Bloco ‘Quem manda é a mulher’ arrasta milhares de foliões em São Gonçalo
O clima conciliava alegria e reivindicação

Por Elena Wesley
Mais de 4 mil pessoas participaram do bloco “Quem manda é a mulher”, na tarde de ontem, na Praia das Pedrinhas, em São Gonçalo. Em meio a serpentinas e fantasias, o clima conciliava alegria e reivindicação.
Nascida e criada na cidade, a moradora de Santa Izabel, Ivone Botelho, pontuou que a falta de investimento no Carnaval gonçalense é uma perda para a cultura do município.
“Tenho 80 anos. São muitos carnavais curtidos, desde os tempos do Mauá. É um momento único. Lamento que os governantes não tenham responsabilidade com as nossas necessidades. E isso acontece em tudo: cultura, educação, segurança. Até a alegria do povo querem roubar”, questiona a aposentada de 80 anos, mostrando que o samba no pé também é aprimorado com o passar do tempo.
Já a cuidadora de idosos Ana Paula Ferreira tem recorrido a programações de outros municípios. “Muitos bairros pararam de pular Carnaval. Então, eu tenho ido mais a Arraial do Cabo e ao Rio de Janeiro para aproveitar. Mas esse eu não poderia perder. Gente de toda a cidade veio prestigiar”, conta a moradora de Santa Luzia.
À frente da bateria do bloco e da Unidos do Porto da Pedra, Mestre Pablo comparou a folia de São Gonçalo a de outras grandes cidades. “O Carnaval faz parte da nossa cultura. A gente acompanha o do Rio e o de Salvador e percebe que temos regredido aqui. Por isso, faço esse apelo ao prefeito, que ele olhe com bons olhos para a cultura do município”, destacou Pablo.
Para o diretor do bloco, Sandro Oliveira, o bloco foi a forma mais pacífica e criativa que a população encontrou para protestar. “A cidade está abandonada. Esse evento é um grito de socorro, por mais atenção às carências”, destacou Sandrão.
O nome do bloco ironiza o prefeito José Luiz Nanci, fazendo alusão de que quem governa, na verdade, é a esposa dele, a empresária Eliane Nanci.