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Véu, grinalda e mãos à obra

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 09 de abril de 2017 - 12:12
 Alycia e Patrick, ambos de 21 anos, produzem e vendem bolos de potes há quatro meses, no Centro e em Alcântara, São Gonçalo
Alycia e Patrick, ambos de 21 anos, produzem e vendem bolos de potes há quatro meses, no Centro e em Alcântara, São Gonçalo -

Por Matheus Merlim

O casamento foi criado ainda no primeiro milênio do calendário cristão. Embora já estejamos no ano de 2017, a mesma sociedade que passou pela ideologia do sexo livre com a propagação da cultura hippie nos anos 70, ainda hoje conserva a prática do matrimônio. Para se ter uma ideia desse crescente, basta analisar os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre os registros civis. Em 2015, foram celebrados 1.137.321 casamentos civis no Brasil, 2,8% a mais que em 2014. O que difere os costumes sociais de hoje e os de antigamente é que agora os noivos precisam colocar a “mão na massa” se quiserem uma boa festa de casamento.Os dotes familiares estão sendo deixados de lado e têm dado vez à criatividade, desde a produção e venda de bolos de pote até abrir um “food bike” de hambúrguer artesanal.

Ela é maquiadora. Ele, ex-organizador de festas. Para alcançar o sonho de estudar e conseguir se casar, ela precisou deixar os pincéis de lado e ele, a timidez. Há pouco mais de quatro meses, os gonçalenses Patrick Nascimento e Alycia Goulart, ambos de 21 anos, decidiram sair às ruas de São Gonçalo e Alcântara com um isopor no braço vendendo bolos de pote.

Uma história que começou na fila de um “fast-food”, não poderia dar margem para que a criatividade não acabasse na cozinha, não é mesmo? E foi quando ele ficou desempregado e os trabalhos com maquiagem foram ficando escassos que eles precisaram se reinventar. “Eu trabalhava no shopping com vendas e vi que algumas pessoas vendiam doces nas lojas. E, eu sempre gostei muito de cozinha e ouvi muitos elogios da minha comida. Deitei um dia na cama, fiquei pensando e tive a ideia de fazer bolos de chocolate, que não eram muito vendidos na rua. Falei com Patrick e começamos já no dia seguinte”, explica Alycia. Moradora de Nova Cidade, a maquiadora fez o primeiro teste de vendas pelo próprio bairro. A aceitação foi tão boa que, na mesma semana, aumentaram a quantidade de bolos e foram para o centro de São Gonçalo vender. “As pessoas experimentavam, davam a primeira garfada e elogiavam. Isso incentivou muito que a gente continuasse vendendo”, afirma Patrick, morador do Porto Novo, que pretende começar um tecnólogo em Segurança Pública.

Hoje, a rotina do casal se divide basicamente entre a cozinha e rua, de terça a sexta, sendo segunda o único dia que eles tiram de folga. Com o sucesso, com cerca de 40 vendas por dia, passaram a intitular a empreitada de “Bolo Para Casar”. “Quando a gente se viu sem dinheiro e querendo investir em cursos e no casamento, teve que improvisar. Tem dia que a gente fica exausto, mas fazemos os bolos mesmo assim com muito carinho”, conta Alycia.

Noivos produzem hambúrgueres em horas vagas para juntar as escovas de dente

Dar um passo a mais na relação é o sonho também do casal de Niterói, o personal trainer Guilherme Prado, de 29 anos, e a publicitária Danielle Mourão, 28. Juntos há oito anos, além de dividir a rotina, eles agora compartilham o tempo livre em um “Food Bike” de hambúrgueres artesanais, que expõem em feiras gastronômicas por toda a região.

De acordo com Guilherme, a gastronomia sempre foi uma paixão, mas a ideia da empreitada surgiu no ano passado. Antes disso, além dos trabalhos como educador físico, ele tentou ter uma marca de camisas, por exemplo, mas não foi à frente. “Quando noivamos, tínhamos a meta de casar em 2016, mesmo ano da Olimpíada. Mas foi chegando perto, e o nosso orçamento ainda não dava. Então, surgiu a ideia da bicicleta gourmet e decidimos ir fundo”, conta Guilherme.

A construção do “food bike” foi toda artesanal também. Junto com o pai, Guilherme montou a carroceria e participou do primeiro evento, no ano passado. O nome da iniciativa não poderia ser mais criativo do que “HamburGui”, inventado pela publicitária. “Pensamos no nome, e a Dani veio com essa ideia, que remete a Hambúrguer do Guilherme. Eu fico na chapa, montando os hambúrgueres e ela fica no caixa, administrando as vendas”, explica o morador do Fonseca, em Niterói. Para ganhar um pouco mais de tempo para encher o “caixa”, o casal decidiu remarcar a data do casamento para abril de 2018. “Já definimos a data, agora vai”, disse Guilherme.

Para conhecer mais do trabalho do casal, basta acessar a página oficial da iniciativa no Facebook: www.facebook.com/hamburguifoodbike.

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