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Metade da população mundial será míope até 2050, diz pesquisa

Especialistas explicam peculiaridades da doença

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 13 de setembro de 2019 - 16:31
 Giselle, de apenas 9 anos, desenvolveu miopia por uso excessivo de aparelhos eletrônicos
Giselle, de apenas 9 anos, desenvolveu miopia por uso excessivo de aparelhos eletrônicos -

Por Myllena Vianna*

Uma pesquisa realizada pela Academia Americana de Oftalmologia (AAO), prevê que metade da população mundial será míope até 2050. O problema de visão acomete crianças, jovens e adultos, e uma das principais causas é o uso excessivo das novas tecnologias. Em países asiáticos, como China, Singapura e Japão, a miopia já se transformou em epidemia,  o número de jovens e adultos chega a 90%. Esse crescimento significativo é pelo fato de os aparelhos eletrônicos terem chegado há mais tempo nessa região.

Segundo uma pesquisa do Ministério da Saúde, a miopia já atinge 35 milhões de brasileiros. Um censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o uso de óculos de grau é 35% maior em mulheres. Isso porque os componentes das maquiagens e cosméticos facilitam o desenvolvimento dos problemas de visão.

A miopia é um distúrbio visual, cujo o globo ocular é mais longo, fazendo com que a imagem se forme antes da luz chegar à retina. As pessoas míopes enxergam os objetos embaçados quando há distância. A miopia aumenta os riscos de degeneração macular e descolamento de retina, que podem levar à cegueira.  

Segundo Vanessa da Matta, sua filha Giselle, de apenas 9 anos, desenvolveu 1.0 grau no olho esquerdo e direito, por causa do uso excessivo de aparelhos eletrônicos e começou a ter dificuldades para copiar os exercícios escolares. Vanessa contou ainda que aos 6 anos, a menina foi submetida a exames para identificar se o problema  causado por questões hereditárias, já que o pai tem miopia, mas nenhum problema foi diagnosticado. Ela afirmou ainda que a adaptação da menina ao óculos foi rápida.

“A Giselle desenvolveu a miopia com 8 anos de idade. Eu comecei a perceber por causa dos deveres da escola. Vinha muita coisa copiada errada, comecei a prestar atenção e perguntar a ela  o que estava acontecendo, foi quando ela me falou que estava com dificuldade de enxergar o quadro. A Giselle desenvolveu o problema de visão por conta das horas que passava nos aparelhos eletrônicos, era quase o dia inteiro jogando. Ela chegava da escola, fazia as atividades escolares e ia para o tablet jogar”, afirmou.

Após o diagnóstico da miopia, Vanessa tomou algumas medidas para que não tivesse um aumento considerável. Ela afirmou ainda que a adaptação da menina ao óculos foi rápida.

“A adaptação dela ao óculos de grau foi bem tranquila, ela não teve nenhum tipo de dificuldade. Uma das medidas foi diminuir o uso de aparelhos, o médico estipulou uma hora e meia. A única reclamação dela, é quando vai para a piscina ou brincar de bola, porque tem medo de se machucar, mas nada além disso”, disse.

Os problemas de visão não surgem apenas na infância. Na fase adulta, a população também pode apresentar os sintomas. A psicóloga Fernanda Vianna, de 26 anos, começou a não enxergar perfeitamente há 2 anos e afirma que se assustou um pouco ao depois de adulta, conseguir se adaptar a ter um “novo olhar”. Atualmente, ela tem 1,25 graus no olho direito e 2,25 no olho esquerdo.

“A diferença entre um grau e outro é bem grande, enxergo muito embaçado no olho esquerdo, enxergo muito mal. Acredito que tenha sido por conta das horas exaustivas de trabalho e o tempo precisando utilizar o computador, além dele uso também outros aparelhos eletrônicos. Eu percebi quando não conseguia mais ver o letreiro do ônibus e enxergava tudo embaçado quando havia uma distância. Como a minha irmã desenvolveu desde nova, pensei que pudesse ser o mesmo problema e fui ao oftalmologista. Eu não gosto muito de usar óculos de grau, utilizo mais no dia a dia. Para sair ou a noite com uma maquiagem não fica bom e acabo optando pela lente de contato”, contou.

 A médica oftalmologista Gladys Cunha, alerta que no Brasil ainda não há uma epidemia e que atualmente esses problemas de visão são diagnosticados mais rapidamente pelo acesso mais fácil com os profissionais. 

“A miopia, e outros problemas de visão, estão sendo diagnosticados mais precocemente, o que não acontecia antigamente. A miopia é uma alteração anatômica do olho e não uma doença que tenha como se prevenir. É imprescindível fazer o diagnóstico e realizar o acompanhamento anual”, explicou.

Segundo Gladys, a cirurgia de correção da miopia varia em cada caso e que em determinados pacientes podem ficar resíduos do grau, fazendo com que ele ainda enxergue embaçado.

“A realização da cirurgia vai depender de exames complementares. O pós operatório requer cuidados, mas o paciente se recupera com a evolução da visão gradativa. De acordo com o paciente, pode ser que exista resíduos do grau em função da cicatrização da córnea. É necessário lembrar sempre: Nada de exames sem ser com o oftalmologista”, alertou 

 Estagiária sob supervisão de Cyntia Fonseca*

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