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Fazenda do Engenho Novo é objeto de estudo para professor

Morar no mesmo bairro que do patrimônio motivou o interesse do pesquisador

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 22 de outubro de 2018 - 12:29
 Thiago Rangel conta que a proximidade da sua casa com o patrimônio o motivou a estudá-lo
Thiago Rangel conta que a proximidade da sua casa com o patrimônio o motivou a estudá-lo -

Por: Cyntia Fonseca 

Não se cuida do que não se conhece. Motivado por essa afirmação, o professor, pós-graduando em Arquitetura e morador da região, Thiago dos Santos Rangel, de 32 anos, resolveu tornar a Fazenda do Engenho Novo, em São Gonçalo, seu objeto de estudo.

Com o título “Da destopia ao complexo educacional”, o projeto de requalificação criado para conclusão do curso de Pós Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi também uma forma encontrada por Thiago para chamar atenção da sociedade e de autoridades para o patrimônio que está deteriorado com o abandono.

“Lembro que tinha 15 anos, assim que vim morar em Monjolos. Desde 1998 que a fazenda perdia seu material original, e em 2001, após fortes chuvas, uma parte ruiu. Na época, o governador posou de helicóptero no campo, prometeu escorar, e lembro que isso foi uma comoção no bairro”, conta acrescentando que a proximidade da sua casa com o patrimônio o motivou a estudá-lo.

“O que mais me interessei, ao longo da minha pesquisa, foi o conceito de imagem tutelar, que significa todo objeto que estabelece uma relação central dentro de uma determinada comunidade. Essa fazenda tem isso, especialmente no Largo da Ideia, e nos bairros do entorno. Ela praticamente criou esses bairros ao redor. Moradores mais antigos foram batizados, casaram nessa capela ou participavam de missas que na época ainda eram em latim”, explica o arquiteto.

Mais do que um projeto, Thiago acredita que a requalificação do patrimônio seria possível com apoio da sociedade, de órgãos públicos ou mesmo parcerias público-privadas.

“Não existe nenhum objeto como esse sem uso. Em tese, quem usa, cuida. Então, a proposta que eu defendo é que a fazenda deveria funcionar como uma escola técnica rural, que uniria educação dos mais jovens ao desenvolvimento da produção das gerações mais antigas, que já moram e produzem aqui há anos. Serviria tanto como forma de promover a memória do lugar, quanto forma de desenvolvimento financeiro e cultural desses dois grupos”, resume Thiago.

Lugar que ‘respira’ história na cidade

Localizada no Largo da Ideia, no bairro de Monjolos, a Fazenda Engenho Novo remete a uma viagem no tempo que nos transporta aos meados do século XVIII, estendendo-se ao século XIX.

A construção original foi feita com trabalho de escravos, que usaram pedras como tijolo para construir o prédio principal e o teto com telhas de barro, à época, moldadas nas coxas dos escravos.

O casarão principal possuía vários cômodos, divididos em dois andares, tendo todo o assoalho feito em pinho e as escadas em mármore trazido de Portugal. O monumento guarda formas arquitetônicas do período da Colônia e do Império.

As palmeiras que enfeitam os arredores da casa grande foram doadas por D. João VI ao primeiro dono da Fazenda, Belarmino Siqueira, o Barão de São Gonçalo.

Conta-se que a família imperial do Segundo Reinado visitou várias vezes a fazenda devido à grande amizade entre Dom Pedro II e o Barão.

Além da importância histórica, a fazenda foi grande produtora de cana-de-açúcar e de laranja e carregou o título de maior produtora de abacaxi do Estado.

No século XX, foi sede da segunda corrida automobilística do Rio de Janeiro e ainda serviu de cenário para as gravações do filme “Álbum de Família” e para a minissérie “Memorial de Maria Moura”.

Atualmente, tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural (Inepac), a fazenda possui apenas os alicerces e parte da estrutura original da casa grande.

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