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De São Gonçalo para o mundo

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 08 de janeiro de 2017 - 14:43
O jovem Victor Quintanilha se encontrou na sétima arte
O jovem Victor Quintanilha se encontrou na sétima arte -

Por Rennan Rebello

“Eu fui errando por ai e me encontrei”. Essa simples frase, dita pelo jovem Victor Quintanilha, de 26 anos, resume sua trajetória pessoal, que antes de trabalhar profissionalmente no ramo cinematográfico, tentou trilhar outros caminhos. No início da adolescência, ele viveu uma pressão social onde se viu obrigado a escolher uma profissão ao concluir o ensino médio, e a opção pela sétima arte acabou sendo obra do acaso.

“Sou crítico a esse sistema brasileiro que nos obriga a escolher uma carreira muito cedo. Entrei na universidade com 17 anos e sequer sabia o que queria da vida. Na época do vestibular, costumo dizer que atirei para todos os lados. No início, queria ser músico, estudei piano e bateria, mas não consegui passar. Porém, quando ingressei na faculdade de Cinema, percebi que era aquilo que eu queria fazer”, disse o cineasta. Já na graduação, a paixão pela música acabou fazendo Victor optar pela especialização em áudio. No entanto, devido à escassez de cursos de qualificação na área no país, e com pouco recurso financeiro, a Escola Internacional de Cinema de Cuba se tornou um objetivo. “Optei por essa escola, por ser uma das melhores do mundo e a melhor da América Latina, que tem parceria com o Ministério da Cultura do Brasil, com convênio de bolsas de estudos para alunos brasileiros. Fui para lá em 2012 e a experiência foi incrível, porque me acrescentou muito como pessoa. Foi como um rito de passagem para a vida adulta”, afirmou. A experiência, segundo ele, foi inesquecível. “A gente pensa em cinema, 24 horas e depois das aulas de som, eletrônica e eletroacústica, por exemplo, eu ia beber cerveja com diretores e com o pessoal de produção e interagia com pessoas de outros departamentos, esse processo me tornou um profissional mais amplo” afirmou.

Além dos conhecimentos técnicos aprendidos durante sua estadia na escola de cinema, Victor, conheceu uma costarriquenha, os dois se apaixonaram e namoraram durante três anos, em meados de 2016, o namoro acabou e Victor resolveu voltar as raízes e acabou regressando ao Brasil. Atualmente, está residindo em Marambaia, bairro onde foi criado, e trabalha como editor de som e supervisor de dublagem em um estúdio no Rio.

Apesar de considerar a capital cubana de Havana, ele ainda acha São Gonçalo a sua primeira casa, onde pretende realizar projetos e compartilhar seu conhecimento com produtores da Região Metropolitana.

Mesmo estando contente por está trabalhando, ter reencontrado familiares e amigos, Victor pretende retornar a Cuba para trabalhar na Escola de Cinema por ambição profissional e gratidão. “É comum os alunos, depois de formados, trabalharem na instituição. Quero muito voltar e lecionar, já cheguei a trabalhar como monitor, estou ansioso por um novo convite. Eu tenho uma excelente formação por causa da escola e quero retribuir. Sinto falta da vida que tinha e da qualidade de vida. Aqui, o ritmo é mais acelerado e falta tempo para fazer as coisas”, enfatizou. Victor já tem um curta produzido intitulado como “Condição”, que foi exibido no “Festival do Rio”, em 2012 e pretende rodar um longa-metragem na cidade onde nasceu. O roteiro será baseado em uma história real que aconteceu em Alcântara. “Eu tenho uma ideia em mente mas ainda estou amadurecendo sobre uma a trama que se passa no final dos anos 90, na virada do milênio, onde envolve dois adolescentes, um fã de rock pesado e jogos de RPG, já o outro é oriundo de uma família chinesa que tem uma pastelaria, o que é muito comum na região. Mas um dos jovens se suicida e acaba influenciado o outro. Quero mostrar fatores desse mundo, que é capaz de gerar suicidas em potenciais. Mas ainda não estou preparado para produzir esse filme, mesmo se eu tivesse dinheiro agora, quero trabalhar com calma e até antes dos meus 30 anos, espero solidificar esse projeto”, pontua Victor.

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