Fazenda Colubandê: histórico 'cartão postal abandonado

Por Daniela Scaffo

A Fazenda Colubandê, localizada no bairro do Colubandê, no município de São Gonçalo, continua no seu cenário de indefinição. O espaço, que é marco da arquitetura colonial brasileira, está abandonado desde que o Batalhão de Polícia Florestal e Meio Ambiente (BPFMA) deixou o local, em 2012.

Apesar das promessas de reativação da Fazenda, assim como da Capela de Santana, que pertence ao conjunto construído em estilo barroco, nenhuma delas foi cumprida. Hoje, a gestão provisória está sendo feita pela Polícia Militar, na linha direta o 7º BPM (São Gonçalo) que está geograficamente respondendo por ela.

Atualmente, o Coletivo Fazenda Colubandê - Quem Ama Cuida, realiza atividades mensais no espaço. Segundo Cleise Campos, que faz parte do Fórum Gonçalense de Cultura, o grupo está na expectativa de conseguir marcar uma agenda com o governador, para apresentar uma proposta de ação compartilhada para gestar a Fazenda, integrando Estado, a sociedade civil e a prefeitura.

"A gente tem conseguido pelo Coletivo Fazenda Colubandê, manter atividades mensais. Esse mês, é no último sábado de setembro, quando inclusive terão turmas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), do departamento de história. A gente tem tentado estabelecer uma agenda com o governador do estado, ainda sem data", informou Cleise.

Mesmo sem definições do Governo do Estado, o coletivo tem conseguido manter as articulações de parceria e de ação de apoio compartilhado de alguns cuidados mais específicos com a Fazenda.

"Tivemos uma interlocução muito positiva na secretaria de Estado de Turismo, que recebeu com muita positividade a nossa proposta de ações culturais na Fazenda, envolvendo turismo e gastronomia, para aliar as atividade de arte, cultura e economia da cultura", emendou.

Apesar dos esforços do Coletivo, o grupo ainda não conseguiu fechar nenhuma das propostas de emenda parlamentar enviadas, para entrada de recursos.

"A nossa proposta de consertar um banheiro é para estender um pouco mais a atividade, que só dura duas horas a cada vez que a gente vai lá. A Fazenda continua sem energia e sem fornecimento de água, desde julho de 2012, quando o batalhão florestal saiu de lá", finalizou.

Moradores pedem apoio para Fazenda - A dona de casa Juciara Lopes da Silva, 40, contou que há pelo menos 4 anos realiza caminhadas diárias nas trilhas da Fazenda Colubandê. Apesar de ter começado a atividade após o conjunto arquiteto ficar abandonado, ela conta que o local faz parte de sua infância.

"Esse lugar é lindo e fez parte da minha infância. Hoje, está abandonado e arrancaram até mesmo as árvores frutíferas que haviam no terreno. A comunidade é um local carente, que precisa de espaços como esse para trazer mais cultura e lazer para a população, se não, acaba virando local para uso e venda de drogas", explicou Juciara.

A irmã da dona de casa, a cozinheira Juliana Lopes da Silva, 41, ainda acrescentou que a própria população está degradando ainda mais o espaço.

"A própria população colocou diversas placas de papelão acumuladas próximo a vegetação aqui da Fazenda.Há uns 15 dias, provavelmente alguém jogou uma biga de cigarro em cima desse lixo, e virou uma labareda, atingindo toda a vegetação em volta. Tem como fazer muitas atividades aqui, mas infelizmente o local está abandonado", emendou Juliana.

Um comerciante que trabalha nas proximidades da Fazenda há seis anos, Edmar Machado, 59, declarou como triste o cenário que vê diariamente.

"É um local lindo e histórico, que está abandonado. Era melhor quando o Batalhão Florestal ocupava a Fazenda, pois pelo menos ela era cuidada. Agora, o poder público só aparece aí para aparar a grama", disse.