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Desempregado em São Gonçalo vai trabalhar no interior de Santa Catarina

Matheus Guimarães trabalha em colheita de maçãs e como atendente em restaurante

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 20 de janeiro de 2019 - 12:00
No sul, Matheus, trabalha como atendente de restaurante e em uma colheita de maçãs e ameixas
No sul, Matheus, trabalha como atendente de restaurante e em uma colheita de maçãs e ameixas -

Por: Rennan Rebello

O título da música ‘A vida tem dessas coisas’ do cantor inglês Ritchie, que por um ‘acaso’ acabou se radicando no Brasil, também serve para explicitar o ‘inusitado’ que aconteceu na vida do até então estudante de História da UFF e morador do Bairro Antonina, Matheus Guimarães, 24, que ‘inverteu’ o tradicional fluxo migratório entre campo e cidade, ao trocar São Gonçalo com uma população estimada em mais de 1 milhão de moradores para trabalhar, mais uma vez, em uma colheita em uma chácara, na cidade de Urubici, interior de Santa Catarina, município com cerca de 12 mil habitantes, onde também trabalhava em um restaurante.

“Saí de São Gonçalo, em novembro de 2018, devido a falta de oportunidades e já não tinha mais perspectiva de conseguir algo bacana. Esta é a segunda vez aqui, em Urubici, que descobri no final de 2016. Naquele momento, vim com minha companheira na época, e a nossa filha, de três anos, a Eva. Tudo começou quando li uma matéria sobre a Serra Catarinense ser um ótimo lugar com muitas oportunidades”, explicou o jovem desbravador que espera reencontrar sua herdeira no Sul.

“Enquanto não retorno a S.Gonçalo, moro sozinho em uma pousada e espero receber a Eva aqui, mas não sei quando ainda. Agora ela está na escola, talvez isso seja possível nas férias, por ora, pretendo ficar até agosto por causa do turismo, no inverno, e isto acaba gerando investimentos e meios de criar uma rede de contatos com pessoas de diversos lugares” , revelou.

Ano passado, Matheus, foi notícia em O SÃO GONÇALO por ter iniciado o projeto na internet através do portal: medium.com/investe526 onde buscava explicar de forma didática sobre investimentos na Bolsa de Valores, e um dos motivos, para que queira retornar ao solo gonçalense, também tem a ver com projetos pessoais como este.

“A qualidade de vida de Urubici é muito boa, rural e com economia forte, bem diferente do contexto onde fui criado mas São Gonçalo é o lugar que mais amo. E como sempre fui muito ativo na minha cidade, ainda tenho muitos projetos que gostaria de tocar como o Investe526 que no momento está parado, porque vindo para cá não tinha como trazer o meu computador. Mas o planejamento ainda está mantido”, finalizou.

Inflação tem relação com o desemprego

São Gonçalo é uma das cidades onde sua população enfrenta problemas para obter emprego formal e a justificativa acaba sendo a crise econômica que assola o Brasil.

O OSG procurou um especialista no assunto, o economista e professor universitário Carlos Guerra, que é doutorando em Economia na Uff para falar sobre este tema na realidade.

“A taxa de desemprego, segundo o IBGE encontra-se em 12,9% ao ano, que representa apaixonadamente 12 milhões de desempregados em todo o país. Isso reflete o período recente de aumento da taxa básica de juros, que chegou ao patamar de 14,25% em 2016 e fez com que houvesse uma queda significativa nos níveis de consumo das famílias ocasionando queda nas vendas do comércio e diminuição da produção gerando desemprego. Embora a taxa básica se encontre hoje em 6,5% ao ano, a recuperação da economia e do emprego segue num ritmo lento. Na questão dos jovens de São Gonçalo, que apesar de suas qualificações, não vão conseguir emprego devido a este cenário”, explicou Guerra.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico Ciência Tecnologia Agricultura Pesca e Trabalho e solicitou dados referentes a investimentos e empregabilidade, porém, as informações não foram enviadas até o fechamento desta edição. Mas segundo o secretário da pasta, Evanildo Barreto, os setores de comércio e serviços foram os que mais empregaram, já a indústria da transformação não se desenvolveu a nível municipal.

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