Fechamento de livraria do Rio traz reflexão sobre queda do setor livreiro
Livraria Arlequim funcionava há 25 anos
Por Cyntia Fonseca
Em funcionamento há 25 anos, uma das mais tradicionais livrarias do Centro do Rio, a Livraria Arlequim, localizada no Paço Imperial, vai fechar as portas no dia 18 de maio. O anúncio causou um burburinho nas redes sociais na última semana e trouxe à reflexão o quanto o setor livreiro tem sofrido com a crise editorial, infelizmente não só no estado do Rio.
Em pouco mais de um ano, houve, na região, fechamento de importantes lojas do ramo, como a Travessa e a Livraria Cultura da Rua Senador Dantas, ambas no Centro do Rio; a Gutenberg do Partage Shopping, tradicionalíssima no município e a Nobel, do São Gonçalo Shopping - sem contar o encerramento das atividades da consagrada Casa Cruz, que além de serviços de papelaria, também tinha participação importante no setor de livros. A crise editorial se confirma em números.
Dados do 4º Painel das Vendas de Livros no Brasil em 2019, apresentados pelo Nielsen Bookscan e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) mostram que em abril, o setor livreiro teve queda de 12,2% em volume de vendas e 11% em faturamento. No mesmo período de 2018, o volume de vendas era de 3,27 milhões de exemplares e neste ano passou para 2,86 milhões, o que representa uma diminuição no faturamento nominal de R$ 138,967 milhões para R$ 123,820 milhões.
Em São Gonçalo, além da notável carência de livrarias acessíveis à maior parte da população, a falta de bibliotecas públicas e projetos de incentivo à leitura atraentes desmotivam ainda mais o cidadão gonçalense. Nem mesmo o projeto Mais Leitura, iniciado em parceria com o governo do Estado, conseguiu se manter.
Na época do fechamento, em 2017, quando funcionava onde hoje está localizada a Casa do Empreendedor, no Zé Garoto, a promessa era transferir o projeto para a Biblioteca Municipal, no Lavourão, em Estrela do Norte.
“Como em tantos outros setores, o projeto de livros acessíveis só fica na promessa. Quando eu quero comprar livros novos e baratos, eu aproveito o ‘Mais Leitura’ de Niterói”, conta a dona de casa Lia Freitas, de 22 anos.
Questionada, a Prefeitura respondeu que estão sendo efetivadas ações para despertar e promover a leitura no ambiente escolar e fora dele. No dia 29 de março foi realizado o evento Literando 440 anos de Histórias.
Os alunos da Rede Pública Municipal contam com bibliotecas ou espaços de leitura nas unidades de ensino e a Gestão Pública da Secretaria de Educação está realizando a transferência da biblioteca municipal da Av. Presidente Kennedy, 721, Estrela do Norte, para a Rua Uriscina Vargas, 36 , Mutondo. Em breve, este espaço de promoção à leitura estará disponível à população no novo endereço”.