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Outubro Rosa: entenda o câncer de mama e conheça o Espaço Rosa em SG

O autoexame é de extrema importância para a prevenção da doença

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 11 de outubro de 2019 - 16:40
Imagem ilustrativa da imagem Outubro Rosa: entenda o câncer de mama e conheça o Espaço Rosa em SG

Por Ana Carolina Moraes*



Neste mês é comemorado o Outubro Rosa, que tem como objetivo alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e do câncer de colo do útero. O dia foi criado no início da década de 1990, mas a discussão e a conscientização das mulheres com relação à essas doenças ainda é necessária nos dias de hoje. 



Existem locais que ajudam no diagnóstico e no tratamento das mulheres que sofrem dessas doenças. Um deles é o Espaço Rosa, em São Gonçalo, que atende uma média de 2,5 mil a 3 mil mulheres por mês. O local fica anexo ao Hospital Luiz Palmier, na Praça Estephânia de Carvalho, s/n- Zé Garoto. 



O Espaço promove várias campanhas, como a doação de cabelos para fazer perucas para mulheres que passam pela quimioterapia, além de reuniões para ajudá-las no tratamento do câncer. 



Um dos médicos que trabalha no Espaço Rosa é o Dr. Antonio Accetta Neto, que é médico mastologista e titular da Sociedade Brasileira de Mastologia. Ele trabalha com mastologista no local desde 2000. Lá, eles realizam o diagnóstico da doença, dizendo o estágio em que ela está, além de fazerem diversos exames, como
 mamografia, ressonância das mamas e biópsias.

O médico afirma que o diagnóstico precoce é importante: “ A gente não consegue evitar que o câncer apareça, o mais importante é o diagnóstico precoce.” Ele ainda completa: "Quanto mais cedo as pacientes receberem o diagnóstico de que estão com câncer e iniciarem o tratamento, mais rápido elas poderão se curar." No local, também existem ginecologistas que realizam exames, como o preventivo.  


Dr. Antônio faz algumas recomendações: fazer a mamografia uma vez por ano, a partir dos 40 anos, e, caso necessário, fazer mais vezes ao ano para acompanhar alguma lesão. Outro exame é ultrassonografia de mama, além da biópsia de alguma alteração, e, em alguns casos, existe a necessidade de fazer a ressonância magnética das mamas. Ele pede também que as mulheres façam seus exames de 6 em 6 meses com um mastologista e façam o autoexame uma vez ao mês, depois do período menstrual. Para as que não menstruam mais, a orientação é escolher uma data do mês para fazer o autoexame. Dr. Antônio ressalta a importância do auto-exame: “Com eles, as pacientes podem conhecer a própria mama e percebendo alguma alteração, elas deve fazer uma avaliação com o mastologista.” 



Ele também diz que existem indícios que podem ajudar as mulheres a perceber se algo está estranho com o sua mama, como a alteração na pele, “ela pode ficar com o aspecto “casca de laranja”, pode ficar vermelha, coçar e descascar”, além de identificar algum caroço nos seios, também é importante analisar se sai alguma secreção do mamilo. A recomendação é que o autoexame seja feito no banho, porque a mama desliza melhor e a mulher consegue se auto avaliar com mais facilidade. Caso a mulher perceba algo desse tipo, deve-se procurar um mastologista e avaliar a situação com ele.



O Espaço Rosa realiza o diagnóstico e encaminha a paciente para um centro de tratamento próximo. Mas, mesmo depois disso, eles continuam cuidando e acompanhando a mulher, visitando elas em hospitais e realizam também o acompanhamento da paciente com alguns exames depois da operação de retirada da mama, para evitar que o câncer volte. 



A dica do Dr. Antônio é sempre fazer os exames de rotina e o autoexame. “Quanto mais cedo você descobrir que está com o câncer de mama, maiores são as chances da paciente de ficar curada”, afirma o médico.  

Mas, para além do bem estar físico, o Espaço Rosa também cuida da paciente psicologicamente. A coordenadora do local, Patrícia Silva, afirma o objetivo do Espaço: “quando a gente assumiu a unidade, vimos a necessidade de fazer mais pelas pessoas.” Patrícia coordena projetos, como o grupo Unidas pela Vida, que começou com 5 mulheres e hoje conta com mais de 400, onde elas conversam sobre o câncer e a experiência que viveram, além de ajudar mulheres que ainda estão passando pela situação.

Outros projetos são: a doação de cabelos para fazer perucas; a doação de lenços; as próteses de alpiste que o Espaço faz para ajudar as mulheres que precisaram retirar a mama, já que essa cirurgia, além do estético, pode ajudar o corpo da paciente que fica desequilibrado sem um seio, podendo até causar problemas na cervical de mulheres; além de doar cestas básicas e reintegrar as mulheres que sofreram com o câncer no espaço de trabalho, em parceria com a Feira Maria José, onde elas vendem artesanatos e bolos.



A coordenadora do local ressalta a importância de valorizar a mulher e ajudar elas a passarem por essa situação difícil, que pode desequilibrar elas também psicologicamente. “Além do apoio emocional e o estrutural da estética, também damos o apoio estrutural, com orações no último domingo do mês, independente da religião. Não somos só uma unidade de saúde, mas um local de apoio, onde essas mulheres sabem onde procurar o socorro.” 



Alguns projetos, como redesenhar a auréola do bico do peito da mulher ou fazer a micropigmentação na sobrancelha, também são realizados pelo espaço, que, segundo Patrícia, pode ajudar as mulheres que as vezes não se reconhecem mais no espelho estando sem sobrancelha. “Tudo para devolver a autoestima, é essencial, faz parte do tratamento. Quando você está ali, vê que não está sozinha, está interagindo com outras mulheres e vê que outras mulheres venceram, elas pensam eu também vou conseguir.” Patrícia também fala sobre a importância da rapidez no diagnóstico do câncer: “30 dias para um paciente com câncer pode ser muito tempo.”



Uma das pacientes do Espaço Rosa que venceu o câncer se chama Roberta de Oliveira, de 44 anos. Ela já tinha histórico de câncer na família, mas nunca acreditou que teria a doença até que aparecesse um nódulo no seio dela. Roberta fala que ficou em choque quando recebeu o diagnóstico: "Ee só pensava nas pessoas que morreram com câncer, nunca nas pessoas que se curaram.”

Roberta ainda falou como o espaço a ajudou: “Quando eu conheci o Grupo Unidas pela Vida, eu já estava em tratamento e me ajudou muito a esclarecer dúvidas e ver que eu não estava sozinha, além de me ajudar na autoestima, porque eu reagi "para cima" e acreditei que iria me curar e ficou mais fácil de passar pelo tratamento.”



Roberta foi identificada com o câncer em 2016, mas hoje ela já está curada e ajuda outras pessoas do Espaço Rosa a passarem por esse momento difícil. “Uma coisa é você falar para alguém que tem o câncer que tudo vai melhorar, outra é você dizer que você venceu o câncer. A pessoa olha para você com mais esperança e pensa que pode vencer também.”

Roberta não teve um diagnóstico precoce, ela foi identificada com o câncer de mama já no estágio 3, mas afirma: “Se eu tivesse feito os exames antes, teria me ajudado muito. Quando eu saí daqui com o diagnóstico do câncer, estava escrito URGENTE, talvez eu tivesse evitado isso. Também tem as pessoas que tem medo de descobrir que tem alguma coisa e não vão no médico, mas é um erro, porque a pessoa vai descobrir e vai estar em um estágio mais avançado da doença.”

Ela ainda deixa uma lição: “O ideal não é você ir em um exame de rotina porque está com um nódulo, mas ir mesmo que não tenha nada. Se eu tivesse ido antes, poderia ter ajudado mais ainda na minha situação. A prevenção é importante.”



Quem também venceu o câncer com a ajuda do Espaço Rosa foi Tathiana França, de 41 anos, que já está curada a mais de 1 ano. Ela diz que foi diagnosticada no local, depois de identificar no auto-exame um caroço no seio. Ela afirma que seus exames lá foram todos feitos de maneira muito rápida. A mulher conta que quando descobriu o câncer estavam sem saber o que fazer e não entendia direito o que estava passando, além do medo que estava sentindo da doença, mas foi o Espaço Rosa quem ajudou ela a entender e a realizar os próximos procedimentos médicos que deveriam ser feitos. Ela disse que o apoio foi importante até na hora da cirurgia de retirada de uma de suas mamas.

“Eu acho muito melhor eu conversar com alguém que entende o que é ter câncer, como elas, do que falar com alguém que não entende o que é. Elas me ajudaram a não entrar em uma depressão, a me reerguer.” Ela também fala que o Espaço ajudo ela na questão do cabelo, da sobrancelha e depois da prótese de alpiste e de silicone, que conseguiu por parceiras do local com o centro do Ostomizados. 




Priscila Domingues, de 35 anos, também se curou do câncer e descobriu que tinha a doença quando saíam secreções de seu seio. Ela, que retirou os dois seios na operação de mastectomia, afirma que venceu o câncer se inspirando em sua mãe, que também teve a doença. “Eu pensei: se ela operou o câncer e está bem com 72 anos, eu também vou ficar bem.” Além disso, ela também diz que sempre ia ao ginecologista, mas não fazia exames de rotina no mastologista.

Recentemente, Priscila descobriu que está com um nódulo no pulmão, mas ela afirma que vai usar a mesma técnica que usou no câncer de mama. “Eu acredito que já estou curada e estou deixando Deus fazer o resto.” Ela também diz que também continua recebendo o apoio do Grupo Unidos pela Vida de Patrícia. 



O Espaço Rosa planeja alguns eventos neste mês para comemorar o Outubro Rosa, como a Caminhada do Outubro Rosa (às 10h no dia 27), cortes de cabelo para doação (nos dias 09 e 26), um passeio grátis para Ilha Grande (30), além de palestras, oficinas, ações sociais e eventos em shoppings durante todo o mês.

Esse mês também será inaugurado o Sino da Esperança, no dia 14, onde as pessoas que tocarão serão as que venceram o câncer, para mostrar a todos que esta etapa da vida delas acabou e elas podem seguir em frente.

“Para quem tá de fora parece bobo isso do sino, mas a gente que tá de dentro sabe a importância, porque quando você descobre o câncer, parece que nunca vai terminar. E você tocar e ver que passou, é muito gostoso isso", afirma Tathiana. Para saber mais sobre os eventos do Espaço Rosa, basta acessar as redes sociais do local. 

Estagiária sob supervisão de Marcela Freitas*

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