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Evadyr Molina, um ‘carteiro’ que se tornou referência na História de SG

Patrono da Escola Municipal Evadyr Molina

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 24 de setembro de 2018 - 18:41
Escola Municipal Evadyr Molina
Escola Municipal Evadyr Molina -

Ele nasceu na Covanca, mas adotou a Venda da Cruz como seu lugar do coração, onde a história de sua própria vida mistura-se à história do bairro. Filho de Antônio Molina e Eponina Castro Molina, Evadyr Molina nasceu em 20 de julho de 1931. A vida dedicada inicialmente à carreira nos Correios e, depois ao magistério, tornou-o memorável entre aqueles envolvidos com a Educação e com estudos da História de São Gonçalo. Não à toa, tornou-se patrono de uma escola municipal no bairro onde viveu maior parte de sua vida, no fim dos anos 90.

Mas, tudo começou ainda nos anos 50, quando decidiu cursar a Faculdade de Letras, na antiga Faculdade Fluminense, e começou a carreira nos Correios, como carteiro. Foi logo promovido a telegrafista e chegou a chefe de várias agências de Correios. Nesta época, já estava casado com Zilma de Rezende Molina, com quem teve três filhos: Valéria, Cláudia e Alexandre.

“Ele prestou concurso para os Correios quando tinha ainda 17 anos, e passou. Entrou como estafeta, que era quem entregava telegrama, e fez sua carreira nos Correios. Como começou a trabalhar cedo, com 23 anos de Correios, saiu para ser professor, sua verdadeira paixão. Em 1967, prestou concurso para ser professor no Estado, e deu aula em várias escolas na cidade do Rio, e no Instituto de Educação Clélia Nanci, onde foi tesoureiro da caixa escolar, e em 1979 foi diretor”, conta com orgulho, o filho, Alexandre Molina.

Segundo conta o filho, Molina era figura conhecida na Biblioteca Nacional, onde pesquisava arduamente. “Quando chegava, já sabiam, ‘chegou o professor’. Ele procurava registros da época, o que chamamos de fonte primária, ia catalogando e registrando. E tinha uma grande vantagem. Como era professor de Letras Clássicas e dominava o português arcaico, tinha facilidade de entender toda aquela documentação da época. Os funcionários o conheciam e ajudavam, faziam fotos. Com isso, começou a publicar a história do município, dos séculos XVI e XVII”, conta.

Amante das Letras, Evadyr Molina foi também membro da Academia Gonçalense de Letras, Artes e Ciências (Aglac), do Instituto Histórico e Geográfico de São Gonçalo; do Instituto Histórico de Niterói, e do Círculo Linguístico do Rio de Janeiro.

“Outra coisa que pouca gente sabe é que papai criou um método de alfabetização. Como também era pedagogo, ele enxergava as dificuldades de aprendizado de algumas crianças, em especial de escolas carentes, então criou um método de alfabetização e o aplicou na época”, conta Alexandre, acrescentando que Molina também elaborou uma gramática.

Vítima de um infarto fulminante, Evadyr Molina faleceu em casa, no dia 10 de outubro de 1998, aos 67 anos, data que ficou duplamente marcada na mente do filho, já que era também seu aniversário e de sua irmã gêmea, Claudia, única dos filhos que também seguiu a carreira do magistério.

Legado

Um homem pacato, observador, que transmitia serenidade, e que respirava história, era como Evadyr Molina podia ser facilmente identificado. Além de dedicar-se a buscar incessantemente registros da história do município, ele pesquisou com ainda mais dedicação a história do bairro onde viveu, Venda da Cruz. 

É num de seus livros que é possível saber, por exemplo, como tudo iniciou e por quê o nome ‘Venda da Cruz’. “Era por aqui que passavam os tropeiros para irem em direção ao que hoje seria Niterói, e não tinha praticamente nada aqui, só uma pequena loja, uma venda, a venda do senhor Antônio Cruz.

Enquanto deixavam os bois bebendo água no rio, os tropeiros paravam para descansar e comer alguma coisa na venda do senhor Cruz, e com isso o nome foi ficando”, revela a professora Anna Paula Ferreira de Assis, 53, que trabalha na E.M. Evadyr Molina, e guardou um rico acervo sobre a vida e o trabalho desenvolvido pelo patrono.

Entre os trabalhos publicados por ele estão o livro Experimento com Redação Técnica, Projeto Empresa: Mec Brasília 1980; Fundamental de Redação; Alfabetização: método ideográfico; Folhetins de pesquisas históricas do bairro da Venda da Cruz; e os três volumes “São Gonçalo nos séculos XVI, XVII e XVIII”.

Articulista ensaísta, cronista e historiador, Evadyr Molina experimentou também a poesia uma única vez, “A paz maior”. 


A escola

Inaugurada em 8 de março de 1999, a Escola Municipal Evadyr Molina, na Venda da Cruz, atualmente conta com 450 alunos do Ensino Fundamental. Antes de fazer parte da rede municipal, o prédio anterior já funcionava como uma escola particular. A diretora atual é Maria Cristina dos Santos. 

Segundo a professora Anna Paula Ferreira de Assis, que trabalha na escola desde sua inauguração, anualmente os alunos realizam projetos sobre vida e obra do patrono. “Eu acho muito importante transmitir o legado deixado por ele às crianças. Por isso, todo esse material que estava guardado na escola, procurei preservar e montar um acervo que hoje guardo comigo”, explica a professora.

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