento do estudante, não sendo apenas algo para dentro da escola mas também para o convívio social.

Projetos de leis estão sempre surgindo no Congresso com a finalidade de criar aperfeiçoamentos nos projetos de inclusão nas escolas, em que alunos com deficiência podem estudar com alunos sem deficiência. A constante busca por implementar leis é um resultado do cenário atual. Acontece que alguns pais ainda estão em processo regressivo ao pensar na possibilidade dessa inclusão. 

A luta incessante contra o pensamento retrógrado parece estar fazendo efeito. Após pesquisa do Datafolha, encomendada pelo Instituto Alana, os números indicam apoio à escola onde todos aprendem juntos. Para obter esses resultados, 2.074 pessoas foram entrevistadas em 130 municípios. 68% dos entrevistados são contra à afirmação de que a criança com deficiência em sala atrasa o aprendizado das sem deficiências. 59% discordam que crianças com deficiência devem estudar só com crianças com a mesma condição. 

Duas escolas de São Gonçalo se mostraram empenhadas em progredir nesses processos de inclusão e em promover atividades que possam levar o conhecimento para pais e alunos. A escola de aplicação Dom Hélder Câmara, em Trindade e o Centro Educacional Luciete Manhães, desenvolvem e incentivam a presença de alunos PCD na instituição.

Ângelo Gabriel e Lucas Carvalho são exemplos que a inclusão dá certo 

Alunos do Colégio de Aplicação Dom Hélder Câmara, em Trindade, São Gonçalo, são incentivados a caminhar junto com outros alunos, promovendo a educação inclusiva. Ângelo Gabriel, de 16 anos e Lucas Carvalho de 18 anos, são um dos 23 alunos que possuem algum tipo de deficiência na unidade de ensino. Lucas é recordista de medalhas, ele pratica basquete, natação, corrida e até arremesso de peso. A mãe dele conta toda orgulhosa que a melhor iniciativa que ela poderia ter feito foi colocar seu filho nessa escola. “No começo é muito difícil mas ele se adaptou muito bem e tem todo o suporte de aprendizado com os professores. Ele convive com outras crianças e jovens e isso é bom”, conta a mãe Arilda Carvalho, de 57 anos. 

Ângelo Gabriel está há três anos na escola e neste período já aprendeu até a desenhar com o porteiro da escola. “Eu gosto muito de ler, escrever, estudar e poder estar perto dos meu amigos”. A mãe revela que na maioria dos lugares que ele vai, alguém conhecido esbarra com ele. “Eu encontrei um lugar para o meu filho, ele ama estar aqui e eu sinto que essa inclusão é fundamental para o seu aprendizado. Eu tirei ele da antiga escola pois lá não tinha nenhum suporte”. 

A coordenadora da educação especial da Escola de Aplicação Dom Hélder Câmara, Cristiane Santos, fala que a sociedade acaba limitando o outro e o que eles fazem é descobrir o talento das crianças e jovens PCD. “Aqui são 3 turmas para crianças e adolescentes especiais, fazemos um trabalho dentro da sala de aula e a integração com os outros alunos acontecem simultaneamente e naturalmente”. Além disso, há um trabalho com a ajuda de estudantes da faculdade Salgado de Oliveira, que fica no mesmo campus que a escola. “Temos o acompanhamento de alunos que cursam educação física, fisioterapia, psicologia e nutrição em algumas atividades”, conta Cristiane. 

A pró-reitora da Universo, Jaina dos Santos Melo fala da importância da educação inclusiva na escola e na faculdade. “Eu tenho um coração especial para pessoas que precisam de ajuda, acredito que para aqueles que têm uma maior dificuldade precisam de mais amor e de outras necessidades especiais”, conta Jaina que já pensa em novos projetos para os alunos do ensino fundamental. “Vamos tentar colocar aulas de yoga e meditação”. 

Escola em Santa Izabel promove feira para falar de ensino inclusivo

No dia 23 de outubro, o colégio Centro Educacional Luciete Manhães, do bairro de Santa Izabel, em São Gonçalo, terá uma feira cujo objetivo é a conscientização da comunidade sobre a importância da Educação Inclusiva dos seus direitos, leis e respeito. A coordenadora pedagógica da instituição, Flávia Barbosa, trabalha há 13 anos com esse tipo de inclusão e é uma das organizadoras da feira. 

“Cada turma ficou com um tema, falaremos sobre o Transtorno Bipolar,   Síndrome de Tourret, Deficiente Físico, Deficiente visual, Síndrome de Down , Esquizofrenia, Síndrome do Pânico, Deficiente Auditivo , Autismo, Animismo e Hiperatividade”, explica ela. Cerca de 200 alunos estarão apresentando algum desses temas. “Queremos mostrar como é o tratamento e o que pode ajudar nesse percurso. Os alunos estão levando com seriedade essa missão e estamos todos juntos para ajudar o outro”, diz Flávia. 

A feira, que leva o tema “Incluir é sair das escolas dos diferentes e promover a escola das diferentes", acontecerá na própria unidade de ensino colégio Centro Educacional Luciete Manhães, localizado na Estrada de Santa Isabel, rua 26 de Outubro, no bairro Parada Feliz em São Gonçalo. 

Educação inclusiva é uma modalidade que inclui alunos com qualquer tipo de deficiências ou transtornos, ou com altas habilidades em escolas de ensino regular. Um  dos objetivos da inclusão escolar é o de sensibilizar e envolver a sociedade, principalmente a comunidade escolar.

Estagiária sob supervisão de Cyntia Fonseca*