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Sossego muda estrutura e faz contratações para melhorar apresentação

Enredo é visto como forma de ‘alfinetar’ os atuais políticos do Rio

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 26 de fevereiro de 2019 - 10:06
A escola aposta em carros alegóricos maiores e com movimentos. Para isso, contratou profissionais do Carnaval de Parintins
A escola aposta em carros alegóricos maiores e com movimentos. Para isso, contratou profissionais do Carnaval de Parintins -

Por Rafaela Batista e Sérgio Soares

A Sossego tem uma missão a ser cumprida na Série A no Carnaval de 2019: virar a página e mostrar, com um belo desfile, que a permanência na Série A, conseguida através da ‘virada de mesa’ no regulamento em 2018, é coisa do passado. E se depender do trabalho idealizado pela direção da ‘Lira’, com a materialização do enredo sobre a fé, os ventos devem mesmo soprar a favor de um resultado melhor do que o anterior.


O presidente da escola, Wallace Palhares, decidiu trazer o carnavalesco Leandro Valente para idealizar o enredo “Não se meta com minha fé, acredito em quem quiser”, que fala sobre a religiosidade. Nos bastidores do mundo do samba, o tema, na realidade, está sendo visto como proposta de ‘alfinetar’ os atuais gestores da Prefeitura do Rio, que desde 2018 vem reduzindo os investimentos nos desfiles oficiais na capital, deixando as agremiações em dificuldades.


Polêmica - Bem antes de o Carnaval começar, o enredo já estava dando o que falar, no final do ano, por causa do vazamento de uma escultura que seria o demônio. A semelhança com o rosto do Prefeito Marcelo Crivela levou as autoridades do governo municipal a se manifestarem e anunciarem que não iriam permitir a entrada da alegoria. A Sossego tenta contornar o problema, fazendo modificações no rosto da escultura.


Pelo Pelo projeto original, a figura demoníaca viria no último setor – sobre os ataques a terreiros – da escola, última a desfilar na sexta-feira. Mas polêmicas à parte, o presidente decidiu montar um plano mais consistente para evitar os erros do ano passado, quando a agremiação, com problemas em fantasias, alegorias e no canto inconsistente, perdeu pontos em todos os quesitos, amargando a última colocação.


O desfile - A Sossego levará para Sapucaí em 2019 cerca de 1800 componentes, divididos em 22 alas e 4 carros alegóricos. “Já adquirimos experiência com os desfiles na Marquês de Sapucaí. E esse ano, apesar das dificuldades, pretendemos fazer a nossa melhor apresentação da história”, promete Palhares. Além de trazer um novo carnavalesco, a escola mexeu em toda a estrutura, investindo em carros alegóricos maiores e com movimentos, com a contratação de profissionais que trabalham no Carnaval de Parintins, na Amazônia. Mesmo contando com criatividade financeira em busca de um desfile melhor, a Sossego também usou soluções originais para economizar: o carro abre alas, por exemplo, é feito com copinhos reciclados de café.

Virada - A permanência da Sossego na Série A foi decidida logo depois do Carnaval, em uma plenária em que a maioria dos presidentes da Liga das Escolas do Rio de Janeiro (Lierj) se mostraram a favoráveis à decisão de manter a mesma quantidade de desfilantes do ano anterior. Se basearam no fato de, pelo segundo ano consecutivo, não ter acontecido rebaixamento no Grupo Especial, influenciando diretamente no grupo, que contava, até 2017, com 14 participantes - atualmente, são treze.

Agremiação surgiu como bloco

A Sossego surgiu em novembro de 1969, com as cores iniciais em verde e vermelho, e em 1970 fez o desfile inaugural no Largo da Batalha, com enredo sobre Ari Barroso, ainda como bloco, permanecendo assim até 1978, quando sagrou-se campeã. em 1981, veio o primeiro título no Grupo de Acesso, já com as cores azul e branca e a passagem para a chamada ‘elite do Carnaval de Niterói.

De 1986 a 1988, já com a migração da Viradouro e Sossego para os grupos de acesso do Carnaval do Rio, firmou uma hegemonia na cidade, obtendo o tri-campeonato. Dividida por diferentes vertentes, a escola, curiosamente, acabou não desfilando em 1989. Mas uma ‘virada de mesa’ a manteve na ‘elite’.

os dois vices campeonatos consecutivos nos anos de 1994 e 1995, com a conquista da Camisolão, fizeram os dirigentes da ‘Lira’ migrarem para o Carnaval carioca, seguindo os mesmos passos da Viradouro e Cubango.

Na época, os sosseguenses acharam o resultados injustos. Em 1996, já filiada à Associação das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, estreou no Carnaval carioca com o enredo “E o cinema virou samba, tem pipoca no ar”, que deu o vice-campeonato do grupo “E”.

No ano posterior, veio primeiro campeonato pelo grupo D, com o enredo “Olha o passarinho, um álbum de família”.

Em 1998, com o carnavalesco Max Lopes e o estreante Cahê Rodrigues, obteve o terceiro lugar no grupo e o direito de acesso ao grupo B, quando esse desfile era na Marquês de Sapucaí, na terça-feira de Carnaval. Por mais dois anos a agremiação permaneceu no Sambódromo, retornado ao grupo C em 2001, quando obteve novo vice-campeonato, retornando ao Grupo B, na Sapucaí. De 2002 a 2005.

Veio então, mais um período um período difícil, quando a agremiação foi rebaixada duas vezes, retornando ao grupo D.

Em 2008, já sob o mandato de José Adriano Valle da Costa, o ‘Folha’, foi campeã do grupo de acesso D, com o enredo “A corte do samba e a corte Real”. No ano seguinte, veio mais um título, com o enredo “Sorria, Você Está Numa Cidade Com Muito Sorriso, Suor e Sossego”, o que possibilitou o retorno à Marquês de Sapucaí.

Em 2010, novamente homenageou a cidade de Niterói, com o enredo Made Nicteroy, obtendo a 6º colocação em seu retorno à Marques de Sapucaí. Nos anos seguinte, novo rebaixamento. Em 2016, com uma homenagem ao centenário do poeta Manoel de Barros, a escola se sagra campeã da Série B, e retornou a Sapucaí após 4 anos desfilando na Intendente Magalhães, sendo sua estreia na Série A.

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