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Maestro que fez homenagem a Marica é dono de vários talentos

Rildo Hora é autor de mais de 300 canções

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 26 de dezembro de 2018 - 10:56
Maestro Rildo Hora
Maestro Rildo Hora -

Por: Ari Lopes e Sérgio Soares 

Todos os dias, o trabalho se renova em um apartamento da Lagoa, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ouvindo atentamente as canções que chegam pelas redes sociais ou CD’s, o maestro, arranjador e produtor, Rildo Hora, vai colocando seu talento a serviço da Música Popular Brasileira e construindo repertórios de qualidade, que invariavelmente, se transformam em sucessos na voz de artistas conhecidos do grande público. Pensando e escrevendo arranjos sempre originais e recheados de boas surpresas aos ouvintes, ele se doa, em uma intensa ciranda musical, que parece revigorá-lo com o passar dos anos. 

“A música é o que mais amo. Nunca fiz outra coisa na vida”, declarou. A frase resume bem porque ele, já com mais de 60 anos de carreira, se mantenha ainda ‘na crista da onda’, fazendo da experiência e criatividade as grandes referências para dar amplitude, não apenas ao trabalho de ‘famosos’, mas também ao descobrimento de novos valores no mundo artístico, que já inclui também seus três filhos: a cantora Patrícia, o tecladista Mizael e o produtor Ziraldo. A pintora e artista plástica, Luzinete da Hora, mulher do maestro, também dá sua parcela de colaboração aos trabalhos de Rildo.   

E não faltam ‘estrelas’ de primeira grandeza no currículo do conceituado artista: grandes sambistas como Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Dudu Nobre, Fundo de Quintal, Beth Carvalho e Dona Ivone Lara são apenas algumas dessa ‘constelação’, com outras vertentes e gerações variadas, como Elis Regina, Gilberto Gil, Fagner, Wilson Simonal, Ângela Maria, Luiz Melodia e Caubi Peixoto, entre tantos outros que tiveram discos produzidos ou participações dele em canções que se eternizaram entre legiões de fãs, nas últimas cinco décadas. 

Para quem não sabe, as criações do maestro surgiram também no Espraiado, em Maricá, cidade que ganhou seu coração e virou música  de um de seus discos. Mas o Rio de Janeiro, onde chegou ainda menino, vindo de Pernambuco, para construir a vitoriosa carreira, ainda é a grande paixão do artista. A partir de hoje, O SÃO GONÇALO mostra, em três capítulos, a história desse ‘mestre’ da música, também autor de mais de 300 cancões.

 Família unida pelas artes

 Família é tudo, ainda mais quando ela é toda composta por artistas. Do alto da experiência obtida no mercado fonográfico, Rildo Hora viu os filhos Patrícia, 40, Mizael, 43, e  Ziraldo, 38, crescerem em meio a seus trabalhos. E nada mais natural que acompanhassem o pai no mundo da música. Patrícia é uma espécie de ‘braço direito’ do maestro, que coloca seu talento nas produções, não apenas cantando, mas também dirigindo os vocalistas que compõem o coro ou produzindo, fazendo por exemplo, as revisões gráficas e ortográficas de todas as letras, sempre seguindo os padrões perfeccionistas do pai.

Patrícia participou de todos os trabalhos de Rildo nos últimos vinte anos, sempre tendo a preocupação em se aperfeiçoar, orientada por ele. Além de ter estudado canto e piano, ela fez faculdade de Música, formando-se em composição. Professores de canto, como Carol Mcdavit e Felipe Abreu ajudaram a lapidar seu talento. Mas a formação musical inclui ainda Ruth Serrão e Antônio Adolfo (piano), além de estudos de regência com os maestros Júlio Moretzohn e Ricardo Tacuchian. 

Origens - Em 1985, iniciou atividades artísticas participando de coro infantil no disco de Dona Ivone Lara, na faixa “Menino brasileiro”, uma parceria de Rildo Hora e Dona Ivone. 

A carreira da cantora inclui diversos trabalhos no Brasil e no exterior, em discos ou shows solos de Martinho da Vila, Neguinho da Beija Flor, Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal, Arlindo Cruz e Sombrinha, entre tantos outros. “Meu pai é para mim a grande referência”, revelou ela, que também toca violino. 

Teclados - Outro filho de Rildo que desponta na música é Mizael Hora, atualmente tecladista da banda de Jorge Vercillo. Mizael, a exemplo da irmã, também tem currículo extenso, e  coleciona participações em gravações e shows no Rio e em diferentes cidades brasileiras. Além do pai, grande incentivador, o tecladista teve outros professores ‘ilustres’, como Laís Figueiró, Phillis P. Wang, Sônia Maria Vieira e Luiz Eça. 

A experiência musical do tecladista inclui a Mizael da Hora Works, com Xavier Figuerola, Acelino de Paula, Salvador Nlebla e Cogumelo Brasil. Com esta formação, fez mais de 100 apresentações em festivais de jazz, teatros e casas de espetáculos da Espanha. 

Mas nem só de músicas de qualidade, arranjos originais e bons instrumentistas são feitos os trabalhos coordenados por Rildo Hora. A esposa, Luzinete, pintora e artista plástica -  a quem  chama carinhosamente de ‘Luz’- é quem idealiza trabalhos que ilustram os discos dos artistas. 

“Ela é a minha maior paixão. A primeira e única”, afirmou o maestro, que conheceu a esposa quando os dois eram adolescentes, no Rio. Na época, Rildo ainda pouco conhecido, fazia shows em casas noturnas, cantando e acompanhando artistas. Os relevantes serviços prestados à cultura nacional fizeram com que o maestro, Patrícia e Mizael fossem incluídos no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Produtor - Entre os filhos de Rildo e Luzinete, existe um ‘herdeiro’ para produzir e organizar os trabalho de gravação dos CD’s ou shows dos artistas. O ‘caçula’ Ziraldo Hora seguiu os passos do pai. O nome do filho mais novo, que é formado em Marketing, foi escolhido por causa da grande amizade com outro artista: o cartunista, desenhista, jornalista, cronista, pintor e dramaturgo mineiro, Ziraldo.

Disco solo inédito foi feito em 2015, com surpresas

 Trinta e cinco anos após trabalhar nos bastidores, em prol do sucessos de vários artistas, Rildo Hora decidiu voltar a gravar cantando. Foi no ano de 2015. E escolheu Patrícia Hora como protagonista. O resultado do CD ‘Eu e minha filha’ foi surpreendente, sendo muito elogiado pelo público e a crítica especializada. E não é para menos. O disco traz um repertório repleto de surpresas, com participações inéditas e surpreendentes. Uma delas é a de Zélia Duncan, na faixa “Gotas de sal”, escrita pelo maestro e por ela. 

A variedade de músicas inéditas, com belos arranjos  e parcerias, se destacam na obra, que tem também regravações de grandes sucessos. “Anda, sai dessa cama” (c/ Martinho da Vila), “Visgo de Jaca” e “Os meninos da Mangueira”, ambas em parceria com o escritor, jornalista e letrista Sérgio Cabral (pai), foram incluídas. Também foram gravadas “Verdade” (c/ Carlos Drummond de Andrade), e “Canção de amor dos Beatles” (c/ Ronaldo Bastos), entre outras.  

Carreira solo - o trabalho marcou não apenas a volta do maestro em carreira solo, mas também fez com que ele criasse  show “em família”, na companhia de Patrícia e Mizael. Sempre que as agendas permitem, pai e os dois filhos se  apresentam. No show, Rildo conta histórias dos bastidores musicais.

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