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Família busca justiça após filho morrer atropelado por PM

Pais da vítima agora são membros do grupo 'Família TX RJ', que incentiva a doação de órgãos

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 17 de agosto de 2019 - 15:04
Wandick de Menezes e a esposa, Rosana Ribeiro de Menezes, pedem justiça pelo filho
Wandick de Menezes e a esposa, Rosana Ribeiro de Menezes, pedem justiça pelo filho -

Por Daniela Scaffo

Há quase dois meses e meio, a vida do comerciante Wandick de Menezes, 52, e da sua esposa, Rosana Ribeiro de Menezes, 48, mudou completamente. O filho do casal, de apenas 19 anos, foi atropelado próximo a faculdade em que estudava e morreu poucos dias depois. O crime até hoje não foi esclarecido pela polícia. 

O segundo tenente da cavalaria do Exército, João Lukas Ribeiro de Menezes, foi atropelado no último dia 5 de junho. Segundo os pais do menino, ele voltou do quartel, saltou no Patronato, bairro onde fica a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), onde cursava o segundo período de história, e foi levar uma amiga até o prédio onde ela morava. 

"Ele atravessou a rua com uma amiga para levá-la a seu prédio. Sempre foi um menino muito prestativo e amoroso. Quando voltou, acabou sendo atropelado. Testemunhas viram o momento em que ele atravessou, na faixa, com o sinal fechado. Por pouco, o motorista não atropelou também a menina que estava próxima dele", contou o pai do menino.

Segundo a família de João Lukas, após o acidente, o motorista, um policial reformado, não prestou socorro. Quem chamou o Corpo de Bombeiros foi uma amiga do jovem. No mesmo dia, o homem que causou o acidente foi até a delegacia, abriu um inquérito que, no dia seguinte, estava praticamente fechado.

"Fomos à delegacia no dia seguinte do acidente para buscar o boletim de ocorrência. Lá, os policiais nos informaram que o inquérito já tinha sido fechado, em menos de 24 horas. O homem que atropelou o João Lukas disse que prestou socorro a ele, o que é mentira, e falou que o sinal estava aberto, o que também não é verdade", disse uma prima do menino, a analista de sistemas Shaiene Dantas, 34.

Depois de um mês, a família retornou a delegacia e contou ter sido tratada com muita frieza. No próximo dia 20, Wandick e Rosana irão ao Ministério Público para tentar reverter o processo de acidente para homicídio.

"A gente chegou até a delegacia quase um mês depois que o nosso filho faleceu, mas eles disseram que só passariam de acidente para homicídio, se tivessem testemunhas oculares. O exército não fez nada para nos ajudar e nem nos ofereceu apoio. A polícia também não fez nada e nem o atropelador. No dia seguinte ao enterro do meu filho, um oficial de justiça veio até a nossa casa para intimar o meu filho a pagar o prejuízo do vidro do carro do homem que o atropelou", informou a mãe do jovem, que era o caçula da família.

Até hoje, os pais do menino não conseguem entrar no quarto do jovem. A casa, no Mutuá, em São Gonçalo, antes ocupada pelo casal e três filhos, agora ficou grande demais para a família, que pretendem vendê-la.

"Até hoje o quarto dele está ali, fechado. A gente não teve nem coragem de entrar. É uma casa grande, cheia de lembranças. Tudo aqui lembra ele. Sempre foi um menino muito carinhoso e aí vem um cidadão desse e acaba com uma família inteira. Impossível a gente fechar os olhos e não fazer nada. Tem que acabar com essa impunidade. A gente só quer justiça. A gente quer que esse senhor reconheça o que ele fez", concluiu a Rosana.

Doação de órgãos - Uma semana após o acidente, no dia 12, João Lukas, que estava internado no Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), teve morte decretada por traumatismo craniano. A família decidiu doar todos os órgãos do jovem e ajudou outras 12 pessoas.

"Nunca ninguém falou mal do meu filho. Com 17 anos ele já estava matriculado na faculdade, com 19 já era segundo tenente do exército. Fazia programação de computador e falava inglês fluente. Era um filho exemplar. Quando o hospital propôs a doação de órgão, não tivemos dúvida de que ele queria isso", informou o pai do menino.

No dia 14, os órgãos de João Lukas foram doados. Segundo os pais, ele virou vegetariano com o objetivo de ser saudável, e de seis em seis meses, doava sangue para ajudar outras pessoas.

Agora, os Rosana e Wandick são membros do grupo Família TX RJ, que incentiva a doação de órgãos. 

"Nada mais justo a gente apoiar a Família TX para que as pessoas se conscientizem. Muita gente não sabe ainda como funciona a doação de órgãos e estamos tentando conscientizar as pessoas", finalizou outra prima do menino, a analista de sistemas, Shaiene Dantas, 34.

O policial reformado não foi localizado para comentar o caso.

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