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Cerca de 10 mil idosos farão o Enem 2019

Número é uma marca significativa

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 02 de julho de 2019 - 09:43
Roberto Santa Rosa é um exemplo de perseverança e cursa o 4º período de jornalismo na UFF
Roberto Santa Rosa é um exemplo de perseverança e cursa o 4º período de jornalismo na UFF -

Enem tem cerca de 10 mil idosos inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio de 2019, com mais de 60 anos. O total de inscritos no Enem deste ano é de  5.095.308, ou seja, o número de idosos representa em torno de 0,2% do total. 

A porcentagem pode parecer pequenas mas é uma marca significativa. Muitos desses idosos não tiveram a mesma oportunidade de estudo que seus filhos ou netos e isso se transformou em uma memória histórica que acompanha essa faixa etária há um tempo.

A geriatra Roberta França, que faz parte da Comissão de Direito da Pessoa Idosa da OAB-RJ, conta sobre essa mudança:

“Primeiro conceito que precisa reconsiderar é o conceito de idoso, o que  a gente percebe que o 60+ hoje é o novo 40+. Muitos tem saúde física, saúde física, mental e emocional e muita coisa para viver”

Ter essa quantidade de pessoas com mais de 60 anos fazendo uma prova para entrar na faculdade torna-se estimulante para a sociedade como um todo, que passa a contar com um núcleo muito mais ativo e, com experiências vividas que colaborem no desenvolvimento de novas ideias. 

A geriatra explica ainda quem são esses idosos que buscam novos horizontes.

“O grande perfil do idoso é aquele que sempre sonhou em fazer uma faculdade e por vários motivos da vida não foi possível realizar. As vezes teve filho muito cedo, as pessoas antigamente tinham filhos muito cedo e muitas vezes adiavam os seus sonhos para a construção da sua família. Vislumbram nessa terceira idade que tem tanto para acontecem”, diz Roberta.

Roberto Santa Rosa é um exemplo de perseverança. Com 58 anos e funcionário público aposentado, mesmo ainda não estando na faixa etária de idoso, seu percurso é de superação. Alimentando o sonho de ser jornalista desde muito cedo, o gonçalense realizou o Exame Nacional do Ensino Médio depois que se aposentou, aos 54 anos, e hoje cursa jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF).

“Eu casei muito novo e tive que trabalhar muito cedo também para ajudar na criação dos meus filhos, então, naquela época, eu tive que dar prioridade para outras coisas. Adiei meu sonho mas nunca esqueci deles”, revela o estudante de jornalismo. 

A motivação é o ponto chave para criar essa relação de confiança no idoso e se inscrever no ENEM. “Traz para o idoso um benefício emocional, a gente não vive sem sonhos e sem objetivos não vamos a lugar nenhum. Você ter 60 ou 70 anos e ter um olhar adolescente faz com que você tenha uma vida muito mais feliz”. conclui a geriatra.

Motivação foi o que não faltou para o aposentado que pode contar com o apoio de toda sua família e amigos do antigo trabalho. Ele diz que não precisou fazer nenhum cursinho para se preparar para a prova e que, por ter tido uma boa base escolar na adolescência, conseguiu fazer a prova e passar.

Para se adaptar a nova rotina universitária, o funcionário público que trabalhou na área por 32 anos, não encontrou grandes problemas. “A UFF é um ambiente grande e tem muitas pessoas, eu sou bem tímido mas consegui me desenvolver bem lá. As disciplinas também são bem puxadas mas consigo acompanhar. O fato de eu ser aposentado me dá a oportunidade de ter tempo livre para estudar”, conta ele.

Para os idosos que desejam voltar aos estudos, Roberto Santa Rosa mostra todo seu incentivo: “Acho que todos os idosos devem insistir em seus sonhos porque isso é um combustível para nossa vida. A estimativa de vida está maior, então temos que aproveitar esse tempo para voltar a sonhar”.

Hoje, o estudante de jornalismo sonha em se formar em jornalismo e ter sua própria coluna em um jornal. 

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