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Cineasta da Vila Ipiranga quer produzir documentário sobre a comunidade niteroiense

Jorge Brivilati coleciona prêmios internacionais

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 07 de janeiro de 2018 - 09:44
>> Jorge Brivilati, que coleciona prêmios internacionais, quer ser exemplo para crianças e jovens
>> Jorge Brivilati, que coleciona prêmios internacionais, quer ser exemplo para crianças e jovens -

Realizar sonhos e mudar o próprio destino pode ser um conselho inspirador para o ano que se inicia. Mas na prática nem sempre é tão fácil. Nascido em Niterói, onde morou até os 12 anos, o diretor Jorge Brivilati, que hoje vive em São Paulo, não apenas mudou a própria história como quer ser exemplo para crianças e jovens.

Proprietário da produtora de filmes La Casa de La Madre, Jorge, de 29 anos, quer voltar ao lugar onde nasceu para produzir um documentário que mostre histórias de superação e batalhas diárias de quem ainda vive em comunidades. O objetivo é mostrar um retrato da realidade que viveu durante a própria infância e adolescência na Vila Ipiranga, no bairro Fonseca, em Niterói.

“Eu tenho muita vontade de mostrar, sem maquiagem, sem sensacionalismo, como é a vida das pessoas que ainda estão lá. Como elas viveram ao longos desses anos que eu estive fora, o que mudou, o que elas esperam, quem ainda está vivo, quem já não está. Quem vai contar essas histórias? Eu me pergunto. E penso sempre que tenho como obrigação, como uma missão, ser o porta-voz destas pessoas. Me sinto como uma espécie de representante dessas histórias, junto com outras centenas de pessoas. Ainda não comecei este trabalho, mas sinto uma urgência em dar esse start”, conta o diretor.

Hoje premiado, inclusive internacionalmente, Jorge conta que a trajetória, no entanto, não foi fácil. Segundo ele, a infância seguia simples e calma até que, aos 12 anos, conheceu um senhor que o levou a se apaixonar ainda mais por eletrônica.

“Ele fabricava todo tipo de material laboratorial para a Fiocruz. Eu ia até sua oficina e catava todos os balões, tubos de ensaio, condensadores defeituosos por um preço simbólico. Conclusão: meu laboratório em casa era um pouco melhor que o da escola”, conta, entre risos, acrescentando que assim se deu interesse por eletrônica.

Ao longo dos 10 anos de carreira, Jorge coleciona prêmios, como Leões de ouro, prata e bronze no Festival de Cannes, na França; Ouro em Melhor Direção de Curta-metragem no Festival El Ojo, da América Latina; shortlist em Los Angeles, além de prêmios em Portugal e outros países.

Lembranças de uma trajetória difícil


Dos laboratórios para os fascículos, dos fascículos para as fotografias; das imagens para a arte e o cinema. "Me lembro de inúmeras vezes ficar assistindo aos créditos finais de filmes imaginando que raios fazia um diretor de arte, um diretor de fotografia e demorei muito tempo para descobrir. Mas minha primeira certeza na vida foi aos 15 anos, que de fato eu queria ser designer. Eu tinha certeza que tinha nascido pra isso. Afinal, não era por acaso que entrei num curso de Photoshop e em 11 meses comecei a dar aula na escola. Eu me destacava", relembra. 

E foi em 2007 que surgiu a primeira proposta de trabalho como designer-assistente de arte na agência de publicidade ALMAPBBDO. Autodidata, Jorge apreendia ao máximo de cada emprego por onde passava e estudava Design por conta própria. Aos 19, uma oportunidade para trabalhar em São Paulo mudou completamente a rotina. 

"Foi assim: estou indo pra São Paulo. Tive duas semanas para ajeitar tudo e fui. Meu pai me deu um singelo kit de nova vida: um garfo e uma faca e um prato, que tenho até hoje. Não deu tempo nem de comprar roupas de frio. De início, eu não queria ir, mas um amigo me incentivou, me mostrando quão grande seria essa oportunidade na minha vida e eu mal podia imaginar o quão grande ela seria", conta Jorge.

Com muito trabalho e sacrifícios para se adaptar a realidade de morar sozinho em outro estado, Jorge conta que atualmente seu principal sonho é ser um dos maiores cineastas do Brasil e do mundo. "Nunca senti falta de uma formação acadêmica, por exemplo. Sempre estudei muito o que sentia que estava faltando e sei que vou continuar sentindo falta de conhecimento de mundo. Espero que isso nunca acabe. Esse é meu drive: entender o comportamento humano e questionar sempre", completa o diretor.

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