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Modelos de São Gonçalo e Niterói fazem sucesso em países da Ásia

Região é celeiro para o mercado

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 20 de novembro de 2017 - 13:57
Imagem ilustrativa da imagem Modelos de São Gonçalo e Niterói fazem sucesso em países da Ásia

Uma história de filme. A vida da gonçalense Noliany Aralitch, 23, daria um roteiro digno de Hollywood. De uma infância pobre em São Gonçalo ao sucesso internacional como modelo na Ásia, a trajetória da menina foi repleta de dificuldades, mas a coragem e a fé que sempre teve em si, permitiram que chegasse do outro lado do mundo.

Antes de ir para a China, Noliany morava no Pacheco. No entanto, sua história não se resume ao bairro. Devido às dificuldades financeiras enfrentadas por seus pais, ela teve que se mudar mais de 16 vezes durante a infância e adolescência. “Eu passei por muita dificuldade, mas acredito que o segredo está exatamente em não deixar o passado me definir e aprender com tudo. Eu não tive apoio quando comecei, ouvi muitas coisas negativas, no entanto, foquei e corri atrás. Não julgo minha família por isso. A falta de condições levava à falta de esperança”, conta.

Durante a infância, ela ainda foi vítima de bullying, pois era muito magra, e ouvia com frequência comentários negativos e ‘brincadeiras’ de mau gosto sobre seu corpo, na escola e até em casa. Aos 10 anos, ela foi vítima de abuso sexual e o medo fez com que ela guardasse o sofrimento em segredo até os 15 anos. Nesse período, desenvolveu depressão e quase não saía de casa.

Virada - Por conta do seu biotipo, a pergunta que ela mais ouvia era: “Por que você não vira modelo?”. Entretanto, ela não gostava de desfilar e não sabia que poderia ser modelo fotográfica. Até que uma pessoa lhe explicou sobre essa possibilidade. Aos 17 anos ela começou a se oferecer para posar para fotógrafos e, por conta própria, montou seu material, após dois anos.

“Noliany nasceu para fazer foto. Ela não podia ter outro futuro, mesmo que ninguém acreditasse que ela seria a modelo que é hoje. Fico muito feliz de ver aquela menina tímida, encarar com tanta força várias câmera, revistas e propagandas”, conta Juliana Mourão, que fazia trabalhos fotográficos com a menina na época.

Foi com esse material que conseguiu o primeiro agenciamento no exterior. Uma conhecida viu suas fotos na internet e a indicou para uma agência de Porto Alegre, que fazia uma seleção no Rio. Sem dinheiro para ir ao Sul do país, após o contato no Rio, todo o acordo foi feito pela internet.

“Eu vibrei com a ideia da agência. Eles estavam focados em mim. A dona se importava com conteúdo, com meus sonhos e com a importância de se passar uma mensagem através da realização deles. Então eu conheci a representante no Rio, fui aprovada nos testes e, logo depois, fui ‘vendida’ para fora”, completa a modelo.

Assim, no último dia de 2014, com as malas cheias de coragem, ela embarcou para a China. Sem ter nenhuma noção do idioma. “Em Shanghai o ritmo era frenético. Acordava bem cedo, entrava numa van lotada de modelos e rodava a cidade, correndo de um lado para o outro, fazendo mais de dez castings por dia. Era uma correria, às vezes não dava tempo nem de comer. Começava de manhã e terminava de noite. De domingo a domingo”, lembra.

Na China, Noliany fez diversos trabalhos, entre eles um desfile para a L’oréal. Mas nem tudo era ‘cor de rosa’. Torceu o pé, mas os chineses exigiam que modelos trabalhassem em qualquer situação. Sendo assim, não teve direito ao descanso para se recuperar. Ela presenciou casos em que as meninas tinham o dinheiro da comida cortado se ficassem acima do peso -o que as levava a desenvolver bulimia.

“As pessoas pensam que é se tornar modelo que tudo vai funcionar como mágica. Mas não. É preciso muito esforço e jogo de cintura. A estrada é longa e é necessário muito trabalho”, explica.

Da China, a jovem conquistou a Índia, Sri Lanka, Indonésia e Tailândia, onde vive atualmente. Em Bangkok, capital do país, ela mora sozinha e não tem mais contrato com agência, o que permite que tenha mais oportunidades. Já são três anos fora do Brasil, colecionando sonhos e convivendo com a saudade. Mas ela não pretende voltar tão cedo. Apesar de tudo que já realizou, seu maior sonho é conseguir comprar uma casa e dar condições melhores de vida para a mãe e o irmão, que continuam em São Gonçalo.

“Morro de saudades, mas tento não pensar muito. Sempre que eu penso no meu irmão e na minha mãe, eu choro”, desabafa Noliany.

A mãe, Nany Araújo, sente muito orgulho da filha e, apesar de sentir saudades, está feliz com tudo que vem conquistando. “Quero que ela conquiste o mundo. Por tudo que já passou, pela pessoa que se tornou. Às vezes nem a reconheço. Minha filha saiu do Brasil menina e se tornou uma mulher que me ajuda, me dá conselhos… Ela é meu orgulho”, diz.

Sucesso como 1ª plus size na China

Outra modelo da região que despontou e atualmente faz sucesso na Ásia é Caroline Patrão,  de 22 anos, nascida e criada em Niterói.

Com uma infância tranquila, Carol morava com os pais e o irmão e sempre foi muito estudiosa. Desde pequena, ela sonhava em ser modelo ou atriz, mas como nunca foi magra, não atendia ao padrão de magreza imposto pelo mercado. Com isso, desistiu do sonho e se dedicou aos estudos. Em 2016, quando cursava o 4º ano de Engenharia de Produção, recebeu um convite pelo Facebook e, a partir de então, sua vida mudou.

Mesmo sem nunca ter modelado no Brasil, Caroline foi convidada para trabalhar na China e iniciar o segmento plus size no país. Segundo ela, a adaptação na Ásia não foi fácil, mas a experiência faz com que tudo valha a pena.

“Aqui é tudo completamente diferente, eu nunca tinha passado tanto tempo longe da minha família, e isso é bastante complicado. Depois vem a cultura, o estilo de vida, que é tudo o oposto do Brasil, mas a experiência de ser uma modelo internacional é maravilhosa”, conta Caroline. 

Há 4 meses na China, Caroline já realizou mais de 50 trabalhos. E, hoje, trabalha para as maiores plataformas do mundo. 

“A gente tem que ter fé e tem que correr atrás do que queremos, não podemos pensar nas dificuldades como um todo. Temos que dar o passo inicial. É preciso arriscar, acreditar em si e no que você é capaz. Devemos aproveitar todas as oportunidades que aparecem para realizar nossos sonhos”, conta Caroline. 

Região é celeiro para o mercado

O SÃO GONÇALO acompanha há algum tempo modelos da região que ganham destaque no mercado internacional. Em junho deste ano, contamos a história de Laís Velame.

A modelo gonçalense, de 20 anos, acaba de retornar ao Brasil, após quatro meses seguindo carreira internacional na China.  A jovem que era estudante de Nutrição na UNIVERSO, também cruzou o mundo para realizar seu sonho.

Mas, como precursora do sucesso de Caroline Patrão, Laís e Noliany, está Sandra Passos.

Aos 29 anos, Sandra é uma modelo internacional, que já desfilou em passarelas importantes do mundo e tornou-se referência de beleza na China.

Nascida e criada em São Gonçalo, teve uma infância pobre e chegou, inclusive, a ser catadora no antigo Lixão da Praia da Luz.

Hoje, ela está frente de um projeto que seleciona jovens talentos nas cidades de São Gonçalo e Niterói, para embarcarem em temporadas internacionais e construírem carreiras de sucesso.

Com seu exemplo e engajada entre as adolescentes da região, Sandra vem se transformando numa 'fada madrinha' de meninas que buscam a realização de seus sonhos.

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